Santo Afonso de Ligório: Os dez leprosos e o pecado da ingratidão


15.08.2016 - Hora desta Atualização - 12h43

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“Não se achou quem voltasse e viesse dar glória a Deus, senão só este estrangeiro” (Luc. 17, 18).

Para curar os leprosos de que fala o Evangelho, Jesus apenas fez uso de um ato da sua vontade, e todavia desagrada-Lhe tanto a sua ingratidão, que não se conteve de os censurar. Quanto mais não Lhe deverá, portanto, desagradar a ingratidão de tantos cristãos, visto que, para os curar da lepra do pecado, desceu do céu à terra e derramou todo o seu preciosíssimo sangue!… Se no passado também temos sido ingratos para com o Senhor, sejamos-lhe agradecidos ao menos de hoje em diante, lembrando-nos de que a gratidão é uma fonte de novos benefícios!

I. O pecado de ingratidão é um monstro tão hediondo, que desagrada também aos homens, os quais, tendo feito algum beneficio que não é retribuído ao menos pela gratidão, sentem uma mágoa mais insuportável do que qualquer outro sofrimento corporal. — Quanto mais, porém, este monstro desagrada a Deus, bem o demonstra o Evangelho de hoje.

Refere São Lucas que “entrando Jesus em uma aldeia, saíram-Lhe ao encontro dez leprosos, que pararam ao longe e levantaram a voz dizendo: Jesus, Mestre, compadece-te de nós. E Jesus, logo que os viu, disse: Ide, mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos. Mas um deles, quando se viu limpo, voltou atrás, engrandecendo a Deus em alta voz; e prostrou-se por terra aos pés de Jesus, dando-Lhe graças; e este era um Samaritano. E Jesus disse: Porventura não foram dez os curados? Onde estão os outros nove? Não se achou quem voltasse e viesse dar glória a Deus, senão só este estrangeiro”.

Meu irmão, façamos aqui uma consideração: para curar os dez leprosos Jesus Cristo fez apenas uso de um ato de sua vontade, e todavia a ingratidão daqueles homens desagradou-Lhe a ponto de não a querer deixar passar sem censura. Quanto mais não lhe deverá, pois, desagradar a ingratidão de tantos cristãos, visto que, para os limpar da lepra do pecado, quis Jesus aniquilar-se a si mesmo, tomando a forma de escravo (1); quis ser obediente até a morte de cruz (2); quis, enfim, derramar o seu preciosíssimo sangue até à última gota. Lavit nos in sanguine suo (3) — “Ele nos lavou em seu sangue”. — Saibamos que, conforme a revelação feita à Venerável Águeda da Cruz, a previsão de tão monstruosa ingratidão começou a atormentar nosso Senhor desde o seio de Maria e que o acompanhou durante a sua vida toda até ao último suspiro.

II. Se a ingratidão é um vício tão abominável e tão odioso a Jesus Cristo, a gratidão é, ao contrário, uma virtude extremamente agradável ao seu divino Coração. Pelo que escreveu Santo Agostinho: “Não podemos pensar, dizer nem escrever coisa melhor e mais agradável a Deus do que estas palavras: Deo gratias! — Graças a Deus!” O mesmo disse São João Crisóstomo, que acrescenta que “não há guarda melhor dos benefícios recebidos, do que o lembrar-se deles e agradecê-los. Não há coisa mais agradável a Deus do que uma alma grata; porque pelos inúmeros benefícios de que Deus nos cumula todos os dias, não nos pede outra coisa, senão que lhas agradeçamos.”

Mais: a gratidão nos abre os canais da divina misericórdia, para recebermos sempre novos e maiores dons. — Afiança-nos isso o Evangelho de hoje; porque o leproso que voltou para dar graças a Jesus Cristo, além da saúde do corpo, recebeu também a da alma, visto que, conforme explicam os intérpretes, foi então iluminado acerca da divindade de Jesus e feito em seguida seu discípulo e propagador da religião de Cristo, realizando muitos milagres em seu nome; Lides tua te salvum fecit (4) — “Tua fé te salvou”.

Longe, portanto, de imitarmos os nove leprosos ingratos, imitemos antes o Samaritano agradecido. Voltemos atrás, com nosso pensamento, para enumerar os benefícios recebidos de Deus e considerando a ingratidão com que lhes havemos correspondido, prostremo-nos a seus pés, enaltecendo-O em alta voz, rendendo-Lhe graças, e peçamos-lhe humildemente perdão.

Ó meu Redentor amabilíssimo, graças Vos dou e quereria morrer de dor ao pensar que Vos ofendi tanto, a Vós que sois a bondade infinita, que me enriquecestes de tantos dons e chegastes a fazer de vosso sangue um banho salutar para me limpar da lepra nojenta do pecado. Meu amor, perdoai-me, vinde tomar posse do meu coração e nunca mais Vos afasteis dele. Amo-Vos, e cada vez que disso me lembrar, prometo fazer atos de amor para compensar as minhas ingratidões para convosco. Ajudai-me para que Vos seja fiel. “Aumentai sempre em mim a fé, esperança e caridade, e fazei que ame o que mandais, para que mereça alcançar o que prometeis”. (5) † Doce Coração de Maria, sêde minha salvação.

Phil. 2, 7.
2. Phil. 2, 8.
3. Apoc. 1, 5.
4. Marc. 10, 52.
5. Or. Dom. curr.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso

Fonte: http://catolicosribeiraopreto.com

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Lembrando o artigo publicado em 21.06.2015

Padre Divino Antônio Lopes: O ingrato possui a memória curta, esquece em um segundo todo o bem que lhe foi feito e trata com desprezo o seu melhor benfeitor.

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Diz na Sagrada Escritura:

"Se o ultraje viesse de um inimigo, eu o teria suportado; se a agressão partisse de quem me odeia, dele me esconderia. Mas eras tu, meu companheiro, meu íntimo amigo, com quem me entretinha em doces conversas; com quem, por entre a multidão, íamos à casa de Deus". (Salmos 54, 13-15)

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Existe um veneno chamado ingratidão. E quem nunca passou pela dor da ingratidão?

Quem nunca experimentou o veneno da ingratidão? O coração do ingrato não tem memória, ele esquece muito rápido de toda ajuda recebida. Não é verdade?

Quantas vezes somos surpreendidos, por pessoas e amigos que ajudamos, mas depois, infelizmente não valorizam a nossa amizade,  muito menos lembram do BEM, que de coração fizemos a eles, não é mesmo?

Mas Jesus também foi alvo da INGRATIDÃO. E não somente da INGRATIDÃO, mas do desprezo, da traição e do abandono por aqueles que Ele tanto ajudou.

A seguir...

Pensamentos escritos pelo Padre Divino Antônio Lopes. Você aprenderá o quanto a pessoa ingrata possui o coração fechado para Deus. (os orgulhosos, falsos humildes e ingratos, podem enganar aos homens, mas não a Deus)

"O ingrato possui o coração fechado com o lacre da insensibilidade".

A pessoa ingrata não segue a Jesus Cristo, Deus de amor e generosidade; mas sim, segue a Judas Iscariotes... homem insensível, orgulhoso, calculista e duro de coração.

A ingratidão é tão horrível que o próprio Jesus Cristo não guardou silêncio diante dela: “Não ficaram limpos os dez? Então, onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus, a não ser este estrangeiro?” (Lc 17, 17-18).

O ingrato não olha para o céu para não ser “forçado” a reconhecer a generosidade do próximo.

Dificilmente uma pessoa olha com indiferença para a ingratidão.

A ingratidão é o pior dos “punhais”.

A ingratidão abre uma ferida tão profunda e dolorosa num coração amigo, que só o amor de Deus pode cicatrizá-la.

Somente no Coração de Jesus uma alma encontra consolo depois de ser “apunhalada” pelo “punhal” da ingratidão.

A ingratidão é a marca registrada dos prepotentes.

O ingrato possui a “memória curta”... “curtíssima”... “esquece” em um segundo todo o bem que lhe foi feito e trata com desprezo e azedume o seu melhor benfeitor.

No inferno deve existir um “lugar” especial para o ingrato... ser o “tapete” de Satanás.

A ingratidão é um cancro que “devora” furiosamente a alma do ingrato, deixando-o prostrado no vazio e na inquietação.

O ingrato não sabe agradecer nem reconhecer o bem que lhe foi feito, porque vive “empanzinado” pelo verme da ingratidão.

A pessoa ingrata é mestra na falta de educação.

O ingrato possui um coração gélido.

O ingrato possui boas maneiras de momento... enquanto busca satisfazer o seu próprio desejo.

O grato agradece com o coração, enquanto que o ingrato sussurra um, quase obrigado, com os lábios semi-abertos.

A ingratidão possui um “sabor” amargo... nem todo o açúcar do mundo é capaz de adocicá-lo.

A nossa vida deve ser um hino de gratidão... gratidão a Deus, aos amigos e inimigos. Não deixemos que a ingratidão aninhe em nosso coração.

A convivência com os ingratos é uma das maiores penitências aqui nesse mundo.

Um coração ingrato não pode ser feliz... ele não sabe amar nem agradecer.

Não deixemos que as pessoas ingratas nos atinjam com as setas da ingratidão; pelo contrário, rezemos por elas e perseveremos na prática do bem: “...se amais os que vos amam, que recompensa mereceis?” (Mt 5, 46).

É grande estupidez deixar de realizar boas obras por causa da ingratidão dos homens: “Quanto a vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem” (2 Ts 3, 13).

A ingratidão é um “chicote” cortante que dilacera os fracos e abala os fortes.

Diante de uma pequena contrariedade, o ingrato esquece de todo o bem recebido e declara guerra implacável ao seu benfeitor.

O ingrato não sabe agradecer... acha que tudo o que recebe não passa de um direito.

Exige, com o seu “colar” de orgulho, que todos se prostrem diante de seu coração espinhoso.

A ingratidão é própria das pessoas que possuem um coração mesquinho... pequeno... pequeníssimo... minúsculo. O ingrato expulsa o Deus Eterno de sua alma para adorar a “deusa” ingratidão.

É preciso um “mar” de amor e um “oceano” de paciência para conviver amigavelmente com o ingrato.

A ingratidão é um “alimento” tão intragável, que os próprios ingratos não o suportam... não conseguem “comer” no mesmo prato.

Por Padre Divino Antônio Lopes

Fonte: www.filhosdapaixao.org.br/escritos/colecoes/livros/a_ingratidao.htm

 


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