Santo Afonso de Ligório: Meu irmão, se Deus nos convida hoje para praticar o bem, pratiquemo-lo hoje. Pode ser que amanhã não haja mais tempo, ou que Deus não nos faça mais ouvir o convite


07.07.2016 - Hora desta Atualização - 08h17

Ante hominem vita et mors, bonum et malum; quod placuerit ei dabitur illi — «Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal; o que lhe agradar, isso lhe será dado» (Ecle. 15, 18).

n/d

Deus quer certamente que todos os homens se salvem, mas não à força. Por isso Deus põe diante de nós dois caminhos a seguir, deixando a escolha a cada um. Mas, como poderá chegar ao céu quem quiser seguir o caminho do inferno? Avivemos a nossa fé; examinemos atentamente aonde nos leva o caminho trilhado até hoje, e tomemos desde já as providências para nos assegurar a salvação eterna. Deixemos, se for necessário, o mundo: São pequenas todas as cautelas, quando corre risco a eternidade.

Deus quer certamente que todos os homens se salvem, mas não quer que nos salvemos à força. Deus, diz o Eclesiástico, pôs diante de cada um a vida e a morte; ser-nos-á dado o que escolhermos: Quod placuerit ei dabitur illi. Jeremias diz igualmente que o Senhor pôs diante de nós dois caminhos a seguir, o do céu e o do inferno: Ego do coram vobis viam vitae et viam mortis[1]. — Por isso está escrito: O homem irá para a casa de sua eternidade. Deus diz: ibit, ele irá, para significar que cada qual se dirigirá à morada que escolher; não será levado, mas irá por sua própria vontade. Mas como poderá chegar ao paraíso, o que quer seguir o caminho do inferno?

Coisa estranha! todos os pecadores se querem salvar, e entretanto se condenam por si próprios ao inferno, dizendo sempre: Espero salvar-me. Quem seria tão louco, diz Santo Agostinho, que quisesse tomar veneno na esperança de se curar? Nemo vult aegrotare sub spe salutis. No entanto, quantos cristãos, quantos insensatos se dão à morte pelo pecado, dizendo: Mais tarde pensarei no remédio. Ó funesta ilusão, que tantas almas tem arrastado ao inferno!… Não sejamos tão insensatos; e lembremo-nos de que se trata da eternidade.

Quanto trabalho se não dão os homens para se construírem uma casa cômoda, bem arejada, num sítio salubre, pela lembrança que nela hão de passar toda a vida! Porque, pois, são tão descuidados, quando se trata da casa que lhes será morada eterna? Negotium pro quo contendimus, aeternitas est — «O negócio pelo qual trabalhamos», diz Santo Eucherio, «é a eternidade». Não se trata de uma casa mais ou menos cômoda, mais ou menos arejada: trata-se de habitar, ou num lugar cheio de delícias entre os amigos de Deus, ou no abismo de todos os tormentos entre a chusma infame de tantos celerados, hereges e idólatras. — E isto por quanto tempo? Não por vinte ou quarenta anos, mas por toda a eternidade. É um negócio de alta monta! Não é negócio de somenos; é tudo para nós.

Dizia a Venerável Madre Joana da Santíssima Trindade, religiosa carmelita, que na vida dos santos não existe o amanhã. Este só existe na vida dos pecadores, que sempre dizem: mais tarde, mais tarde, e assim se aproximam da morte. Meu irmão, se Deus nos convida hoje para praticar o bem, pratiquemo-lo hoje. Pode ser que amanhã não haja mais tempo, ou que Deus não nos faça mais ouvir o convite.

Ó céus! exclama Santa Teresa, é a falta de fé a causa de tantos pecados e da condenação de tantos cristãos.

Portanto, reanimemos, sempre a nossa fé, dizendo: Credo vitam aeternam: Creio que depois desta vida há outra que não acaba nunca. Tendo este pensamento sempre presente, tomemos as providências para nos assegurar a salvação eterna. Freqüentemos os sacramentos; façamos meditação todos os dias, e pensemos na eternidade; evitemos também as ocasiões perigosas. Deixemos, se for necessário, o mundo, porque nenhuma cautela será excessiva quando se trata de pôr à salvo o grande negócio da salvação eterna: Nulla nimia securitas, ubi periclitatur aeternitas[2].

É pois verdade, meu Deus, que aqui não há meio termo: ou sempre feliz ou sempre desgraçado; ou num mar de alegrias, ou num oceano de tormentos; ou sempre convosco no paraíso, ou sempre separado e longe de Vós, no inferno. E este inferno, sei com certeza que inúmeras vezes o mereci; mas estou igualmente certo de que perdoais ao que se arrepende, e livrais do inferno o que espera em Vós. Eia, pois, Senhor, perdoai-me, já que me pesa sobre todas as coisas de Vos ter ofendido: livrai-me do inferno, porque Vos amo e confio em vossa infinita misericórdia. — Minha Rainha e minha Mãe, Maria, ajudai-me com as vossas orações; obtende-me antes mil mortes do que a desgraça de me separar do amor de vosso Filho. (*II 65.)

[1] Jer. 21, 8.
[2] São Bernardo.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso

Fonte: http://catolicosribeiraopreto.com

============================

Nota de www.rainhamaria.com.br

Diz na Sagrada Escritura:

"De que aproveitará, irmãos, a alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo? Se a um irmão ou a uma irmã faltarem roupas e o alimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, mas não lhes der o necessário para o corpo, de que lhes aproveitará?
Assim também a fé: se não tiver obras, é morta em si mesma. Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras. Mostra-me a tua fé sem obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras". (São Tiago 2, 14-18)

"Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade". (I São João 3, 17-18)

"Eu ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem". (Apocalipse 14,13)

 

Veja também...

Diálogos de Deus Pai com Santa Catarina de Sena: Sou aquele que gosta de poucas palavras e de muitas ações

Diálogos de Deus Pai com Santa Catarina de Sena: Quem me ama, procura ser útil ao próximo. Graças ao amor que o une a Mim, ama o próximo, presta-lhe serviços em suas necessidades

Maria Valtorta, mística italiana, que teve Revelações de Jesus: A caridade, a misericórdia é premiada para sempre. E o amor dos indigentes, que não podem retribuir, é o amor mais apreciável aos olhos de Deus

Santo Afonso de Ligório: Ninguém pode amar a Deus sem que tenha amor ao próximo, porquanto o amor de Deus e o do próximo nascem da mesma caridade

Santo Afonso de Ligório: Examina agora, meu irmão, se tens a fé, que é acompanhada de frutos de boas obras. Reflete bem, que muitos cristãos, teus semelhantes, estão agora queimando no inferno por haverem tido uma fé morta

 


Rainha Maria - Todos os direitos reservados
É autorizada a divulgação de matérias desde que seja informada a fonte.
https://www.rainhamaria.com.br

PluGzOne