Maria Valtorta, mística italiana, que teve revelações de Jesus: Parábola da Sabedoria


16.06.2015 - Nota de www.rainhamaria.com.br

A Igreja Católica define de forma muito clara (CIC 65, 66) que a revelação pública, oficial, está concluída e é a que vemos nos livros canônicos da Bíblia. Corresponde à fé cristã compreender gradualmente seu conteúdo.

Isso não impede que haja revelações privadas (CIC 67), que não melhoram nem completam a Revelação definitiva de Cristo, mas sim podem ajudar a vivê-la mais plenamente em uma determinada época histórica. Ou seja, pode haver livros inspirados, mas não canônicos.

O especialista François Michel Debroise nos dá uma informação muito completa sobre o tema.

Maria Valtorta, mística italiana falecida em 1961, foi um exemplo de alma extraordinária com vida extraordinária. Foi uma das 18 grandes místicas marianas. Aos 23 anos, um anarquista a espancou com uma barra de ferro, deixando-a com limitações físicas. Ficou 9 anos de cama. E uniu todas as suas dores à paixão de Jesus.

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Seu confessor, ao ver a grandeza dessa alma, pediu-lhe que escrevesse sua biografia. Tudo isso aconteceu em plena guerra mundial. Depois de escrever sua biografia, de 1943 a 1950, ela começou a receber uma série de visões, que transcreveu em 17 volumes, entre eles sua obra mais conhecida e polêmica: “O Evangelho como me foi revelado”. Em 4800 páginas, ela relata a vida de Cristo, dia a dia.

O Papa Paulo VI apoiou a leitura da obra de Maria Valtorta, assim como o Padre Pio. A Madre Teresa de Calcutá era uma leitora assídua dos seus escritos. A celebração dos 50 anos da morte de Maria Valtorta foi acompanhado por altas personalidades da Igreja.

Do ponto de vista histórico, os biblistas se surpreendem com como uma pessoa que não teve estudos possa ter um conhecimento tão detalhado.

O leitor desta narração fica preso, porque a obra o introduz nas cenas da vida de Jesus como um espectador presente. É uma narração extraordinária do ponto de vista teológico, histórico e científico. (Fonte: Aleteia)

 

PARÁBOLA DA SABEDORIA

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Maria Valtorta viu e ouviu o que se segue por um milagre de Deus.

Ouvi todos.

Porque o que serve para os pequenos, serve também para os homens.

Um dia um homem ouviu dizer que estava sendo chamado por um grande rei, o qual lhe disse: “Fiquei sabendo que tu és merecedor, porque és sábio e honras a tua cidade com o seu trabalho, e tua ciência. Pois bem. Eu não te darei isto ou aquilo, mas te levarei até o salão de muitos tesouros, e tu escolherás o que quiseres, e eu to darei. Desse modo eu também poderei julgar se tu és o que tua fama me diz de ti.”
E, ao mesmo tempo, o rei encostado ao terraço que estava ao redor do seu átrio, lançou um olhar sobre a praça que ficava diante do palácio real, e viu passar um meninozinho vestido com vestes muito pobres, certamente de alguma família muito pobre, talvez até órfão e mendigo. O rei virou-se para os seus servos e disse: “ Ide aquele menino e trazei-me aqui.”

E os servos foram, e voltaram com o menino, que tremia de medo ao ser levado á presença do rei. Por mais que os dignitários da corte lhe dissessem: “ Inclina-te, e saúda ao rei, dizendo: “Honra e glória a ti meu rei. Eu dobro o joelho diante de ti. Ó poderoso, que a terra exalta como um ser, que maior não pode haver.””, e o menino não queria inclinar-se, nem dizer aquelas palavras e os dignitários, contrariados, o sacudiram com violência e diziam: “Ó rei este menino é idiota e sujo, e é uma vergonha em tua morada. Deixa que nós o tiremos daqui, e o levemos para o meio da rua. Se desejas muito ter ao teu lado um menino, nós iremos procurá-lo entre os ricos da cidade se já estiveres cansado com os nossos, e o encontraremos para ti. Mas não este bobo, que não sabe nem saudar!”
O homem rico e sábio que antes se havia humilhado em muitas inclinações servis e profundas, como se estivesse diante do altar, disse: “ Os teus dignitários falaram bem. Pela majestade de tua casa deves impedir que deixe de ser prestada á tua sagrada pessoa a homenagem que se deve prestar”, e, ao dizer estas palavras, ainda prostrou-se para beijar o pé do rei.

Mas o rei disse: “Não. Eu quero este menino. E não só isso. Mas quero conduzi-lo, a ele mesmo, até o salão dos meus tesouros, para que ele escolha o que quiser, e eu lho darei. Porque não me será concedido, sendo eu o rei, que eu faça feliz uma pobre criança? Por acaso não é ele meu súbdito, como todos vós? Por acaso tem ele culpa de ser um infeliz? Não, viva Deus, que eu quero fazê-lo contente pelo menos uma vez! Vem cá, menino, e não fiques com medo de mim”, e lhe estendeu a mão, que o menino segurou com simplicidade, dando nela espontaneamente um beijo. O rei sorriu. E, pelo meio de duas filas de dignitários inclinados em homenagem ao rei, indo por sobre tapetes de púrpura e flores de ouro, ele se dirigiu para o salão dos tesouros, tendo á direita o homem rico e sábio, e á esquerda, o menino ignorante e pobre. E o manto do rei fazia um grande contraste com a roupinha esfarrapada e os pezinhos descalços do pobre menino.

Entraram No salão dos tesouros, do qual dois grandes da Corte haviam aberto a porta. Era um salão alto, redondo, sem janelas. Mas a luz entrava pelo teto, que era uma grande placa de mica. Havia lã dentro de uma luz mansa, mas que fazia brilhar as brochas de ouro dos cofres e as fitas purpurinas de muitos rótulos colocados sobre altos e adornados facistóis. Rótulos pomposos e de lombadas preciosas, portando um fecho e um sinal ornado com pedras reluzentes. Obras raras que somente um rei podia possuir. E abandonado sobre um facistol mais simples, escuro e baixo, estava um pequeno rolo, todo enrolado em um pauzinho branco, amarrado com um fio rústico, coberto de poeira, como coisa sem valor.
O rei disse, mostrando as paredes: “Eis: aí estão todos os tesouros da terra e outros maiores ainda do que os tesouros terrestres. Porque estão todas as obras filhas do engenho humano, e há ainda obras que são de fontes sobre-humanas. Ide, e apanhai o que quiserdes.” E foi colocar-se no centro do salão. Com os braços cruzados, observando.

O homem rico e sábio, dirigiu-se logo aos cofres, levantou as tampas deles, com uma ânsia cada vez mais febril, ouro em barras e em jóias, prata, pérolas, safiras, rubis, esmeraldas, opalas... O reluzir de todos os cofres, os gritos de admiração a cada um deles que era aberto...

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E depois dirigiu-se aos facistóis e, ao ler os títulos dos rótulos, novos grifos de admiração saiam de seus lábios, e, enfim, o homem, cheio de entusiasmo, virou-se para o rei e disse: “ Mas tu tens um tesouro incomparável, e as pedras igualam-se aos rótulos em valor, e os rótulos a elas. E posso eu escolher livremente?”
Eu já o disse. Como se tudo te pertencesse.
O homem se jogou com o rosto por terra dizendo: “ Eu te adoro, ó grande rei!” E levantou-se correndo primeiro para os cofres, depois para os facistóis, apanhando destes e daqueles o melhor que ele via.

O rei, que havia sorrido uma primeira vez por entre a barba, ao ver a febre com que o homem corria de um cofre ao outro, e na segunda vez, ao vê-lo jogar-se no chão para adorar, e que agora sorria pela terceira vez, vendo com que cupidez e com critério e preferência o homem escolhia as gemas e os livros, virou-se para o menino, que havia ficado a seu lado, e lhe disse: “E tu, não vais escolher belas pedras, ou rótulos de valor?
O menino balançou a cabeça, para dizer que não.
E por quê?
Porque quanto os rótulos, não os sei ler. E, quanto ás pedras, não conheço o valor delas. Para mim elas são imas pedrinhas, e nada mais.
Mas tu ficaria rico.
Não tenho pai, nem mãe, nem irmão. Para que me serviria ir para o meu refúgio com um tesouro no seio?
Mas poderias com ele comprar uma casa.
Eu moraria sempre sozinho.
Comprarias roupas.
Ficaria sempre com frio, pois falta o amor dos pais.
Comprarias alimentos.
Eu não poderia saciar-me com os beijos de minha mãe, nem comprá-los por preço nenhum.
Podias pagar a mestres e aprender a ler.
Isto é o que mais me agradaria. Mas, ler o que depois?
As obras dos poetas, dos filósofos, dos sábios, e as palavras antigas, as histórias dos povos. Coisas inúteis, vazias e passadas. Não vale a pena.

Que menino tolo!, exclamou o homem, que já estava com os braços carregados de rótulos, com a cintura e a túnica sobre o peito cheias de pedras preciosas.
O rei continuava a rir por entre sua barba. E, pegando o menino pelo braço, levou-o aos cofres e, mergulhando a mão pelo meio das pérolas, dos rubis, dos topázios e das ametistas, e fazendo-as cair como uma chuva reluzente, tentou fazer que o menino pegasse alguma delas.
Não ó rei, não quero disso. Eu gostaria de uma outra coisa.
O rei o levou aos facistóis e leu estrofes de poetas, episódios de heróis, descrições de lugares.
Oh! Ler é mais bonito. Mas não é isso que eu queria.
E que é afinal? Fala e eu te darei menino.
Oh! Não creio. Ó rei que tu o possas fazer, mesmo com todo o teu poder. Não é coisa daqui de baixo.
Ah! Queres obras que não sejam da terra! Então, aqui estão as obras ditadas por Deus aos seus servos. Escuta, e lhe leu algumas páginas inspiradas.
Isto é muito mais bonito. Mas para compreendê-lo, bem é necessário saber a linguagem de Deus. Não existe algum livro que ensine isso, que nos faça compreender quem é Deus?
O rei fez um gesto de espanto, e não se riu mais, mas apertou contra o seu coração o menino.

O homem, ao contrário, se riu, zombeteiro, dizendo: “ Nem os mais sábios sabem o que é Deus, e tu, menino ignorante queres sabê-lo? Se quiseres tornar-te rico com isso!...
O rei olhou muito sério para ele, e o menino respondeu-lhe: “ Eu não ando atrás de riquezas, o que eu procuro é amor, e um dia me disseram que Deus é Amor.
O rei o levou para perto do facistol simples, onde estava o pequeno rótulo atado com uma cordinha e coberto de poeira. Ele o apanhou, o desenrolou e leu nas primeiras linhas: “ Quem é pequeno, venha a Mim, e Eu, Deus lhe ensinarei a ciência do amor. Neste livro ela está, e Eu...

Oh! Isso é que eu quero! E conhecerei a Deus, e terei tudo se o tiver. Dá-me este rótulo, ó rei, e eu serei feliz.
Mas em dinheiro, ele não tem valor. Aquele menino é bobo. Ele não sabe ler, e quer um livro! Não é sábio, e não quer instruir-se. É um que não tem nada, e não nega os tesouros.
Eu me esforçarei para possuir o amor, e este livro me ensinará. Que tu sejas bendito, ó rei, pois me estás dando o modo de não sentir-me mais órfão e pobre.
Pelo menos adora-o, como eu fiz, se crês que te tornaste tão feliz por meio dele.
Eu não adoro o homem, mas a Deus, que o fez tão bom assim.
Este menino é um verdadeiro sábio em meu reino, ó homem, que usurpas a fama de sábio. Tu te tornaste embriagado pelo orgulho e pela avidez, até o ponto de pôr prática a adoração a criatura, em vez de oferecê-la ao Criador. E isso, porque a criatura te dava pedras e obras humanas. E ainda não pensastes que as pedras tu as tens, e que eu as tive, porque Deus as criou, e teus rótulos raros, onde estão os pensamentos do homem, porque Deus deu ao homem a inteligência. Este pequeno, que passa fome e frio, que está sozinho e que foi atacado por tantas dores, e que seria desculpado e desculpável, se se tornasse embriagado diante das riquezas, eis que o que ele faz é justamente dar graças a Deus, por ter feito bom o meu coração, e não procura outra coisa, senão a necessária: amar a Deus, conhecer o amor, para ter as verdadeiras riquezas aqui e no além. Homem, eu prometi que te teria dado aquilo que tivesses escolhido. Palavra de rei é sagrada. Vai pois, com as tuas pedras e os teus rótulos, são pedrinhas multicores e, palha do pensamento humano. E vai viver, tremendo por medo dos ladrões e das traças, os primeiros inimigos das pedras, e o segundo dos pergaminhos. E ofusca-te com os fátuos brilhos daquelas escamas, e desgosta-te com o dulçoroso sabor da ciência humana, que teve apenas sabor, mas que não alimenta. Vai, Este menino ficará ao meu lado, e juntos nos esforçaremos para lermos o livro que é amor, isto é, que é Deus. E não teremos esplendores fátuos de pedras frias, nem o dulçoroso sabor de palha das obras do saber humano. Mas os fogos do Espírito Eterno nos darão desde agora o êxtase do Paraíso, e possuiremos a sabedoria, que fortalece mais do que o vinho, e nutre mais do que o mel. Vem menino, ao qual a sabedoria mostrou o seu rosto, para que tu a desejasse como uma esposa verdadeira.

E tendo mandado embora o homem, tomou consigo o menino e, o instruiu na divina Sabedoria, para que se tornasse um justo e um rei digno da sagrada unção nesta terra e um cidadão do Reino de Deus depois desta vida.
Esta é a parábola prometida aos pequeninos e, proposta aos adultos.
(O Evangelho como me foi Revelado – Maria Valtorta, Vol 8, pgs 104,105,106,107,108,109)

Fonte: www.provasdaexistenciadedeus.blogspot.com.br  (do amigo Antonio Calciolari)

 

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