Arquidiocese de Niterói: A respeito do gesto de bater palmas na Santa Missa


Adicionado ao  www.rainhamaria.com.br  em 09.09.2010 -

NOTA DE ESCLARECIMENTO A RESPEITO DO GESTO DE BATER PALMAS NA SANTA MISSA

Considerando que o gesto de bater palmas na Missa tornou-se em vários lugares exagerado, gerando desconforto, perplexidade e ainda não poucas dificuldades para propiciar um clima de recolhimento como deve ser o da Celebração Eucarística.

Preocupados com versões alarmantes e distorcidas de que este gesto teria sido proibido, já pelo Papa ou pelo Arcebispo; oferecemos as seguintes pontualizações para a reflexão:

1) Não se trata de proibir mas de restringir o uso do gesto das palmas na Missa, uma vez que elas não são reconhecidas como um sinal litúrgicos pelo ritual e também não se compatibilizam com a natureza sacrifical da Missa, que como sabemos é renovação incruenta da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, memorial da nossa salvação.

2) O Papa Bento XVI, na Carta Apostólica Sacramentum Caritatis, expõe com muita clareza a dinâmica da espiritualidade eucarística em três momentos: acreditar, celebrar, vivenciar. Por isso os gestos devem expressar o que acreditamos, celebrar a nossa fé seguindo o critério Lex orandi, Lex credendi.

Determinamos as seguintes orientações:

• Que o uso de bater palmas fique reduzido aos momentos de louvor da Santa Missa: o Glória e o Santo.

• Que no tempo da Quaresma fique totalmente supresso o gesto de bater palmas.

• Que as equipes de liturgia possam refletir e ajudem o Povo de Deus a entender estas orientações, facilitando a sua observância.

Lembrando que a Santa Missa é patrimônio espiritual de todos a serviço da Glória de Deus e santificação das pessoas, suplicamos as bênçãos de Deus para todas as Comunidades Arquidiocesanas.

Niterói, 09 de setembro de 2010

+Dom Frei Alano Maria Pena, OP

Arcebispo Metropolitano de Niterói

Dom Roberto Francisco Ferrería Paz

Bispo Auxiliar de Niterói

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A Palavra de Dom Roberto.   (grifos nossos)

Primeiramente porque não existe o gesto litúrgico de bater palmas, a única referência que a CNBB autoriza como facultativo é no rito de ordenação depois de ser aceito o candidato, que como podemos apreciar não é um contexto celebrativo.

Porque não se adequa a teologia da Missa que conforme a Carta Apostólica Domenica Caena de João Paulo II do 24/02/1980, exige respeito a sacralidade e sacrificialidade do mistério eucarístico: “0 mistério eucarístico disjunto da própria natureza sacrifical e sacramental deixa simplesmente de ser tal”. Superando as visões secularistas que reduzem a eucaristia a uma ceia fraterna ou uma festa profana. Nossa Senhora e São João ao pé da cruz no Calvário, certamente não estavam batendo palmas.

Porque bater palmas é um gesto que dispersa e distrai das finalidades da missa gerando um clima emocional que faz passar a assembléia de povo sacerdotal orante a massa de torcedores, inviabilizando o recolhimento interior.

Porque o gesto de bater palmas olvida e esquece duas importantes observações do então Cardeal Joseph Raztinger sobre os desvios da Iiturgia : “A liturgia não é um show, um espetáculo que necessite de diretores geniais e de atores de talento. A liturgia não vive de surpresas simpáticas, de invenções cativantes, mas de repetições solenes. Não deve exprimir a atualidade e o seu efêmero, mas o mistério do Sagrado. Muitos pensaram e disseram que a Iiturgia deve ser feita por toda comunidade para ser realmente sua. É um modo de ver que levou a avaliar o seu sucesso em termos de eficácia espetacular, de entretenimento. Desse modo, porém , terminou por dispersar o propium litúrgico que não deriva daquilo que nós fazemos, mas, do fato que acontece. Algo que nós todos juntos não podemos, de modo algum, fazer. Na liturgia age uma força, um poder que nem mesmo a Igreja inteira pode atribuir-se : o que nela se manifesta e o absolutamente Outro que, através da comunidade chega até nós. Isto é, surgiu a impressão de que só haveria uma participação ativa onde houvesse uma atividade externa verificável : discursos, palavras, cantos, homilias, leituras, apertos de mão .... Mas ficou no esquecimento que o Concílio inclui na actuosa participatio também o silêncio, que permite uma participação realmente profunda, pessoal, possibilitando a escuta interior da Palavra do Senhor. Ora desse silêncio , em certos ritos, não sobrou nenhum vestígio".

Finalmente porque sendo a Iiturgia um Bem de todos, temos o direito a encontrarmos a Deus nela, o direito a uma celebração harmoniosa, equilibrada e sóbria que nos revele a beleza eterna do Deus Santo, superando tentativas de reduzi-Ia a banalidade e a mediocridade de eventos de auditório.

+ Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo Auxiliar de Niterói

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Nota de  www.rainhamaria.com.br

Artigo de Everth Queiroz Oliveira: A Missa não é um show

01.09.2009 - Na Santa Missa do 22º domingo do Tempo Comum, que foi realizada na Paróquia Nossa Senhora das Vitórias, aqui em Santa Vitória-MG, o Padre Fernando tratou de deixar claro que “a Santa Missa não é um show”. Infelizmente o nosso povo vem se esquecendo dessa santa exortação e tentando incorporar à liturgia da Santa Missa aspectos totalmente incomuns ao espírito do bom senso e da integridade. E é preciso ficar claro que a missa é um ato solene, que deve ser celebrado com a maior seriedade possível, com risco de incorrer em falta grave aqueles que, em um ato de extrema banalização do rito, vão à missa com a maior falta de pudor buscando aquele maligno prurido de novidades, que destrói a tradição da Igreja.

E quando falamos que a Santa Missa não é um show, queremos lembrar não somente da forma como ela é celebrada, mas também da maneira que comparecemos à igreja para encontrar a Jesus Cristo. Muitos, talvez por não conhecerem a grande beleza que se encerra na Sagrada Liturgia, vão à Missa como se ela fosse um evento social ou um simples acontecimento festivo. Não é assim, não! Quando vamos a uma igreja, em primeiro lugar, devemos saber que estamos indo a um lugar sagrado, ou seja, que repele todo tipo de impureza e sensualidade. Mas as pessoas se esquecem disso e comparecem à casa de Deus como se fossem a um desfile de moda. Usam os maiores decotes, estampam as partes íntimas do corpo; outras, com a maior falta de vergonha, ainda andam dentro da igreja como se estivessem numa praça ou em um lugar público qualquer.

E a Santa Missa, meu Deus! Não existe nada mais sagrado nesse mundo do que o ato da Santa Missa, que é o momento em que comungamos o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se faz presença real no Santíssimo Sacramento da Eucaristia! Quando vamos assistir a uma Missa, a primeira coisa que temos que ter em mente é: Eu vou ao encontro de Jesus. Não importa se estou indo com minha companheira ou meu companheiro, com meu esposo, ou com minha esposa. Estou lá para agradar a Deus. E é impossível agradar a Deus vestindo certo tipo de roupa. Por quê? Primeiro porque o nosso corpo, diz São Paulo, é templo do Espírito Santo (cf. 1 Cor 6, 19). Então, é preciso que ele seja fonte de graça. Ora, como um corpo onde é visível o esboço da sensualidade pode ser fonte de graça? A mulher ou o homem que se veste buscando destacar em seu corpo as marcas da sensualidade é fonte de pecado e contaminação. E aí estamos jogando pérolas aos porcos, fazendo daquilo que é sagrado – templo do Espírito Santo – algo profano.

“[O] impuro peca contra o seu próprio corpo” (1 Cor 6, 18), diz São Paulo. Queremos ser impuros e pecar contra os nossos corpos, ameaçando a castidade dos que estão à nossa volta? Ora, que saibamos que “[o]s que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus” (Rm 8, 8). E acaso queremos contristar o Espírito Santo, com o qual fomos selados desde o nosso batismo para que pudéssemos ser sinais da graça de Deus? Ou queremos agradar aos homens? “É, porventura, o favor dos homens que eu procuro, ou o de Deus? Por acaso tenho interesse em agradar aos homens? Se quisesse ainda agradar aos homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1,10). Aquele – saiba – que quer agradar aos homens não pode ser servo de Cristo, e, portanto, não pode se salvar.

E infelizmente aqueles que banalizam a Santa Liturgia não seguindo os preceitos que a sã doutrina da Igreja propõe estão banalizando o Sacrifício de Jesus Cristo na Cruz. Esses são aqueles mesmos que crucificaram e zombaram de Cristo: “[C]uspiam nele” (Mc 15,19). Não se contentam em desagradar-Lhe com seus pecados, o desprezam crucificando-O novamente.

Precisamos cuidar para não tratar a Santa Missa como um mero evento social ou um simples banquete, pois – ensina a reta doutrina da Madre Igreja – “[a] Missa é, ao mesmo tempo e inseparavelmente, o memorial sacrificial em que se perpetua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão do corpo e sangue do Senhor” (Ecclesia de Eucharistia, 12). “A Santa Missa não é um show”, lembrou bem nosso querido pároco. Que Nossa Senhora nos ajude a lembrar disso e que o Sacrifício de Seu Santo Filho na cruz seja mais honrado e seja dignamente celebrado.

Graça e paz.

Fonte: http://beinbetter.wordpress.com


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