Lembrando o Padre Joseph Schrijvers: O Grande Combate


16.05.2021-

n/d

Amar a Jesus de todo o nosso coração, permitir-Lhe, a poder de amor, estabelecer em nós, o seu Reino, isto é, fazer-nos semelhantes a Ele, eis o belo ideal da santidade.

Mas esse reino de Jesus não se estabelece assim tão facilmente…quando Jesus se apodera da alma, infundindo-lhe o santo amor, não destrói nem desarma seu adversário, o egoísmo.

Este, ao contrário, entrincheira-se na parte mais inacessível da alma, fortifica-se e resiste ao assaltante.

Antes de compreender os combates de amor, é necessário saber quais as forças de que dispõe o inimigo. O egoísmo é um inimigo poderoso. Entrou na alma com o pecado original e daí estendeu seu império sobre todas as faculdades do homem.

A vontade, devido a esse domínio, tornou-se frágil e propensa ao mal; a razão, por sua vez, velou-se, e a imaginação emancipou-se; as paixões revoltaram-se e os sentidos passaram a conspirar constantemente contra a sã razão.

Esse egoísmo teve tempo de preparar seu refúgio durante anos. Todo o tempo da infância e adolescência, até ao momento em que a alma decidiu-se a viver para Deus foi consagrado a alimentar e fortificar o amor próprio. 

O egoísmo lançou, assim, raízes profundas nos hábitos e inclinações. Todas as fibras do nosso ser, todas as células do nosso organismo foram como que impregnadas por ele. Todas as idéias que nutrem a inteligência, todas as representações que povoam a imaginação, todas as palavras que caem dos lábios, tudo foi mais ou menos penetrado por esse veneno.

E como se esse mal já não fosse excessivo por si mesmo, foi ainda agravado por tudo quanto rodeia o homem. Os princípios do mundo não têm outro fundamento que o egoísmo; seus exemplos não encorajam se não o amor próprio; suas palavras não louvam senão os que se dirigem segundo suas máximas.

O sorriso, a ironia, o ultraje, a perseguição, o escândalo servem, cada um por sua vez, para enfastigar do amor de Deus as almas que querem viver piedosamente em Cristo.

Em suma, o demônio em pessoa agarra-se àqueles que querem resolutamente seguir os passos de Jesus. Sua tática consiste em alimentar continuamente o egoísmo. Raramente manifesta-se por uma intervenção direta. Ele é tão horrível que sua presença assustaria a alma, afugentando-a para sempre.

Entretanto, ele excita os apetites desordenados da carne; fomenta o orgulho, excita a paixão da glória, insinua-se ns faculdades, inclinado-as para o mal. Aproveita-se de todos os acontecimentos exteriores e de todas as disposições interiores da alma e do corpo para atingir o seu fim.

Usa do formidável poder que Deus lhe deixou, para tentar os homens; da experiência de milhares de anos, que adquiriu em seu triste mister, enfim, de todas as astúcias e de toda a violência que lhe pode inspirar o ódio a Deus e seus filhos.

Todos os esforços se dirigem para o fim; fazer germinar a semente do egoísmo, e abafar o germe do amor de Deus.

Porquanto esse amor, no começo, não é senão germe, e quão frágil!

A terra na qual Jesus depositou esse germe é uma terra ingrata, onde o joio tudo invadiu. Essa terra é a natureza humana onde as raízes cravam-se na carne e no sangue. Como poderá um amor todo espiritual criar raízes num solo tão estéril?

… Não desanimes, entretanto. Se o adversário é forte, Jesus é ainda mais potente.

Antes de tudo, lembra-te que foi Ele quem criou teu coração. Por mais aviltado que esse coração esteja, conserva uma certa nobreza, uma necessidade de profunda felicidade, de paz, de imortalidade; uma sede de amor que nenhum bem criado pode saciar. É por esse laços imperceptíveis, porém fortes, que Jesus retêm ou reconduz a si as almas.

Em seguida, Deus entrou na alma do justo com a graça santificante. A Santíssima Trindade estabeleceu nela seu trono e Jesus apossou-se de sua vida.

Uma vez que a alma se pôs resolutamente sob a direção desse Mestre todo poderoso , Ele não desvia dela o olhar: “Palpebrae ejus interrogant filios hominum” (Sl 10,5). Suas pálpebras interrogam os filhos dos homens.

Sua bondade previne a alma, acompanha-a e segue. Sua graça sustenta-a, reanima-a, fortifica-a e cura. Jesus é fiel. Por mais nigorosos que sejam os ataques infernais, Ele não permite jamais que excedam às forças da alma (I Cor 10,13).

Jesus é generoso. Ele alimenta a alma com sua própria substância e todos os dias, se ela assim o quer. Prepara-lhe um banho com seu sangue, onde ela pode purificar-se de suas manchas e curas suas chagas. Ele destina à sua guarda um príncipe celeste, incumbido de frustrar a astúcia de satã, e de reanimá-la, enconrajá-la e estimulá-la ao bem.

Ele a confia enfim à Mãe querida para ser amparada com sua ternura e solicitude maternais.

A presença tão meiga do divino Mestre é velada pela fé; as verdades mais encorajantes mal transparecem através de espessas nuvens; a ação da graça é tão delicada, tão sutil, que a alma apenas percebe seu sopro e nem sente suas carícias.

Não poderia Deus elevar as almas com o poder de sua graça e transportar-lhes a barca num instante até ao porto da satidade?

É óbvio que sim. Mas onde, o prazer que ele sente, ouvindo a pobre alma murmurar, apesar de tudo, um ato de confiança na sua soberana bondade, vendo nossa débil natureza, em luta contra tantos obstáculos, exposta à correntes diversas, remar, mesmo assim, com os olhos e os coração fixos Nele? Onde, então, a admiração dos anjos e santos no céu, se eles não tivessem sob os olhos o espetáculo de tanta constância de alma num corpo tão frágil, tantos esforços para o céu num ser todo inclinafo aos prazeres da terra?

Oh! não te aflijas, minha alma, não temas.

O Onipotente luta em ti e por ti. Jesus não te abandonas, e conduzir-te-á à vitória.

Tais são as condições desse combate entre o amor e o egoísmo, entre o céu e o inferno, entre Jesus, o Rei da Glória, e satã, o príncipe das trevas.

Tu, minha alma, se és a causa da luta, és também o árbitro.

… Ai de nós!

Ele criou tua vontade livre, e não a violentará.

És tu quem escolherá entre Jesus e satanás, entre o amor e o egoísmo, entre o prazer que podes proporcionar a teu bom Mestre, morto por ti, e a aflição que lhe causarás com a tua infidelidade.

A ti compete escolher se pertencerás a Jesus e até que ponto lhe pertencerás, se serás um cristão comum ou uma alma de elite, se arrastarás no mundo a corrente de teu egoísmo ou se alçarás o voo nas asas do divino amor.

Ó Jesus! mil e mil vezes sou vosso.

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Auxiliai-me a pelejar nos combates do amor.

O Divino Amigo – Pe. Joseph Schrijvers

Visto em: catolicosribeiraopreto.com

 

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