Santo Afonso de Ligório: Para todos os males há remédio; só para o condenado não. Morre-se uma vez, e, perdida a alma uma vez, está perdida para sempre


14.10.2015 -

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Qui poenas dabunt in interitu aeternas a facie Domini — “Os quais, longe da presença de Deus, sofrerão por castigo eterno a perdição (2 Thess. 1, 9).

Para todos os males há remédio; só para o condenado não. Morre-se uma vez, e, perdida a alma uma vez, está perdida para sempre e só lhe resta lamentar eternamente a sua perdição eterna, causada pela sua própria culpa. Avivemos, pois, a nossa fé, e lembrando-nos que nos caberá por sorte o céu ou o inferno, tomemos as providências apropriadas para nos assegurarmos a salvação eterna. Sejamos especialmente devotos à Santíssima Virgem e examinemos freqüentes vezes, se por ventura nos temos relaxado nesta devoção.

I. O negócio da salvação eterna é não somente o nosso negócio mais importante, o nosso negócio único; é, além disso, o nosso negócio irreparável. “Não há falta que se possa comparar à do descuido da salvação eterna”, diz Santo Euquério. Para todos os outros males há remédio. Perdidos os bens, podem-se adquirir outros; perdido o emprego, pode-se obtê-lo de novo; ainda no caso de se perder a vida, contanto que se salva a alma, está tudo reparado. Só o condenado não tem remédio. — Morre-se uma vez; e perdida a alma uma vez, está perdida para sempre: Periisse semel, aeternum est. Só lhe resta gemer eternamente no inferno com os outros infelizes insensatos. Ali o pesar maior que os atormenta é o pensar que para eles acabou o tempo de remediar seus males: Finita est aestas, et nos salvati non sumus (1) — “O estio findou-se e nós não fomos salvos”.

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Perguntai a esses sábios do mundo, que já estão mergulhados no abismo de fogo, perguntai-lhes que pensam hoje e se estão contentes por terem feito fortuna na terra, agora que estão condenados a uma prisão eterna. Ouvi o que respondem, gemendo: Ergo erravimus a via veritatis (2) — “Assim, nos desencaminhamos da estrada da verdade”. — Mas para que lhe serve reconhecerem o seu erro, já que não há mais remédio para a sua eterna condenação?

Qual não seria o pesar de um homem que, tendo podido com pequena despesa acudir ao desabamento de sua casa, a encontrasse um dia em ruínas e pensasse em sua negligência, quando não havia mais remédio? Muito maior é a pena que os réprobos sentem, pensando que perderam a alma e se condenaram por sua própria culpa.

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Perditio tua, Israel; tantummodo in me auxilium tum (3) — “A tua perdição, ó Israel, toda vem de ti; só em mim está o teu auxílio”. Ó céus! Qual não será o desespero de um cristão, no momento em que cair no inferno, quando, vendo-se encerrado nesse lugar de tormentos, refletir na sua desgraça e reconhecer que por toda a eternidade não haverá meio de a reparar! Assim, dirá ele, perdi a alma, o paraíso e Deus; perdi tudo para sempre; e como? Por minha própria culpa!

II. Cum metu et tremore vestram salutem operamini (4) — “Com temor e tremor empenhai-vos na obra da vossa salvação”. Meu irmão, avivemos a nossa fé, que tanto o inferno como o céu são eternos; lembremo-nos que um ou outro nos caberá por sorte. Este grande pensamento nos encherá de medo e nos fará evitar as ocasiões de ofendermos a Deus e empregar os meios necessários para alcançarmos a salvação.

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Quem não treme pelo temor de se perder, não se salvará. — Façamos sobretudo por adquirir uma devoção verdadeira para com a Santíssima Virgem e examinemos freqüentes vezes se porventura nos tenhamos relaxado neste ponto. Oh, quantos cristãos estão ardendo no inferno por terem deixado de honrar à grande Mãe de Deus!

Ah Senhor, como é possível que, sabendo que pelo pecado me condenava a uma eternidade de penas, Vos tenha ofendido tantas vezes e perdido a vossa graça? Sabendo que sois meu Redentor, morto na cruz para minha salvação, como pude voltar-Vos tantas vezes as costas por um desprezível prazer? Meu Senhor, pesa-me sobre todos os males de Vos ter assim ofendido e quisera morrer de dor. Agora amo-Vos sobre todas as coisas, de hoje em diante sereis o meu único bem, o meu único amor, e antes quero perder tudo, antes quero perder mil vezes a vida, do que perder a vossa amizade.

Rogo-Vos, meu Jesus, não me repilais de vossa presença, como bem merecia; tende piedade de um pecador que volta arrependido aos vossos pés e Vos quer amar muito, porque muito Vos ofendeu. Que seria de mim, se me tivésseis deixado morrer quando estava na vossa inimizade? Ó Senhor, já que tivestes tamanha piedade de mim, dai-me força para Vos ser sempre fiel e me santificar. Espero-o pelos vossos merecimentos. Espero-o também pela vossa intercessão, ó grande Mãe de Deus e minha Mãe, Maria. (*II 57.)

Ier. 8, 20.
2. Sap. 5, 6.
3. Os. 13, 9.
4. Phil. 2, 12.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III – Santo Afonso

Fonte: Dominus Est  -  imagens  www.rainhamaria.com.br

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