Artigo do Padre José do Vale: Enganos, Ídolos e Perdição


30.05.2009 - “A maior desgraça da Índia, é a de não conhecer Jesus Cristo”.
Madre Teresa de Calcutá  -  Prêmio Nobel da Paz

Na Sagrada Escritura a palavra “engano” é expressa por diversos vocábulos gregos. Em Ef 4,14; Rm 1,29 e Mc 7,22 é “dolos”; em Mt 13,22; Hb 3,13 e Cl 2,8 é “apate”, em ambos significam: ‘Erro’, ‘Astúcia’ ou ‘traição’, prazer enganoso, etc.
A sedução para mentira, fraude, ignorância, pecado e idolatria, esta dentro do contexto da arte do engano, que tem como autor o diabo (Gn 3,4.13; Ap 12,9).
O diabo é o pai da mentira (Jo 8,44). Mentor da idolatria (Mt 4,9.10). “Aquilo que os gentios sacrificam, eles o sacrificam aos demônios, e não a Deus. Ora, não quero que entreis em comunhão com os demônios” (1 Cor 10,20).
“Nós sabemos que veio o Filho de Deus e nos deu a inteligência para conhecermos o Verdadeiro. E nós estamos no Verdadeiro, no seu Filho Jesus Cristo. Este é o Deus Verdadeiro e a Vida eterna. Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (1 Jo 5,20.21).
É pela graça e fé em Deus que o cristão conhece Jesus Cristo e tem a vida eterna. A nossa inteligência iluminada pela santíssima fé nos levou a adoração ao único e verdadeiro Deus Todo-Poderoso.
O Divino Espírito Santo guia-nos pelo caminho da Luz Eterna e dá repulsa aos ídolos (Atos 26,18; 1 Ts 1,9.10).
O Salmo 115 é bem claro contra os ídolos pagãos.
“O nosso Deus está no céu e faz tudo o que deseja. Os ídolos deles são prata e ouro, obra de mãos humanas: têm boca, mas não falam; tem olhos, mas não ouvem; tem nariz, mas não cheiram; tem mãos, mas não tocam; tem pés, mas não andam; não há um murmúrio em sua garganta. Os que os fazem ficam como eles, todos aqueles que neles confiam.
Nosso Senhor Jesus Cristo ensinou a ter fé e adorar Deus em espírito e verdade (Mc 11,22; Jo 4,23.24).
Os santos apóstolos, Nossa Senhora, os santos, os mártires, os Padres da Igreja e todos fiéis católicos, somos verdadeiros praticantes do ensino do Mestre e Redentor Jesus de Nazaré.
A Igreja Católica tem a sucessão apostólica, por isso é detentora de toda revelação do Espírito Santo.
A nossa santa fé católica nos leva ao céu da adoração à Santíssima Trindade e a perfeição da doutrina cristã.

DEUSES ENGANOSOS

No Sul da Índia, próximo à cidade sagrada de Tiruvannamalai, fica o templo de Bhuvaneswari. Lá, os monges residentes têm uma única ocupação – bem insólita, por sinal: desde o século XVI, ou talvez até a mais tempo, eles fazem um minucioso recenseamento de todos os deuses hindus. Em pergaminho, registram a origem, a função e as relações de parentesco. É uma tarefa gigantesca. O número oficial de deuses na Índia chega a 330 milhões. Extra oficialmente, porém essa conta bate na casa do bilhão.
Sob o guarda-chuva do que chamamos de hinduísmo, abrigam-se centenas – ou milhares – de crenças distintas. Como dizia Sri Ramakrishna, um santo hindu do século 19, “na Índia, existem tantos deuses quanto o número de devotos”.
Cabeça de elefante, corpo humano com barrigão à mostra. Ganesh (ou Ganesha ou Vigneshvara ou Vighnaharta, são quase 1000 nomes) normalmente é representado com quatro braços e acompanhado de um ratinho. São muitas, como é inevitável na Índia, as lendas sobre o nascimento de Ganesh. A mais conhecida conta que a deusa Parvatti, esposa de Shiva (que, com Brahma e Vishnu, forma a divina trindade hinduísta), queria ter um filho. Shiva refugou, e ela então moldou um com ungüentos perfumados e seu suor, dando origem ao belo Ganesh. Ao voltar para casa, Shiva viu o jovem de guarda no lugar onde Parvati tomava banho e, enfurecido, arrancou-lhe a cabeça. A mãe, compreensivelmente, se desesperou. Para reparar o erro, Shiva trouxe a cabeça do primeiro animal que encontrou pelo caminho e colou-a ao corpo. “Ganesh é uma divindade funcional, que recebe sacrifícios em momentos determinados, de acordo com a necessidade”, explica o cientista da religião Frank Usarski, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1).
O canibalismo de Garuda (que engole um braço de Vishnu, por exemplo, deve-se a sua filiação ao deus da criação – ele é um braço de Vishnu. Por aí também é possível entender as puladas de cerca e as relações incestuosas dos deuses hindus, ou o nascimento de animais de pais humanos, como o do deus-elefante Ganesha (2).

INFANTICÍDIO DE MENINAS

Os costumes na Índia sempre foram desfavoráveis às mulheres. Ao se casar, a indiana passa a ser uma espécie de empregada da família do marido.
A lei não permite que as mulheres se casem antes dos 18 anos, mas são freqüentes os matrimônios de homens mais velhos com meninas de apenas 8 ou 9 anos. Por tradição, a família da noiva paga um dote generoso ao futuro marido. São comuns os casos em que os parentes do marido torturam a noiva para forçar seus pais a pagar um dote maior. Em situações mais extremas, ela é morta e o caso é registrado como “acidente doméstico”.
Tamanha é a escassez de mulheres que muitos pais não apenas estão dispensando os dotes tradicionais como passaram a oferecer “recompensas” ás famílias que tiverem garotas dispostas a se casar com seus filhos.
Mesmo com a falta de meninas no país, não há indícios de que os costumes vão mudar. “Os indianos até dizem que são a favor do nascimento de mais garotas, contanto que seja na casa do vizinho”, diz Richa Tanwar, diretor do setor de estudos da mulher da Universidade Kurukshetra, em Haryana. O infanticídio de meninas está incorporado ao dia-a-dia dos indianos. No sul do país, as recém-nascidas são envenenadas com a seiva de um cacto da região. Algumas famílias seguem um ritual que consiste em afogar o bebê em uma banheira cheia de leite (3).

O DEUS VERDADEIRO

“O Senhor Deus é maior que todos os deuses” (Ex 18,11).
O Eterno Deus único e Criador de todas as coisas proibiu, fazer imagens de deuses pagãos.
“Não farás para ti imagem esculpida de nada que se assemelhe ao que existe lá em cima, nos céus, ou embaixo na terra, ou nas águas que estão debaixo da terra” (Ex 20,1-5).
Os deuses que se enganam, erram, matam, são incestuosos, e levam seus adeptos ao sacrifico humano, não são confiáveis e são inúteis para uma sadia razão do ser que é a imagem e semelhança do Senhor Deus.
Toda essa cultura idolátrica é invenção e ferramentas de escravidão do diabo, que recebe adoração via os ídolos e dos homens pela cegueira espiritual e pela tamanha boçalidade.
“O deus deste mundo obscureceu a inteligência, a fim de que não vejam brilhar a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Cor 4,4).
Para saber o verdadeiro Deus e adorá-lo com inteligência e amor são necessárias três coisas:
1. O Deus que não necessita de representação de fabricação de imagem feita por mãos humanas ou angelicais. Que vai ao encontro do homem pecador para salvar da perdição eterna (Jo 3,16; 15,16; Rm 5,7-10; Gn 3,8.9.21).

2. A virtude da graça como dádiva sem preço ou pagamento da parte do pecador perdido (Ef 2,8.9; Tito 2,11; 3,7). Somente no cristianismo temos a palavra “graça”.

3. Cujo homem crucificado e sepultado foi ressuscitado e vive até hoje com seus seguidores (Jo 20, 24-31; Atos 2, 23; 32.36 ; Rm 6,9).
Sem a ressurreição de Jesus Cristo nada, absolutamente nada, teria sentido a nossa vida aqui e na eternidade (1 Cor 15.14).
Com razão disse a bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá que “a maior desgraça da Índia é a de não conhecer Jesus Cristo”, não só a Índia, mas qualquer nação cujo o Senhor Deus não é o centro da adoração e da glória ao seu louvor.
“A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo” (Jo 17,3).

SUPERSTIÇÃO

“É difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram”.
Voltaire (1694-1778)
Filósofo Francês

O fanatismo e a superstição na Índia são práticas que dominam o dia a dia de muitos indianos. As crendices demandam em abundância nesse país. A vida em todo o seu seguimento é delineada pela superstição. Isso deixa a pessoa escrava da mitologia hindu.
Essa mitologia é tão emaranhada que a Nova Enciclopédia Larousse de Mitologia diz: “A mitologia indiana é uma inextricável selva de luxuriante vegetação. Entrando nela, perde-se a luz do dia e todo senso claro de direção”.
Para o indiano, sonhar com uma vaca – um dos deuses mais sagrado – não é bom. Já cruzar com uma vaca assim que sai de casa é sorte promissora.
Ver um elefante no momento em que se está partindo para uma viagem é sinal de sorte.
Esse animal é conhecido e adorado com deus Ganesha, um dos deuses mais populares do hinduísmo.
Ver um pavão numa viagem é sorte na “certa”. Mas ouvi-lo chorar é sinal de mau agouro.
Ekta Kappor, dona dos canais da televisão indiana que transmitem as novelas de maior sucesso no país, manda fazer mapas astrológicos dos atores e determina a mudança da grafia dos nomes de acordo com a numerologia.
Se há uma profissão que não corre risco de acabar na Índia, com ou sem crise econômica é a de astrólogo.
Para muitos indianos nada pode fazer sem a consulta da astrologia.
Num país patriarcal, a superstição castiga a mulher. A crença diz que dá azar topar com uma viúva ao sair de casa.
Em áreas rurais, viúvas – evitadas por todos – ficam na miséria e têm que mendigar para sobreviver. Elas se vestem de branco, a cor do luto e da morte na Índia. Há até uma cidade que ficou conhecida como “a cidade das viúvas”.
Vrindavan, no Norte da Índia, há abrigos para elas passarem o resto de suas vidas.
Tanta crença provocou até um debate em torno da criação de uma lei anti- superstição no estado de Maharastra, do qual a cidade de Bombaim (atual Mumbai) é a capital. O projeto de lei foi bancado por uma organização chamada Comitê de Erradicação da Superstição (4).
A superstição é danosa demais. Escraviza e pode levar a loucura. As pessoas que acreditam nessa crendice passam atribuir seus problemas na fantasia de azar e sorte em vez de assumir a responsabilidade por suas ações.
As crendices fanáticas e supersticiosas cegam a razão e a inteligência das pessoas de enxergarem o esforço, o talento, a ciência, a tecnologia, a fé verdadeira, a experiência e as oportunidades legais e merecidas.
O estadista e pensador romano Catão (234-149 a. C.) afirmou com categoria: “Eu me admiro de que o adivinho não ria sempre que vê outro adivinho”.
Não se deve acreditar em adivinhações. Suas predições são feitas em termos vagos, genéricos de duplo sentidos e sujeitas a muitas interpretações fraudulentas.
Disse o maior de todos os mestres Jesus de Nazaré: “Atenção para que ninguém vos engane” (Mt 24,4).

EVANGELIZAR E AMAR

Atualmente, 74% dos indianos são hindus e 12% islâmicos. Menos de 3% da população é cristã, com predomínio protestante.
A minoria cristã sofre preconceitos e perseguições de grupos hindus fanáticos.
Os mártires cristãos não param de acontecer na Índia devido a prática de evangelizar e amar os indianos. O cristianismo está crescendo na Índia pela obra de caridade, pelo exemplo de verdadeiros cristãos e principalmente pelo sangue dos mártires.
A missionária católica indiana Mary Rose Micheal disse: “A Igreja Católica, pela própria natureza, é chamada a uma missão de paz. Apesar de tanta violência, o povo cristão não perdeu a fé. Ao contrário, pelo exemplo, outras pessoas não cristãs querem conhecer Jesus e, assim, a Índia vai prosperar sempre mais” (5).
A nossa missão de cristão é evangelizar todos os povos que é a prova do nosso amor aos pecadores e obediência a ordem do Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Nada é mais importante para uma nação do que o Evangelho Libertador de Jesus Cristo.
O fundamento da paz, da justiça, do amor e de toda dignidade da pessoa humana se encontra no Evangelho do Reino de Deus.
Afirmou o Papa João Paulo II na encíclica Redemptoris Missio : “O Evangelho é a primeira contribuição que a Igreja pode dar ao desenvolvimento dos povos”.
Amar Jesus é evangelizar o meu semelhante. Evangelizar é amar a obra de Deus que tudo fez pela minha redenção e de toda humanidade.

CONCLUSÃO

O comércio de fabricação de ídolos, adoração e festas pagãs, feitiçaria, magia e orixás, crendices em amuletos e talismãs, idolatria ao templo, ao culto show, ao líder religioso, os cismas denominacionais, bibliolatria, neopentecostalismo e a teologia da prosperidade, são pecados terríveis, abominações ao Senhor Deus e caminhos para destruição.
Vivemos a era da “operação do erro”, da “plenitude do engano”. Da idolatria dos antigos deuses aos pós-modernos: o individualismo, materialismo, narcisismo, hedonismo, lideralismo, espetacularismo, relativismo, capitalismo e cienticismo.
O sistema corrupto propicia em toda camada social a engenharia diabólica da sedução enganosa. O mecanismo dessa empreitada contra a verdade cristã é usada para propagar todo esquema de sedução ao erro, ao pecado como: o medo e o terrorismo religioso, denominações, seitas, Nova Era, novelas, filmes livros, revistas, “centros culturais” e a famigerada internet que se tornou uma babel religiosa em potencial propagandista de toda heresia e perdição.

Pe. Inácio José do Vale
Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
E-mail:[email protected]

 


NOTAS E BILBIOGRAFIA

(1) Veja, 22/09/2004, p.66.
(2) Super Interessante, Março de 2009, p.11.
(3) Veja, 25/12/2002, p.64.
(4) Revista da TV, 12/04/2009, p.15.
(5) Mundo e Missão, Abril de 2009, p.45.

GAARDER, Jostein. Hellern, Victor. Notoker, Henry. O Livro das Religiões, São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

ZIMMER, Heinrich. Filosofias da Índia, São Paulo: Palas Athena, 2003.
 


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