Artigo do Padre José do Vale: As lições de Jonestown (o suicídio de 918 pessoas)


15.02.2012 - Esse texto tem tudo haver com a nossa era pós-moderna tomada pelo crescimento das Seitas e do fundamentalismo religioso. O medo, a crise, o conflito, a boçalidade, profecias apocalípticas e o esquema montado para ganhar muito dinheiro em cima do terror do fim do mundo. 21/12/2012 é data para o palco dessa enganação pelos farsantes visionários e de toda forma de oportunistas.
        O pastor americano Jim Jones (1931-1978), fundador da Seita Templo do Povo em 1954 nos Estados Unidos, no dia 18 de novembro de 1978, em Jonestown, na Guiana, levou ao suicídio 918 pessoas e ele foi junto.
     Porque as pessoas acreditaram no “Templo do Povo?”.
     Por que as pessoas se filiaram a uma organização como o “Templo do Povo” e por que elas permaneceram nesse Culto?
     Dos milhares de cultos dos Estados Unidos poucos são tão violentos quanto o da Guiana em seus últimos dias, mas muitos deles compartilham características comuns. Cientistas sociais que têm estudado estes grupos concordam que a maioria dos membros destes cultos está envolvida em algum tipo de conflito emocional antes de se filiarem.
     Diz a Drª. Margaret Thaler Singer, psicóloga em Berkeley: “Cerca de 1/3 são pessoas psicologicamente angustiadas”. Os demais são pessoas relativamente comuns, mas em período de depressão e melancolia, sem planos nem direção. “Tais pessoas são vulneráveis às técnicas bem elaboradas de recrutamento de grupo”. Estas técnicas geralmente envolvem demonstração de calorosa afeição ou “bombardeio de amor”, como disse um psicanalista. Uma vez que o iniciante (recruta) começa a freqüentar as reuniões do grupo, ele fica sujeito às diversas atividades e disciplinas do grupo, que o esgotam, tanto física quanto emocionalmente, produzindo uma espécie de êxtase (transe).
     Rompidas as relações com a família e amigos, o “recruta” é iniciado na doutrina do culto. Solitário, deprimido, medroso e desorientado, irá experimentar o que equivale a uma conversão religiosa. Na realidade é uma mudança forçada de personalidade.
     A partir deste ponto, a vida do “cultista” se desenvolve por si própria. A personalidade muda dos complexos padrões da normalidade para aqueles de repetição automática do que fora ensinado. Os problemas genéricos da vida foram substituídos por uma existência ingênua, na qual o culto e seus líderes buscam todas as regras e respostas. O psicanalista alemão Erich Fromm, no seu clássico tratado sobre a ascensão do Nazismo, chamou a este processo “fuga da liberdade”.
     “Muitos dos membros têm pouco ou nenhum valor interior”, diz o Dr. Stefan Pasternack, professor clínico de psiquiatria na Escola de Medicina da Universidade de Georgetown. Eles têm desejo de ser parte de alguma coisa significativa. Filiando-se a tais cultos eles regridem e relaxam seu juízo pessoal até o ponto em que são suplantados pelo sentimento geralmente primitivo do grupo. Com um líder pervertido, estes sentimentos primitivos são intensificados e se tornam piores. Os membros adquirem total identidade com o líder e com o processo de sua perversão.
     Exatamente como os membros do culto, renunciam a si mesmos em favor do grupo, o líder também assume inteiramente a identidade de seus seguidores.
     Tanto líder quanto seguidores, portanto, vêem uma opressiva necessidade de manter o grupo vivo e intacto. Os desertores são freqüentemente punidos severamente. A fidelidade é proclamada sob o argumento de que o mundo do lado de fora é mau e ameaçador. Retornar à vida normal, isto é, ser “desprogramado”, torna-se cada vez mais difícil, às vezes terrível.
     A mais grave ameaça imaginável a tal tipo de grupo são as pessoas que tentam “retirar” membros da “família”, diz o psicólogo David Wellish. A missão do deputado Leo Ryan à Guiana pode ter sido justamente esta ameaça, a faísca que causou a tragédia.
     Como o comportamento de Jones tornava-se cada vez mais paranóico, a repentina visita do parlamentar e da imprensa apenas iria precipitar o desastre. “Seguindo aquele tipo de fragmentação, havia apenas uma saída, diz o Dr. Stanley Cath, um psiquiatra de Boston”. “Eles poderiam retornar ao mundo da realidade, mas teriam de enfrentar suas próprias deficiências; o mundo que eles tinham rejeitado as famílias que eles haviam abandonado”. Assim, para eles, a morte era preferível, porque esta já lhes fora proclamada como “bênção”. (Revista TIME, 04/12/1978).    
     “Há aqueles que querem encontrar com urgência alguém a quem possam entregar o mais rápido quanto possível, aquele dom de liberdade com o qual nasceram.” FIODOR DOSTOIÉVSKI (1821-1881) (OS IRMÃOS KARAMAZOV).
       Viver o verdadeiro sentido da vida e a feliz liberdade só em Jesus Cristo. Seguir o Senhor Jesus é conhecer o Projeto do Reino de Deus e os ensinamentos da sua Igreja: Una, Santa, Católica e Apostólica. Jamais seguir líderes de cultos, seitas e outros movimentos religiosos. A sagrada doutrina católica é fonte de libertação e salvação, porque Cristo é o fundamento.


Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja na América Latina
Instituto de Teologia Bento XVI e na
Escola de Formação de Resende
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: [email protected]

www.rainhamaria.com.br

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