EUA: Ateus fundam partido político e querem eleger presidente


06.01.2012 - Troy Boyle é advogado que trabalha para uma empresa de finanças. Em março do ano passado, ele e um amigo fundaram o Partido Nacional Ateu (NAP, na sigla original), que eles acreditam ser o  primeiro partido político baseado na crença de que Deus não existe.

Boyle, 45, teve a ideia enquanto assistia a uma entrevista com Richard Dawkins, o biólogo evolucionário britânico e autor de vários livros, incluindo o best-seller  Deus: um Delírio. Na entrevista, Dawkins pergunta por que os ateus não se organizam para influenciar a política.

“Aquilo me atingiu como um raio”, lembrou Boyle. De sua casa no Estado de Kentucky, começou a pesquisar o papel dos ateus na política. “Eu não encontrei nada. Então topei o desafio. Decidi começar um partido político”.

O primeiro nome foi Partido do Pensamento Livre, mas sua página no Facebook atraiu apenas algumas centenas de membros. Quando decidiu mudar o nome para algo mais explícito, Partido Nacional Ateu, os apoiadores começaram a chegar rapidamente e hoje já são mais de 8.200.

O NAP tem 7.500 membros formalmente filiados e um capítulo em todos os Estados americanos. O maior capítulo é o da Florida, com 200 membros, e o menor é o Alasca, com apenas dois.

A página oficial do partido afirma que seu objetivo é representar politicamente todos os ateus do país, mas isso tem contribuído para críticas.

Atualmente, o NAP está registrado como um partido político e uma organização sem fins lucrativos. Boyle espera que seu partido seja procurado para apoiar alguns candidatos no futuro.

Porém, uma pesquisa realizada pelo Public Religion Research Institute descobriu que 67% dos americanos sentir-se-iam “desconfortáveis” com um ateu na Casa Branca.

Em 2007, o Pew Research Center constatou que um candidato que não crê em Deus teria dificuldades de ser eleito, pois a rejeição a um ateu é de 63%, superando a de um candidato gay (46%), um mulherengo (39%) ou um mórmon (30%). O sonho do partido ateu é ver isso mudar e chegar a eleger um presidente.

Até o momento, apenas um político abertamente ateu foi eleito. Trata-se de Pete Stark, um deputado democrata da Califórnia.

No sistema bipartidário americano é difícil o fortalecimento de partidos pequenos, mas Boyle que diz que as doações estão chegando e a participação está crescendo.

“Sabemos que somos uma minoria e que isso não vai mudar em curto prazo”, disse.

“Nós simplesmente queremos o direito de existir… Mas uma eleição ou um candidato pode ser influenciado por um pequeno grupo de pessoas… Em dois ou 10 ou mesmo 20 anos, quem sabe quantos ateus não haverá… é uma questão que faz diferença”.

O partido já se posicionou favorável ao casamento gay e um rígido controle da venda e porte de armas. Eles também defendem que a mulher pode decidir se fará ou não um aborto. Também se diz favorável à geração de energia limpa (como solar e eólica) e à legalização do consumo de drogas, mediante receita médica.

Mas o principal objetivo parece ser impedir a infiltração de ideologias religiosas no governo. Embora a Constituição afirme que o Estado é laico, existem muitos favorecimentos.

Traduzido e adaptado de USA Today  e  Gospel Prime

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