Seca histórica muda paisagens no RN e faz sertanejo querer ir embora


20.09.2015 -

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A mais longa estiagem dos últimos 100 anos no Rio Grande do Norte está mudando hábitos e transformando paisagens interior a dentro. Reservatórios secaram, cachoeiras desapareceram e o verde da vegetação ganhou tons de cinza. O solo rachou, animais morreram, plantações foram dizimadas. Os prejuízos, somente no ano passado, somam R$ 3,8 bilhões. E o sertanejo, que sofre com escassez, agarra-se à fé. As previsões para o ano que vem não são boas. Um reservatório com obras atrasadas e a transposição do rio São Francisco, que sequer tem data para chegar ao território potiguar, são as soluções apontadas pelos governantes.

Dos 167 municípios do estado, 153 estão em estado de emergência pela falta de chuvas. Destes, 122 são abastecidos por caminhões-pipa. Em onze cidades, que se encontram em colapso no abastecimento, o fornecimento de água está comprometido e a Compahia de Águas e Esgotos (Caern) suspendeu a cobrança das faturas. A maior barragem do estado, a Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, já atingiu o volume mais baixo de sua história. Nas regiões afetadas tem gente que só pensa em ir embora.

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Para ver de perto os efeitos da seca, equipes do G1 e da Inter TV Cabugi percorreram aproximadamente 1.400 quilômetros. Durante cinco dias foram visitadas 19 cidades nas regiões Seridó e Oeste do estado. Em Acari, Antônio Martins, Carnaúba dos Dantas, Currais Novos, João Dias, Luís Gomes, Paraná, Pilões, Riacho de Santana, São Miguel e Tenente Ananias o colapso no abastecimento faz os moradores dormirem mal, angustiados com a escassez. E é preciso levantar cedo para enfrentar as filas em busca de alguma água. Já em Apodi, Caicó, Itajá, Jucurutu, Lucrécia, Parelhas, Pau dos Ferros e São Rafael, é o nível baixo das barragens que preocupa.

As respostas para o homem do campo são ruins não apenas quanto à possibilidade de uma mudança no clima, mas também em razão das soluções apresentadas pelos governos federal e estadual. A construção da barragem de Oiticica, apontada como salvação para meio milhão de sertanejos, segue a passos lentos.

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O reservatório, que está sendo construído na cidade de Jucurutu, na região Seridó, terá capacidade para 500 milhões de metros cúbicos de água e será responsável pelo abastecimento de pelo menos 17 cidades. A obra foi iniciada em 2013 e deveria ter sido entregue em junho deste ano. Segundo a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, a expectativa agora é que o serviço seja concluído até o final de dezembro de 2016. E isso se a crise financeira não retardar ainda mais o trabalho.

Já a tão aguardada transposição do rio São Francisco, que de acordo com o Ministério da Integração Nacional (MI) também beneficiará os potiguares, sequer tem data para chegar ao estado. O MI explica que as águas do Velho Chico virão até o RN de duas maneiras. Uma delas é com a perenização do rio Piranhas/Açu. Significa que as águas do rio, que nasce na Serra do Piancó, na Paraíba, devem ser represadas pela barragem de Oiticica antes que elas desemboquem na barragem Armando Ribeiro Gonçalves.

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A outra forma de a água chegar ao estado será com a construção um sistema denominado Ramal Apodi, uma etapa da obra que faz parte do chamado Eixo Norte da transposição. Por este ramal, as águas deverão correr por canais, túneis, aquedutos e barragens, totalizando 115,5 quilômetros de extensão. Para isso, ainda de acordo com o ministério, estima-se que 857 propriedades terão que ser relocadas ou os donos indenizados em treze municípios da Paraíba, Ceará e no próprio Rio Grande do Norte.

Em solo potiguar, a transposição afetará famílias em Luís Gomes, Major Sales e José da Penha, por onde o ramal passará até chegar ao açude público de Pau dos Ferros, de onde as águas partirão até Angicos, já na região Central do estado. Ao final do percurso, 44 municípios devem ser beneficiados. O MI afirma que todo o Eixo Norte tem investimento orçado em R$ 5,25 bilhões e que já trabalha na elaboração do edital de licitação para que os serviços no Rio Grande do Norte tenham início. Só não disse quando.

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Em Luís Gomes, cidade potiguar que faz divisa com a Paraíba, muitos moradores já foram procurados. José Vandilson Nunes da Silva tem 39 anos. Agricultor, ele disse que no ano passado técnicos do Ministério da Integração Nacional o contrataram para fazer a demarcação do terreno por onde o Ramal Apodi vai passar. Ao mostrar as estacas fincadas no chão, ele contou que recebeu a informação que pelas terras que ele possui, uma área de 2 hectares e meio, receberá algo em torno de R$ 40 mil.

O agricultor também mostrou o prédio de um posto de saúde que estava sendo construído na região, e que teve as obras interrompidas porque fica no caminho do ramal. “Pararam a obra na hora. Ia continuar pra quê? Pra depois ter que derrubar tudo?”, ressaltou.

Vontade de ir embora

Silvano Soares Santos é servente de pedreiro, mas está desempregado. A mulher dele, Daiane Ferreira, vive de uma aposentadoria que recebe do INSS por ter epilepsia. O casal mora em Caicó, na região Seridó potiguar, uma das que mais sente a estiagem. Se não voltar a chover até o final do ano, Silvano e Daiane prometem ir embora para Brasília.

“Minha mãe, que é de Brasília, morava aqui com a gente. Ela não aguentou essa seca e voltou pra lá. É isso o que nós vamos fazer também se o tempo não melhorar. Lá em Brasília meu marido tem mais chances de conseguir um trabalho”, disse a mulher. Silvano concorda. “Viver com um salário mínimo é muito difícil. E ter que gastar com água é pior ainda. Temos três filhos pequenos, de 6, 8 e 11 anos. Aqui é muito sofrimento para eles”, acrescentou.

Fonte: G1

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Nota de www.rainhamaria.com.br 

Diz na Sagrada Escritura:

"Clamo a vós, Senhor, porque o fogo devorou a erva do deserto, a chama queimou todas as árvores do campo; os próprios animais selvagens suspiram por vós, porque as correntes das águas secaram, e o fogo devorou a erva do deserto". (Joel 1, 19-20)

"Haverá algum homem sábio que possa compreender essas coisas? A quem as revelou o Senhor a fim de que as explique? Por que perdeu-se essa terra, queimada como o deserto, por onde ninguém mais passa?" (Jeremias 9, 11)

"Muito tempo guardei o silêncio, permaneci mudo e me contive. Mas agora grito, como mulher nas dores do parto; minha respiração se precipita. Vou devastar montanhas e colinas, secar toda a vegetação, transformar os cursos de água em terras áridas, e fazer secar os tanques". (Isaias 42)

"O quarto derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com o fogo.  E os homens foram queimados por grande calor, e amaldiçoaram o nome de Deus, que pode desencadear esses flagelos; e não quiseram arrepender-se e dar-lhe glória". (Apocalipse 16, 8 -9)

"Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz". (Apocalipse 12, 2)

 

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