Artigo do Padre Zezinho, SCJ - Católicos Equivocados


Adicionado ao www.rainhamaria.com.br em 07.08.2008

Há católicos com pregação e atitude fundamentadas na Bíblia e nos documentos da Igreja e católicos com pregação individualista e atitudes dissonantes. Dá-se o mesmo com os evangélicos. Conto um episódio, comento e deixo ao leitor as conclusões.

Um sacerdote, com sinais evidentes de pouco conhecimento da bíblia e do catecismo da Igreja, celebrava uma missa, que interrompeu quatro vezes com revelações particulares. Jesus interrompia aquela missa de vez em quando, para lhe dizer que alguém estava com alguma enfermidade na assembléia. Eles oravam em línguas e a missa prosseguia. Finalmente, mais uma estrondosa revelação particular. Jesus dissera a ele, naquele momento, que havia um demônio tentando alguém fortemente naquela assembléia. Não provou nada. Apenas invocou a presença de São Miguel Arcanjo, para que com a sua espada luminosa que expulsou Lúcifer do Paraíso Celeste, viesse expulsar aquele demônio presente numa pessoa daquela assembléia. Foram estas as suas palavras. Oraram em línguas e, aparentemente, todos ficaram satisfeitos com o resultado. A missa prosseguiu.

Professor de comunicação católica que sou por mais de 25 anos, fiquei pensando naquela comunicação do jovem padre. A) As orientações da Igreja sobre a celebração da eucaristia são claras. Não se interrompe a pregação e a celebração de toda a Igreja, para inserir nelas revelações particulares, sejam elas do padre ou dos fiéis. B) Orar em línguas não faz parte do ritual do exorcismo. A oração de línguas tem outra finalidade na Igreja. C) O pregador falou, mas não mostrou nada. O que impede aos fiéis mais esclarecidos de ver isso como atitude de charlatão? Jesus fazia o milagre e deixava ou mandava comprovar. D) Não compete ao pregador ser intermediário de um suposto milagre e ele mesmo anunciá-lo. Para evitar mentiras ou enganos graves, quem deve dizer se houve ou não houve milagre é a autoridade eclesiástica. Ali, na hora, não há como dizer. E ele o disse. E) Pior: demonstrou não crer que Jesus eucarístico tenha poder sobre o mal, porque fez isso antes do Pai Nosso. No caso, o pão e o vinho já tinham sido consagrados e Jesus estava li, naquele altar. Porque chamar São Miguel Arcanjo com sua espada luminosa, se eles tinham Jesus bem ali na sua frente? Jesus pode menos do que São Miguel? Foi equívoco demais numa só missa! Vale a pena deixar uma pessoa vista como santa fazer isto, se ensina catequese errada para milhões de pessoas?

Errar nós todos erramos, uns mais, outros menos. Pessoas de alta cultura religiosa podem não ser tão santas quanto as pessoas de pequena cultura e de nenhum livro. Mas, cabe aos católicos de vida santa dar a Deus e ao povo também o esforço de adquirir mais cultura, como cabe aos mais cultos o esforço de ser mais gentis, servidores e santos. Falar e celebrar missa para milhões e ensinar disparates como aqueles é usar errado de um dom de Deus. Permitir que isto continue, também é. A Igreja precisa ter mecanismos que impeçam alguém assim despreparado de pregar o que prega. Que tal cortar todos os seus improvisos e exigir que, já que mostrou não conhecer direito a teologia católica, escreva seus textos, deixe um teólogo corrigi-los e, só então os leia durante a missa, para não expor a doutrina católica ao ponto em que a expôs? Ou isso é interferir demais na vida de uma comunidade? E tal comunidade não está interferindo demais na vida de milhares de outras? Dialogamos ou deixamos como está para ver como é que fica?

Padre Zezinho - 03.10.2007


Rainha Maria - Todos os direitos reservados
É autorizada a divulgação de matérias desde que seja informada a fonte.
https://www.rainhamaria.com.br

PluGzOne