Artigo de Otto Maria Carpeaux: A lição de uma Santa


09.12.2011 -

Santa Teresa de Ávila

Há alguns anos um dos meus amigos entrou numa livraria católica e pediu um livro sobre Santa Teresa. A jovem que o atendeu trouxe um monte de livros sobre Santa Teresinha do Menino Jesus. – “Mas não, eu queria alguma coisa sobre a grande Santa Teresa de Ávila!” A jovem levantou os ombros e respondeu: - “Sinto muito, mas a grande Santa Teresa já não é moderna.”

Sem dúvida, a “grande” Santa Teresa teria rido desta anedota; a visionária tinha, como verdadeira castelhana, o humor superior da sua raça e a inteligência prática. A invasão do “moderno” nas regiões da eternidade, sintoma tão grave aos nossos olhos, teria sido para a santa um novo impulso de atividade. São os santos que transforma o mundo.

Nada mais interessante que observar as coisas que são tomadas a sério pelos nossos contemporâneos, se eles são ainda capazes de levar alguma coisa verdadeiramente a sério. Achar-se-á que os idealistas e os espiritualista mais sublimes se apavoram em face das crises econômicas, das revoluções sociais e das batalhas militares, como se isso tivesse alguma importância. Ah! como o materialismo venceu até os seus inimigos mais rebeldes! Quanto a mim, estou convencido que os santos são o verdadeiro sinal dos tempos, muito mais importantes que a distribuição das forças diplomáticas e econômicas ou as novíssimas invenções da técnica militar. Todos esses que hoje se agitam tumultuosamente estarão mortos em breve, e nós juntamente com eles. A morte carnal, a decomposição, à qual – maravilhosas lendas da antiguidade cristã! – a carne dos santos resiste. Somente, é preciso saber o que é um santo.

Os santos não são acessórios de crenças passadas nem figuras de gesso inexpressivas. O santo é um homem que possui a graça de levar o mundo mais a sério do que ele merece; tão a sério que o seu caminho para o céu passa precisamente por este mundo. Levar o mundo a sério é a lição dos santos. Os santos não são infalíveis; mas são resolutos. Não vacilam entre um puerilismo ingênuo e a adoração do poder. Não são modernos; representam o eterno. Sabem que a espada do espírito é mais cortante que a espada de aço. Quem não acreditar estará perdido. Quem acreditar será salvo. É a lição da grande Santa Teresa.

Teresa de Cepeda y Ahumada é filha de um grande da Espanha, filha da cidade castelhana de Ávila, cujas muralhas ciclópicas pareciam construídas para a eternidade; Unamuno celebrou-as como símbolo da imortalidade. Alimentada tanto pelo espírito aventureiro dos romances de cavalaria – chegando mesmo a escrever um deles – como pelo espírito exaltado da Flos Sanctorum, das lendas dos santos, e também desejosa de tornar-se santa, Teresa escolhe o caminho da aventura religiosa. Prepara-se para as cruzadas e para os martírios, abandonando o século e entrando para o convento do Carmo. Estamos antes da reforma do Concílio de Trento. Parece que aí, no convento, se levava a sério o mundo. As religiosas nos seus parlatórios gozavam de um liberdade que a severidade castelhana proibia às mulheres do século. A vida nos conventos é uma verdadeira “comodia de capa y espada”, com as suas serenatas e os seus duelos. O barulho das armas na Itália e em Flandres ecoava no parlatório, bem como o tilintar do ouro das Índias. “A súbita mudança de alimentação e de hábitos me fez cair doente.” -  escrevia a religiosa a seu pai. Ela estava mais doente do que imaginava. Caiu em letargias que duraram dias e dias. Mas a morte passa. Teresa volta ao mundo. A leitura das Confissões de Santo Agostinho ensina-lhe o valor único da alma humana.  O destino do mundo não depende das guerras de religiões nem das guerras de conquistas. É na alma humana que os destinos do mundo se decidem. Iluminada por essa sabedoria, Teresa apavora-se com as palavras evangélicas que ouviu durante a missa: “Vigilate itaque, quia nescitis diem neque horam.” – “Velai, pois não sabeis nem o dia nem a hora.” É o fim da parábola das virgens sábias e das virgens loucas, das virgens sábias que preparam as lâmpadas para as núpcias, e das virgens loucas que esquecem o óleo, e as lâmpadas apagaram-se, e caiu a noite, e o noivo celeste não as reconheceu; é o evangelho que se reza hoje em dia durante a missa em honra a Santa Teresa. Teresa está resolvida a não pertencer mais ao número das virgens loucas. Quer reformar a Ordem. Prontamente a virgem sábia foi considerada louca. Teresa cai em êxtases: vê o céu aberto, o anjo do Senhor fere-lhe o coração com a flecha do amor. Processaram-na, prenderam-na. Ela, porém, não se deixa domar. Essa visionária extática reúne em si a imaginação de Dom Quixote e a inteligência prática de Sancho Pança, e mais ainda: o humor superior e o gênio literário do criador dessas personagens imortais. Com a coragem do cavaleiro andante ela percorre toda a Espanha – que viagens pitorescas e picarescas! – para fundar os trinta e dois conventos das Carmelitas descalças. Resiste ao rei Filipe II e a seus inquisidores, ao núncio apostólico e aos bispos, aos superiores, que a torturam cruelmente. Reclusa em Toledo, escreveu as obras místicas que a consagraram a primeira prosadora da literatura espanhola; escreveu inúmeras cartas aos grandes do mundo e às religiosas dos seus conventos, cartas cheias de coragem indomável, cheias de conselhos práticos, cheias de um humor surpreendente e de uma sabedoria superior. Ao morrer, em 1582, conseguia fazer o que o rei e o Grande Inquisidor não conseguiram: a Igreja na Espanha estava salva.

Santa Teresa tem o seu monumento. Bernini o esculpiu. Sobre um altar da igreja de Santa Maria della Vittoria, em Roma, vê-se a santa com os olhos fechados em êxtase, um sorriso encantador nos lábios; o anjo que lhe fere o coração com uma flecha de amor parece um Eros. É uma obra-prima da arte barroca; e compreende-se imediatamente a intenção genial do artista: Teresa era histérica.

Um católico profundamente crente como o barão Huegel declara: “Nunca houve um santo visionário que tivesse uma saúde nervosa normal.” (carta de 19 de novembro de 1898); e cita o livro do sábio balandista P. Hahn S.J. sobre Santa Teresa. Essa comprovação, que não é precipitada, coloca-nos diante de um problema sério, mais sério que a pretensa vizinhança entre o gênio e a loucura. Porque a histeria não é uma loucura. A histeria pode perfeitamente ser acompanhada do gênio, pois que ela não afeta a inteligência. Mas o gênio religioso? A histeria é uma doença do caráter.

É precisamente pelo caráter que se distingue o histérico egocentrista e orgulhoso do santo teocentrista e humilde. Para o histérico, o mundo é um joguete em volta do seu eu; o santo sacrificou o seu eu a Deus, e toma o mundo a sério. Para os “normais”, para os pequenos-burqueses de espírito, o mundo do histérico e o mundo do santo parecem igualmente quiméricos. A pedra de toque de distinção é a ação. O histérico, fechado dentro do seu eu, é incapaz de agir num mundo que ele mesmo criou e que não existe na realidade. O santo é histérico em todas as aparências do seu mundo à parte, que os outros não compreendem, mas esse mundo é superior ao nosso mundo. Um interessante estudo de Georg Sebastian Faber distingue entre o histérico, assunto da psicanálise, e o homem superior, assunto duma metapsicologia: ambos sofrem dum dissociação da consciência, o suksma do ioga hindu; nos histéricos e esquizofrênicos, a dissociação da consciência; a dissociação mental do homem superior provem da irrupção dum “supraconsciente”. A doença mental paralisa a consciência; o supraconsciente enche o espírito com uma nova força superior, com aquilo que Sócrates e Goethe designavam como “Demônio”; e é uma força de ação. A aparição de um santo é a invasão de nosso mundo pela eternidade. Por aí o santo é capaz de agir. Mais ainda: a sua santidade e a sua atividade são a mesma coisa e transformam o mundo. “Pelas suas obras vós os reconhecereis.” “Porque as suas obras os seguem.”

A obra de Santa Teresa! Ela é a maior figura da história eclesiástica barroca; é uma grande figura da literatura espanhola; é uma das almas mais seráficas que a terra já viu. Três atributos que pertencem ao passado. Que temos a ver com isso? Que interesse tem isso para nós?

A história literária de Santa Teresa ainda não está escrita. É preciso procurar os seus traços nos estudos esparsos de Carl Neumann, de Henri Bremond, de Manuel Bartolomé Cossio, de Max Wieser, estudos que já permitem a afirmação de que Santa Teresa é uma figura central da história é uma figura central da história do espírito europeu. Numa carta a Morell, de 16 de dezembro de 1696, o grande Leibniz escreveu: “Tendes razão em estimar as obras de Santa Teresa; os seus pensamentos fornecem reflexões filosóficas que já apliquei.” Todo conhecedor da posição central de Leibniz na história da filosofia moderna ficará impressionado. Por outro lado, Max Wieser provou que Santa Teresa criou toda a terminologia psicológica empregada pelo sentimentalismo do século XVIII e em seguida pelo romantismo. Dois fatos que justificam algumas explicações mais especializadas.

Santa Teresa é uma grande psicóloga. O seu Caminho de perfección é tão realista e tão eterno quanto as estradas de Castela. O seu Castillo interior tem as muralhas tão durraveis como as da fortaleza de Ávila que Unamuno cantou. Na história da psicologia moderna, Teresa ocupa precisamente o mesmo lugar que o Agostinho das Confissões na psicologia antiga. A Antiguidade não conheceu o valor da alma individual; depois do desmoronamento do mundo antigo, Agostinho encontra a sua alma sozinha com o Criador: a alma humana é realmente o que há de maior valor sobre a terra. Teresa foi despertada por Agostinho: ela viveu na época em que a Antiguidade ressuscitada pelo humanismo tinha feito esquecer o valor da alma humana. Se Teresa foi chamada a criadora de um humanismo cristão, foi porque acharam nas suas obras uma terminologia cujos efeitos eram incalculáveis sobre o espírito europeu: “Alma y Dios, Sóla con El Solo” – estas palavras significam exatamente o valor incomparável da alma humana, que, ela só, resiste perante Deus; “Alma hermosa” – essa expressão salva toda a beleza das coisas deste mundo para os espaços infinito do Castillo interior e dá um novo centro e nova direção a todas as atividades. No tempo em que os Conquistadores espanhóis descobriram os tesouros da Índia, Teresa descobriu os tesouros da alma. E isto sobreviveu àquilo.

Teresa teve na Espanha um público escolhido: foi lida pelo rei Filipe II e por Dom João d’Áustria, por Fray Luis de Leon e Cervantes. Cossio demonstrou que as influências de Santa Teresa operaram a transformação do pintor grego Theotokopouli em El Greco de Toledo. Ora, a língua espanhola era então a língua universal. Teresa foi lida em Nápoles, em Flandres e entre os prisioneiros de guerra em Argélia. Foi lida pelos últimos católicos da Inglaterra, onde o grande poeta barroco Richard Crashaw lhe dedicou o seu Hymn to the name and honour of the advirable Saint Teresa, e até mesmo no Peru. Sobretudo, Teresa inspirou a devoção do santo bispo Francisco de Sales.

Até à admirável História literária do sentimento religioso em França (especialmente vols. I-III), do abade Henri Bremond, não tínhamos ainda conhecido a grande “primavera espiritual” francesa do barroco, que se inspira no “humanismo devoto” de Francisco de Sales. Depois, o bispo Pierre Camus, e o carmelita P. Philippe Thibaut, bem como o terceiro volume de Bremond, nos apresentam o cardeal Berulle, fundador da Congregação do Oratório, e o seu discípulo Olier, fundador do seminário de St. Sulpice. Daí é que surgiram o abade de Saint-Cyran e Pascal, e tudo quanto tem valor na mística de Port-Royal: “A alma só perante Deus”. Sabe-se que toda a literatura francesa até os nossos dias está impregnada de polêmicas jansenistas e antijansenistas que se inspiram, por igual, em Santa Teresa. O mais belo poema religioso da língua francesa, En attendant la mort, de François Maynard, fixa uma atitude teresiana de alma nestas palavras: “Dans le désert sous l’ombre de la Croix.” Mas aqui o que mais nos preocupa é o grande oratoriano Nicolas Malebranche, cuja filosofia “ocasionalista” é a fórmula filosófica do “Sola con El Solo”. Malebranche transmitirá este pensamento a Leibniz, cuja “monada”, a alma isolada, é o germe do idealismo alemão. Mas Unamuno achou a “monâda” no “só cristão” de KierKegaard, e Car Schmitt achará o ocasionalismo em toda a filosofia do romantismo. É ainda Bremond que persegue a linha “quietista” do P. Lallemant e da religiosa Marie de L’Incarnation (C’est vraiment notre Thérèse.”), até Fénelon e os místicos da Renânia, entre os quais Pierre Poiret é o “pai do pietismo literário” (Max Wieser), o criador da expressão alemã “Schoene Seele” (“alma hermosa”): expressão que dominará o sentimentalismo do século XVIII e reaparecerá em Goethe, em Novalis e no romantismo. Aí ele encontrará o ramo inglês do pensamento teresiano – pois o espírito inglês deu mostras duma estranha afinidade com o espírito da santa – ramo que provém dos anglo-católicos e dos platônicos de Cambrige, movimento que vence com Shaftesbury, o pai espiritual do classicismo de Veimar e do neo-classicismo inglês do século XIX. O sentimentalismo e o romantismo têm a sua fonte comum nas Confissões de Rousseau, que leu o seu Agostinho pelos olhos de Teresa. Deixemos Unamuno prosseguir esta linha de Sénancour, Chateaubriand, Leopardi, Vigny, Amiel, até Quental. Onde reaparece a substância cristã do pensamento teresiano. Paulo Tillich pôde prosseguir este pensamento até às polêmicas idealistas, humanitárias, do jovem Marx. Sem dúvida o pensamento teresiano era o Castillo interior da alma humana contra todos os ataques da violência barroca, do racionalismo do século XVIII e do materialismo do século XIX. O que há neste mundo, ainda, presentemente, de verdadeiro “personalismo”, é devido a esta notável e estranha oposição do humanismo cristão. Em plena Inglaterra vitoriana, o oratoriano Cardeal Newman, transmite a psicologia teresiana a Conventry Patmore, poeta do Unknown Eros, em que o último platônico inglês, o grande romancista Charles Morgan, se inspirou, e cujo ensaio sobre Singleness of Mind representa a voz da última resitência.

Santa Teresa conquistou um mundo; conquistou-o, porém, contra o mundo. O mundo de Santa Teresa é a Espanha barroca: um mundo rude. A própria Teresa o descreveu no seu Libro de Fundaciones: a frieza impassível do rei, a astúcia dos ministros, a imbecilidade dos bispos, a grosseria dos generais e a covardia dos burgueses; a única figura luminosa é o Grande Inquisidor Quiroga, que El Greco pintou sobre mulas miseráveis, aos ventos do inverno de Castela e ao sol escaldante da Andaluzia, as noites nos albergues, que nós conhecemos em Dom Quixote, entre fidalgos que têm ar de ladrões e ladrões que têm ar de fidalgos. É um tempo de ferro e sangue, como o nosso tempo. Em toda parte do mundo os espanhóis batem-se como heróis e destroem como selvagens. É precisamente dessa Espanha desumana que a voz mais humana proclama o valor incomparável de toda alma.

Esta voz venceu o barulho insensato de uma época.  A alma está com Ele, “Sola con El Solo”, e ela será mais forte. Esta mulher, corajosa contra todos os poderes temporais e espirituais do mundo, é bem a filha de gerações de senhores feudais espanhóis, altivos e livres nos seus castelos: os estranhos avós do mais sublime fenômeno dos nossos dias, do liberalismo espanhol moderno. O pensamento de Santa Teresa é a sublimação religiosa da liberdade espanhola, a sua alma é o castelo duma liberdade superior. Superior aos poderes políticos, militares, econômicos, reais, eclesiásticos e burgueses da sua época. Os tesouros das duas Índias amontoam-se sobre o cais de Sevilha, onde todo o poder do mundo está reunido para levar os seus idólatras sobre os caminhos do diabo. Teresa, solitária na sua cela de Toledo, segue, como Richard Crashaw a cantou, “with White steps the way of ligh”. Amontoa os tesouros da alma, “the sacred flams of thousand souls”. Aos demônios da violência opõe o seu firme “Todo nada”. “Dios solo” – dizia ela, olhando os alicerces gigantescos do Escurial. Hoje o castelo dos reis de Espanha não é mais que uma lembrança, “todo nada”, e o palácio vazio fica encoberto pelos arcos do Castillo interior, o céu castelhano de “Dios solo”.

Teresa fez história. A história não se faz com armas e tesouros; a história não é o teatro dos generais e dos diplomatas. A verdadeira história passa despercebida, tranqüilamente, no centro da alma humana. Ela finalmente é a mais forte. É a nossa fé.

Essa fé, é preciso defini-la? O pensamento de Santa Teresa operou os seus efeitos fora da Igreja, e a definição dessa fé consiste consiste essencialmente em estabelecer fronteiras. Deus não é o “Deus dos mais fortes exércitos”, o que so muito bem na boca dos incrédulos, e o puerilismo contemporâneo, mesmo o devoto, não resistirá, porque é incapaz de levar a sério o mundo. Mas a fé de Santa Teresa é bem capaz disso; a fé que acha uma ordem superior e um sentido no mundo e na sua história. A lição da santa é que as muralhas do Castillo interior são eternas, como as muralhas de Ávila não o são. O que, bem compreendido, não é uma consolação, mas sim uma esperança. O último “teresiano”, Charles Morgan, exprimiu-o no Essay on Singleness of Mind com o qual prefaciou o seu drama O rio fascinante: “Muitos homens se deixam convencer pelo desepero de não haver remédio contra a violência do mundo presente, exceto a fuga ou destruição. Mas há outro remédio, que está ao alcance de qualquer, da mãe, do sábio, do marinheiro, do camponês, dos jovens e dos velhos. O remédio é esta concentração do espírito ativo, que o pensamento humano conservou através de tantas tiranias, e que o preserva ainda. Essa concentração espiritual a que Jesus chamou a pureza do coração, e que é o gênio do amor, da ciência e da fé. Assemelha-se a um rio faiscante, indomável e inflexível como o zelo dos santos. Chamam aos santos de fanáticos, e realmente eles não permitem que ninguém os desvie dos seus objetivos. Mas é no caos da política que através deles chegamos à ventura e ao milagre: - de ser um homem.”

Fonte: http://alexbenedictus-et-patensis.blogspot.com/2011/12/licao-de-uma-santa.html

Enviado por Alex Borges  -  www.rainhamaria.com.br


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