Pior tiroteio em universidades dos EUA deixa 33 mortos


16.04.2007 - Atentado ocorreu no campus da Universidade Técnica da Virgínia, em Blacksburg.
Tiroteio acontece dias antes do aniversário de oito anos do massacre de Columbine.

Trinta e três pessoas foram mortas a tiros nesta segunda-feira (16), incluindo o suspeito de ser o autor dos ataques, em um tiroteio na Universidade Virginia Tech, disse o reitor da instituição, Charles Steger. Em coletiva de imprensa, ele afirmou que 15 pessoas ficaram feridas e que o atirador ainda não havia sido identificado.

O ataque foi o pior em um campus na história dos Estados Unidos.

O chefe de polícia do campus afirmou que policiais viram disparos em uma área do campus na manhã desta segunda-feira como um incidente isolado e, por isso, a escola não foi fechada. Mais tarde, houve mais disparos.

Ele acrescentou ainda que o atirador se matou.

As autoridades ainda não têm certeza se dois tiroteios estão ligados. O primeiro ataque foi num dormitório e deixou 2 mortos. O segundo foi em salas de aula e resultou em 31 mortes, incluindo o atirador. Os policiais admitiram, entretanto, não estarem buscando mais nenhum envolvido nos ataques.

De acordo com as autoridades americanas, um homem armado teria começado a atirar num dormitório estudantil e, horas depois, numa sala de aulas. A identidade do atirador ainda não foi revelada pela polícia, que não informou se ele era um estudante na universidade ou qual seria o motivo dos ataques. O FBI, polícia federal dos Estados Unidos, disse não haver indícios de relações com o terrorismo.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse ter ficado "horrorizado" com o tiroteio. O governo federal estava monitorando a situação e, apesar de autoridades locais e estaduais estarem investigando, forças federais ficarão disponíveis se a Virginia as requisitar, disse a porta-voz do governo, Dana Perino.

A Câmara de Representantes dos Estados Unidos fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do tiroteio. A Presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, disse que a Casa presta solidariedade às famílias das vítimas e estudantes da Virginia Tech.

Testemunhas brasileiras

Não se sabe ainda se há cidadãos brasileiros entre as vítimas. Um estudante brasileiro, Francisco Müller, que estava a cerca de 200 metros do local do tiroteio contou em entrevista ao G1 que ouviu vários disparos.

O professor da universidade e também brasileiro, Luiz Antonio Silva, afirmou que está "em choque" com o que aconteceu. Ele não estava no campus no momento da matança.

Outra brasileira que estuda na mesma universidade, Deise Galan, de 19 anos, contou que estava em um prédio ao lado do que foi atacado pelo atirador. "Foi desesperador", ela contou em entrevista ao G1.

A polícia encontrou duas pistolas automáticas de 9 milímetros no local, mas, devido ao alto número de mortos e feridos, especula-se que pode ter sido usado armamento mais pesado ainda não encontrado.

As circunstâncias do incidente ainda são muito confusas. Primeiramente foi informado que havia apenas um morto e dois atiradores. Pouco tempo depois chegou a notícia de que um atirador envolvido em dois tiroteios teria sido responsável por pelo menos 22 mortes, só mais tarde foram confirmadas as 33 mortes.

As autoridades pediram aos estudantes que permanecessem em áreas seguras, seja nos dormitórios ou nos edifícios da universidade, e que não se aproximem das janelas.

A universidade relatou tiroteios em pontos opostos do campus, a partir das 8h15 da manhã (horário de Brasília). Primeiramente no prédio de dormitórios West Ambler Johnston, que é um dos maiores do campus, com 895 moradores, e duas duas horas depois no Hall Norris, um prédio de engenharia a cerca de um quilômetro do dormitório.

Segundo a polícia, o primeiro tiroteio estava sendo investigado quando o segundo aconteceu.

Um estudante foi morto no dormitório e os outros em sala de aula, segundo Chief W.R. Flinchum, chefe da polícia local. A Virginia Tech tem 25.000 estudantes.

O pior ataque

Um estudante que conversou com a rede de televisão "CNN" indicou que a situação no campus era de verdadeiro "caos".

Policiais chegam ao local do tiroteio na Virgínia (Foto: AP)Como conseqüência do ataque, a universidade suspendeu todas as aulas destas segunda e terça-feira, e deve reunir os estudantes na terça (17) para oferecer apoio psicológico e discutir a forma como a universidade vai lidar com o tiroteio.

No próximo dia 20, sexta-feira, faz oito anos que estudantes armados mataram 13 pessoas numa escola em Littleton, no Colorado, no que ficou conhecido como o massacre de Columbine.

Até esta segunda-feira, o pior massacre já acontecido em uma universidade dos EUA tinha deixado 17 mortos no Texas, em 1996. Charles Whitman subiu numa torre de observação no 28º andar da Universidade do Texas, em Austin e atirou contra 16 pessoas antes de ser morto pela polícia.

“Hoje a universidade foi atingida por uma tragédia de proporções monumentais”, declarou o reitor da Virginia Tech, Charles Steger. “Estamos chocados e horrorizados.”

As autoridades iniciaram o processo de identificação das vítimas e informaram que pelo menos um dos agressores foi morto.

Os feridos foram levados a diversos hospitais da região, e as autoridades preparam sessões de atendimento psicológico para os sobreviventes, segundo Steger.

"Estamos fazendo planos para começar o processo de cura desta terrível tragédia", ressaltou Steger, acrescentando que agentes da Polícia local, estadual e federal (FBI) começaram a investigar o incidente.

Esta foi a segunda vez em menos de um ano que a universidade precisou ser fechada por causa de tiroteios dentro do campus. Em agosto de 2006, um presidiário fugitivo teria se escondido no local. Um xerife que fazia buscas pelo fugitivo foi morto na saída do campus.

Fonte: Globo.com

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Complemento do artigo:

'Eu estava no prédio ao lado. Foi desesperador', afirma brasileira

'A gente não sabia o que fazer', disse estudante que estava próxima do incidente.
Deise Galan contou que ouviu boatos 'de um tiroteio' durante a aula.

A estudante brasileira Deise Galan, de 19 anos, contou que estava em um prédio ao lado do que foi atacado pelo atirador da Universidade Técnica de Virginia, na cidade de Blacksburg, nos Estados Unidos.

"Saí da aula e vi muita gente correndo, a gente não sabia o que fazer. Foi um tumulto", contou a paulistana para o G1, por telefone.

"Daí encontrei com um amigo meu que disse que tinha visto duas pessoas pulando do segundo andar do prédio e que estava cheio de carros da polícia, havia muitos homens armados e sirenes. Fiquei nervosa e saí pelo outro lado. Peguei o primeiro ônibus que vi e fui para casa", afirmou.

Deise, que vai cursar o terceiro ano de biologia na universidade, disse que, durante a aula, ouviu "boatos" de que estava havendo algo de errado na universidade. Mas a confirmação só ocorreu mesmo nos corredores.

Ao chegar em sua casa na cidade, que fica fora do campus da universidade, ela diz que não quis ligar ligar para os pais, em São Paulo, "para não deixá-los nervosos".

"Mas minha mãe ligou. Ela viu o noticiário na televisão e ficou bem preocupada", disse.

"O que sei agora é que não aconteceu nada com meus principais amigos, mas ninguém fala em nomes. Não sei se entre as vítimas tem algum professor meu", completou.



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