Santo Atanásio, Bispo e Doutor da Igreja: Se o mundo for contra a Verdade, então Atanásio será contra o mundo


02.05.2016 - Hora desta Atualização - 08h07

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"Não devemos perder de vista a Tradição, a Doutrina e a Fé da Igreja Católica, tal como o Senhor ensinou, tal como os Apóstolos pregaram e os Santos Padres transmitiram. De fato, a Tradição constitui o alicerce da Igreja, e todo aquele que dela se afasta deixa de ser Cristão e não merece mais usar este nome. Mesmo que os católicos fiéis à Tradição estejam reduzidos a um punhado, são eles que são a verdadeira Igreja de Jesus Cristo".  Santo Atanásio.

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Santo Atanásio: Pedra de tropeço para os neo-católicos

Hoje é o dia em que tradicionalmente celebramos a memória de Santo Atanásio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja. Embora ele tenha vivido aproximadamente há 1.700 anos, o exemplo de Santo Atanásio é muito relevante para os católicos de nossos dias.

Santo Atanásio viveu em uma época de grave crise para a Igreja; uma época em que a grande maioria dos clérigos e fiéis seguia o ensinamento estranho de Ário, contrário ao ensinamento da Tradição.

Era uma época em que os bispos e presbíteros “em plena Comunhão” com a Igreja Católica – de nenhum modo suspensos ou censurados – dirigiam as dioceses e paróquias católicas. Eles ensinavam e pregavam o arianismo a partir de suas sés e púlpitos. Os católicos fiéis à Tradição, guiados por Santo Atanásio, eram repetidamente expulsos e exilados das igrejas “oficiais” por esses homens, e eram repreendidos como cismáticos desobedientes.

O papa da época, Libério, não tomou qualquer medida eficaz para livrar a Igreja dessa novidade doutrinal ou de seus adeptos. O mundo secular nessa época favorecia o arianismo, incluindo a autoridade temporal, e condená-lo seria uma atitude impopular. Sob pressão do Imperador, o Papa Libério não apenas excomungou Santo Atanásio, mas também assinou um “credo” ambíguo, permitindo que o ensinamento estranho ganhasse um ar de credibilidade na medida em que não o excluiu ou condenou de maneira específica.

Essas ações trágicas do Papa Libério são tão perturbadoras para os neo-católicos que alguns de seus apologistas tentaram até mesmo alegar que elas nunca existiram. Todavia, inúmeras fontes católicas dignas de crédito confirmam que os atos são fato histórico, incluindo a obra Vidas dos Santos de Butler e o Cardeal John Henry Newman.

Outros apologistas neo-católicos recorrem ao engano e à invenção para assimilar o evento em seu próprio paradigma. Eles tentam transformar Santo Atanásio em um herói neo-católico, imputando a ele e a todos os católicos dos anos 300 o conhecimento que temos hoje em dia de que o arianismo é claramente herético e que todo apoio que lhe for dado é claramente errôneo. Porém, essa não foi de modo algum a situação à época de Santo Atanásio.

Santo Atanásio e os leigos católicos nessa época estavam rodeados por todos os lados da autoridade temporal e eclesiástica, que os pressionava a “obedecer” a um ensinamento estranho, o qual tinha todos os sinais externos de aprovação por parte do elemento humano da Igreja Católica. Ironicamente, se os fiéis daquela época tivessem ouvido o conselho dos neo-católicos de hoje em dia, eles teriam se apresentado obedientemente a sua paróquia dirigida por arianos, e se submetido totalmente ao bispo ariano. Além disso, eles não teriam tido nada a ver com o bispo “rebelde”, excomungado e “cismático” chamado Atanásio.

A única coisa que Santo Atanásio e esses fiéis tiveram que dizer a essas pessoas, cujos sentidos estavam equivocados, foi a Fé Tradicional que a Igreja havia lhes transmitido dos Apóstolos.

Nesse contexto, podemos ver a coragem e a convicção verdadeiras que esses homens e mulheres tiveram que tomar para serem ridicularizados, caluniados, exilados e humilhados por aqueles na “Igreja oficial” e ainda assim permanecerem inabaláveis naquilo que sabiam ser verdadeiro.

Somente muitos anos depois ficou comprovado que esses bravos católicos estavam certos e foram justificados pela Igreja. Para a grande maioria, a justificação veio muito tempo após a sua morte. Assim, dizer hoje em dia que o caminho que esses fiéis escolheram nos anos 300 era “óbvio” ou que eles estavam claramente do lado da “Igreja oficial” naquela época é uma desonra tanto para a sua coragem quanto para a sua fé.

Expulsos de suas próprias paróquias, tendo sido chamados de cismáticos, hereges e desobedientes, alguns dos fiéis começaram a perder o ânimo, a se desesperar e até mesmo a duvidar se estavam no caminho certo. O grande Santo Atanásio ofereceu as seguintes palavras de encorajamento a esses fiéis, que permanecem verdadeiras hoje em dia, da mesma forma que eram naquela época:

"Que Deus vos conforte. Sei ainda que isso não apenas vos entristece, mas também o fato de que enquanto outras pessoas obtiveram as igrejas através da violência, nesse ínterim vós fostes expulsos de vossos lugares. Eles possuem os edifícios, mas vós a Fé Apostólica. É bem verdade que eles estão nas igrejas, mas fora da verdadeira Fé; enquanto vós estais fora dos edifícios, sem dúvida, mas a Fé está dentro de vós. Consideremos o que é maior, o edifício ou a Fé. Claramente a Fé verdadeira. Quem então perdeu mais, ou quem possui mais? Aquele que detém o edifício ou aquele que detém a Fé? Sem dúvida o ll edifício é bom, se a Fé Apostólica é pregada lá, ele é santo se o Santo habita lá. (Após um pouco:) Porém, benditos são aqueles que pela fé estão na Igreja, habitam sobre os fundamentos da Fé e têm plena satisfação, mesmo o grau mais elevado da fé, que entre vós permanece inabalável. Porque ela lhes chegou da tradição Apostólica, e frequentemente a execrável inveja desejou destruí-la, mas não foi capaz. Pelo contrário, eles é que se alijaram [da Fé] ao tentar destruí-la. Por isso é que foi escrito, “’Vós sois o Filho do Deus vivo’, Pedro confessou isso por revelação do Pai, e ouviu, ‘Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus’.” Portanto, ninguém jamais prevalecerá contra a vossa Fé, meus queridíssimos irmãos. Porque se algum dia Deus vos devolver as igrejas (e pensamos que Ele o fará) ainda sem essa restauração das igrejas a Fé nos basta. E, falando sem as Escrituras, devo falar com muita veemência, é bom trazê-los para o testemunho das Escrituras, lembrem-se de que o Templo sem dúvida estava em Jerusalém; o Templo não estava deserto, forasteiros o invadiram, daí também o Templo estando em Jerusalém, aqueles exilados desceram para a Babilônia por decisão de Deus, que os estava provando, ou melhor, corrigindo; enquanto lhes manifestava em sua ignorância punição [através] de inimigos sanguinários. E os forasteiros sem dúvida tinham a posse do Templo, mas não conheciam o senhor do Templo, ao passo que Ele não respondeu nem falou; eles foram abandonados pela verdade. Que proveito então eles tiraram do Templo?

Pois vejam que aqueles que detêm o Templo são acusados por os que amam a Deus de torná-lo um covil de ladrões, e por transformar loucamente o Lugar Santo em uma casa de comércio e uma casa de negócios judiciais para si mesmos, a quem era ilegal adentrá-lo. Amados, são essas coisas e outras piores ainda que ouvirmos daqueles que vieram de lá. Entretanto, realmente, eles parecem possuir a igreja, mas estão fora dela. E eles se julgam dentro da verdade, mas estão exilados e cativos, e não obtêm vantagem da igreja somente. Porque a verdade das coisas é julgada".

Santo Atanásio de Alexandria

- (Coll. Selecta SS.Eccl.Patrum, Caillau and Guillou Vol. 32, pp. 411-412)

Link para a tradução: http://www.ccel.org/ccel/schaff/npnf204.xxv.iii.iii.xxiv.html

Michael Davies sobre Santo Atanásio: : http://www.sspxasia.com/Documents/Archbishop-Lefebvre/Apologia/Vol_one/Appendix_I.htm

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