Artigo do Padre Marcelo Tenório: E se a barca de Pedro parece-nos afundar, em vez de corrermos, com baldes, para tirarmos a água que se acumula, somos convidados para uma festa. A festa na Casa de Babete.


23.11.2016 -

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Desde o início de seu Pontificado, Francisco apresenta-se como um Papa diferente de todos os demais. Mas não diferente naquilo que é periférico, nos costumes, no gestual. Leão XIII, com sua forma meio interiorana e desajeitada; Pio XI, autoritário, Pio XII, majestático, místico…

Mas com Francisco, a diferença é na essência e aí está a gravidade de tudo. Mesmo o seu gestual aponta o seu pensamento subjetivo e suas ações vão destruindo a simbologia católica que indica a verdade objetiva sobre Deus, a Igreja e o homem.

Vimo-lo inclinado, na sacada da Basílica, para o povo. Pedia ao povo uma bênção, cuja fonte primeira reside na pessoa do próprio Vigário de Cristo, e faz parte do seu Sagrado e Tríplice Múnus: Governo, Ensino e Santificação.

A partir daí o veremos sempre inclinado…ao mundo. Ao pensamento do homem. Poderemos dizer, com certeza, que Francisco é a personificação do documento Gaudium et Spes do Vaticano II, mas já nas conseqûencias mais profundas da letra e do espirito mesmo.

“Contentemo-nos aqui com a comprovação de que o documento desempenha o papel de um anti-Syllabus, e, em conseqüência, expressa a intenção de uma reconciliação oficial da Igreja com a nova época estabelecida a partir do ano de 1789.” (Cardeal Joseph Ratzinger, Teoria dos Princípios Teológicos, Editorial Herder, Barcelona, 1985, pág. 457-458).”

Podemos assim definir Francisco: O papa do “Anti- Syllabus.”

Do gestual à prática ou da prática ao gestual. Já como cardeal, era comum Bergóglio frequentar reuniões protestantes, recebendo, ajoelhado, a bênção de pastores.

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(Abaixo, Francisco recebe "pastores" protestantes no Vaticano, que impondo as mãos o abençoam. Quando os Santos, Doutores e Papas da Igreja, pudessem imaginar um dia, ver uma cena destas no Vaticano?)

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"Ora, é indiscutível: é o inferior que recebe a bênção do que é superior". (Hebreus 7, 7)

(Mas, ecumenista e revolucionária igreja de Francisco, os rebeldes de Lutero, agora abençoam ao próprio papa)

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Ora na mesquita, ora na sinagoga. E se seu gesto lembra o dos papas conciliares, sua prática ecumênica consegue ir além: relativa a Verdade para valorizar acima de qualquer coisa o que é humano. Foi no andor de seu humanismo que Lutero triunfou no Vaticano, entrando pelo lado do Santo Ofício, numa estátua que foi colocada no auditório Paulo VI, escândalo sem precedentes na história.

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Suas falas e seus escritos mostram todo o seu pensamento fundamentado no subjetivismo da fé. Não é linear e como consequência, a dúvida e a confusão. Nunca a Sala de Imprensa trabalhou tanto como agora, pois sempre deve explicar no reto o que o papa falou no esférico. Tentativa praticamente impossível e o resultado é o que temos. Quando um Papa, respondendo às acusações de heterodoxo, graceja que poderia tranquilamente fazer uma Profissão de Fé, é porque o mercúrio já estourou o termômetro.

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A missão primeira do papa é nos confirmar na Fé. Para isso ele existe. Para isso o Ministério Petrino: afastar o erro e fazer resplandecer sempre a Verdade Católica. Nosso Senhor não entregou as chaves a Pedro para a confusão, mas para a preservação do rebanho de todo erro e de todo mal. A autoridade do papa está ligado à Verdade que ele deve cuidar e defender com a própria vida. E nesse caso a ação de um papa imoral (e nos lembremos aqui de Alexandre VI) é bem menos grave do que quando um papa age obscurecendo a verdade católica ou favorecendo à heresia. E, voltando a Alexandre VI, o curioso é justamente nada encontrar contra a Santa Doutrina em seus pronunciamentos, apesar de sua vida devassa e pecaminosa.

Fomos surpreendidos com a atitude corajosa e pastoral de quatro cardeais que escreveram ao Papa pedindo-lhe esclarecimento sobre pontos do documento “Amoris Laetitia. Essa prática é rara, mas não estranha. Quando um Pontífice ensina notadamente um erro, ou algo não claro sobre a Fé, pelo bem das almas, o colégio dos cardeais pode interpelar ao papa sobre o assunto e o papa, por dever de estado, tem a obrigação em responder, esclarecendo, sanando dúvidas, ou até voltando atrás em seus posicionamentos. Caso o Papa se recuse em fazê-lo, os mesmos cardeais, podem publicamente, declarar que há erros no ensinamento papal.

Os cardeais Walter Brandamuller, Raymond Burke, Carlo Cafarra e Joackim Meisner assim prosseguiram. Elencaram ao Papa Francisco vários pontos preocupantes em seu Documento AL e pediram, respeitosamente, da parte de Bergóglio, um esclarecimento. Notem que não se trata aqui de simples leigos, padres, ou até mesmo bispos, embora qualquer um batizado pode interpelar o Santo Padre. Tratam-se de Cardeais, de Príncipes da Igreja, que têm a missão – em comunhão com o Papa – de cuidar das coisas da Fé.

Resultado: O Papa Francisco não quis responder as interpelações cardinalícias e os eminentíssimos cardeais foram informados disso que sua carta ficaria sem resposta.

Mas por que o Papa não quis responder aos cardeais, ele que responde e se comunica com todo mundo, que dá entrevistas e mais entrevistas, que faz ligações telefônicas para conversar com este e aquele? Por que se negar ao Diálogo, ao importante diálogo, com os de dentro e que estão preocupados com Barca de Pedro, quando ele mesmo defende diálogo até com estado islâmico? A verdade é que Francisco não quer dialogar, quer executar. E aqui já não age como um simples “Bispo de Roma”, mas com toda autoridade que lhe foi concedida pelo Ministério Petrino.

Em tempos midiáticos, já se titulou João XXIII como o BOM, João Paulo II, como o GRANDE e Francisco, como o HUMILDE. Suas atitudes, após eleição, levaram-no a esta consagração popular. Despojou-se do trono papal, colocando no lugar uma cadeira. Despojou-se das vestes papais (murça, sapatos, estola petrina…). Despojou-se do solene isolamento, indo apertar as mãos do povo no Portão Sant´Ana… Despojou-se do palácio apostólico, indo morar num dos quartos da Santa Marta…

Mas a humildade é a consciência de si. E como dizia Sta. Teresa, ” Humildade é a Verdade”. Que bela atitude de despojamento, teria sido o acolhimento aos quatro cardeais, falando-lhes abertamente, num chazinho da tarde, em qualquer cantinho simpático de seus aposentos…Já que Sua Santidade não gosta de formalidades, nem de protocolos, nem tão pouco de muros, seria uma bela oportunidade para um diálogo, um bom diálogo, frente a frente… São tantas as pessoas, de fora, que conseguem isso de Francisco… e por que não, e sobretudo eles, os cardeais?

Mas a verdade é que Francisco respondeu. Mas não aos cardeais. Respondeu à mídia, ao Avvenire que o entrevistou. E, não pontuando as colocações respeitosas e profundamente teológicas que lhe foram colocadas pelos cardeais.

Respondeu de forma rápida, jocosa, com frases de humanidades:

FRANCISCO: “Fazer a experiência vivida do perdão que abraça toda a família humana é a graça que o ministério apostólico anuncia. A Igreja existe apenas como instrumento para comunicar aos homens o desígnio misericordioso de Deus. A Igreja sentiu no Concílio a responsabilidade de ser no mundo como que o sinal vivo do amor do Pai. Com a Lument Gentium retornou às fontes da sua natureza, ao Evangelho. Isso mudou o eixo da concepção cristã de um certo legalismo, que pode ser ideológico, à Pessoa de Deus, que se fez misericórdia na encarnação do Filho. Alguns — pensa a certas réplicas a Amoris Lætitia — continuam a não compreender — ou branco ou preto — que também é no fluxo da vida que se deve discernir….”

AVVENIRE: Há quem pense que nestes encontros ecumênicos se queira vender a preço baixo a doutrina católica. Alguém já disse que se quer “protestantizar” a Igreja.

FRANCISCO: Não me tira o sono. Eu continuo na estrada de quem me precedeu, continuo o Concílio. Quanto às opiniões, é preciso sempre distinguir o espírito com o qual são ditas. Quando não tem um espírito ruim, ajudam a caminhar. Outras vezes se vê de cara que as críticas se fazem aqui e ali para justificar uma posição já assumida, não são honestas, são feitas com espírito ruim, para fomentar a divisão. A gente vê logo que certos rigorismos nascem de uma falta, nascem da vontade de esconder dentro uma armadura, a própria e triste insatisfação. Vejam o filme “A festa de Babete”, ali há este comportamento rígido.

Após toda esta questão conflitosa, o papa, que não gosta de ser contraposto, cancelou o encontro com o Colégio dos Cardeais, encontro de praxe antes dos consistórios. Nesse encontro prévio é o momento em que o Papa escuta os cardeais e lhes pede opiniões . É de fato mais um ato incomum que acontece.

E se a barca de Pedro parece-nos afundar, em vez de corrermos, com baldes, para tirarmos a água que se acumula, somos convidados para uma Festa. A festa na Casa de Babete….

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Fonte: Padre Marcelo Tenório - Da Mihi Animas  via  Sensus Fidei

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Declarou o Arcebispo francês Marcel Lefebvre:

"Não será dever de um católico julgar entre a fé que lhe ensinam hoje e a que foi ensinada durante vinte séculos de tradição da Igreja? Ora, eu acredito sinceramente que estamos tratando com uma falsificação da Igreja, e não com a Igreja católica. Por quê? Porque eles não ensinam mais a fé católica. Não defendem mais a fé católica. Eles arrastam a Igreja para algo diferente da Igreja Católica. A verdade e o erro não estão em pé de igualdade. Isso seria colocar Deus e o diabo em pé de igualdade, visto que o diabo é o pai da mentira, o pai do erro. Como poderíamos nós, por obediência servil e cega, fazer o jogo desses cismáticos que nos pedem colaboração para seus empreendimentos de destruição da Igreja? Se acontecesse do papa não fosse mais o servo da verdade, ele não seria mais papa. Não poderíamos seguir alguém que nos arrastasse ao erro. Isto é evidente. Não sou eu quem julga o Santo Padre, é a Tradição. Para que o Papa represente a Igreja e seja dela a imagem, é preciso que esteja unido a ela tanto no espaço como no tempo já que a Igreja é uma Tradição viva na sua essência. Na medida em que o Papa se afastar dessa Tradição estará se tornando cismático, terá rompido com a Igreja. Eis porque estamos prontos e submissos para aceitar tudo o que for conforme à nossa fé católica, tal como foi ensinada durante dois mil anos mas recusamos tudo o que lhe é contrário.  E é por isso que não estamos no cisma, somos os continuadores da Igreja católica. São aqueles que fazem as novidades que estão no cisma.  Estou com vinte séculos de Igreja, e estou com todos os Santos do Céu!”

Em relação ao Ecumenismo, ou melhor dizendo, à Unidade Cristã, e ao legítimo diálogo religioso entre cristãos, é essa a caridade que todo católico deve objetivar: trazer à VERDADEIRA e ÚNICA Igreja aos cristãos para que tenham acesso aos Sacramentos e à Verdade. O Ecumenismo não é a modificação da fé e doutrina católica. Não se trata de mudar o significado dos dogmas, de adaptar a verdade aos gostos de uma época! (ou de um antipapa)

Declarou o Papa São Félix III: "Não se opor a um erro é aprová-lo. Não defender a verdade é suprimi-la".

Declarou São Tomás: “Surgindo perigo iminente pára a Fé, os Prelados devem ser questionados, mesmo publicamente, pelos seus súditos. Assim, São Paulo, que estava sujeito a São Pedro, questionou-o publicamente pelo iminente perigo de escândalo em matéria de Fé. E, tal como Santo Agostinho o interpreta na sua Glosa (Ad Galatas 2, 14), ‘São Pedro deu o exemplo a todos os que governam para que, ao desviarem-se do caminho reto, não rejeitem a correção como inútil, ainda que venha de súditos’” (Summa Theologiae,Turin/Rome: Marietti, 1948, II-II, q.33, a.4).

 

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