Santo Afonso de Ligório: Se puderes dar esmolas, com as riquezas iníquas faze dos pobres os teus amigos; para que quando necessitares, te obtenham de Deus a graça de uma boa morte, e assim te recebam nos tabernáculos eternos


31.07.2017 -

n/d

"Eu ouvi uma voz do céu, que dizia, Escreve: Felizes os mortos que doravante morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os seguem". (Apocalipse 14, 13)

De todos os bens que temos recebido de Deus, não somos donos, senão simplesmente administradores; e na hora da morte teremos de dar contas exatas a Jesus Cristo, o juiz inexorável. É o que nos ensina a parábola proposta no Evangelho deste dia. Examinemos, pois, que uso temos feito até hoje dos talentos recebidos e dos bens da graça, e se acharmos que estivemos em falta, tomemos a resolução de nos emendar quanto antes. Quem sabe, meu irmão, dentro de que breve tempo se nos dirá também: Redde rationem – “Dá conta“?

I. Dos bens que temos recebido de Deus, nós não somos donos, de maneira que possamos dispor deles a nosso bel prazer, mas somente administradores. Devemos, pois, empregá-los segundo a vontade de Deus e dar à hora da morte conta deles a Jesus Cristo, o juiz inexorável — É isto o que, no dizer dos santos Padres, significa a parábola que no Evangelho deste dia o Senhor propõe à nossa consideração.

“Havia um homem rico”, diz Jesus, “que tinha um administrador, do qual lhe denunciaram que dissipava seus bens. Chamando-o, disse-lhe: Que ouço dizer de ti? Dá conta de tua gestão, porque d’aqui em diante não poderás mais ser administrador.”

Pára aqui um pouco e considera o rigor do juízo divino. Os santos, posto que tivessem feito o melhor uso possível dos talentos que lhes foram confiados e os houvessem feito frutificar, uns dois por um, outro cinco, outro dez (1); posto que tivessem empregado todo o tempo da sua vida em preparar o livro das contas, todavia, quando estavam para passar desta vida para a eternidade, julgaram nada terem feito e tremiam.

Assim tremia Santa Maria Madalena de Pazzi, que respondeu ao confessor que a animava: “Ah padre, é coisa terrível o ter que comparecer perante o tribunal de Jesus Cristo!” Tremia Santo Agatão depois de ter passado tantos anos no deserto a fazer penitência e dizia aos que lhe cercavam o leito: “Que será de mim quando for julgado?” Tremia o Venerável Luiz da Ponte, e tremia tanto que fazia também tremer o quarto onde estava. – E tu, meu irmão, que dizes? Que fazes? Se neste momento o Senhor te deixasse morrer e te citasse a seu tribunal, que havias de responder a este terrível: Redde rationem – “Da conta“?

II. Continua a parábola dizendo que o feitor infiel, vendo o grande risco que corria de cair em miséria extrema, logo pensou em reparar o mal feito. E posto que o expediente de que lançou mão fosse todo em seu proveito, com prejuízo do dono, este, contudo, o elogiou, por ter agido com prudência. – Da mesma presteza devemos nós também usar, se não quisermos merecer a repreensão que “os filhos deste século são mais precavidos que os filhos da luz.”

Por isso exorta-nos o Espírito Santo: Quodcumque facere potest manus tua, instanter operare (2) – “Obra com presteza tudo quanto pode fazer tua mão“. Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje; porque o dia de hoje passa e amanhã virá talvez a morte que te impossibilitará de fazer algum bem e de remediar o mal. Numa palavra, mister é que prepares as contas, antes que venha o dia das contas.

n/d

– Entretanto, conclui o Evangelho, se puderes dar esmolas, com as riquezas iníquas faze dos pobres os teus amigos; para que quando necessitares, te obtenham de Deus a graça de uma boa morte, e assim te recebam nos tabernáculos eternos.

Meu amabilíssimo Jesus, graças Vos dou pelas luzes e pelo tempo que agora me concedeis, para reparar as desordens da minha vida passada. Desgraçado de mim! Dos bens da alma e do corpo, que me destes afim de que me servisse deles para Vos amar, e alcançasse a minha eterna salvação, eu abusei para Vos ultrajar e me precipitar no inferno. Senhor, detesto a minha ingratidão mais do que todos os outros males; peço-Vos perdão e prometo que não tornarei mais a ofender-Vos. Não, meu Jesus, não quero mais ofender-Vos, quero amar-Vos sempre com todas as minhas forças. – “Vós, porém, ó Senhor, concedei-me, pela vossa misericórdia, que meu espírito cogite sempre o que é reto e faça o que é justo: para que, já que não posso subsistir sem Vós, viva sempre conforme a vossa vontade.” (3) – Doce Coração de Maria, sêde minha salvação. (*III 511.)

1. Luc. 19, 16.
2. Ecl. 9, 10.
3. Or. Dom. curr.

Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II – Santo Afonso

Fonte: http://catolicosribeiraopreto.com

 

Veja também...

Santo Afonso de Ligório: A fé, portanto, não basta por si só para a salvação; são necessárias também as obras, sem as quais a fé é morta

Santo Afonso de Ligório: Numa palavra, de nosso último suspiro na hora da morte dependerá, se seremos felizes para sempre, ou para sempre em desespero

Santo Afonso de Ligório: Lembra-te de como se passaram depressa os doze meses desse ano que hoje termina. Dize-me, irmão meu, como é que até hoje tens empregado o tempo? Quem sabe? Talvez o ano que finda, seja o último da tua vida!

Santo Afonso de Ligório: Desdenhado tempo! Tu serás o que os mundanos desejarão mais na hora da morte. Desejarão então mais um ano, mais um mês, mais um dia, mas não o terão, e ouvirão dizer: Não haverá mais tempo

Santo Afonso de Ligório: Se o Senhor te deixasse morrer na primeira noite, para onde iria a tua alma? Quantos conhecidos teus, estão agora ardendo naquela fornalha ardente, sem a mínima esperança de poderem remediar a sua desgraça

 


Rainha Maria - Todos os direitos reservados
É autorizada a divulgação de matérias desde que seja informada a fonte.
https://www.rainhamaria.com.br

PluGzOne