Card. Cañizares: Laicismo ideológico leva a compreensão atéia da própria existência


04.10.2007 - O Arcebispo de Toledo, Cardeal Antonio Cañizares Llovera, denunciou que o grande drama de nosso tempo é o laicismo ideológico que empurra ao homem a uma compressão atéia da própria existência, que quer prescindir de Deus e converter-se no dogma público.

"O processo de secularização constitui, sabemos bem, o batimento do coração da modernidade (…). O fenômeno da secularização, ao menos em alguns países, assume cada dia com mais força a forma de um laicismo, mais ou menos oficial, radical e ideológico, em que Deus não conta; atua-se ‘como sim Deus não existisse’, e à fé reduz ou encerra à esfera do privado", advertiu durante sua exposição "Cristianismo e secularização: desafio à Igreja e a sociedade", realizada na sede do jornal La Razón.

Nesse sentido, criticou o laicismo ideológico que considera toda referência a Deus como "uma deficiência na maturidade intelectual"; comportamento que leva a homem irremediavelmente a uma "compreensão atéia da própria existência" e faz com que acredite o verdadeiro e único criador do mundo e dele mesmo.

Esta é a razão, explicou, pela que "a liberdade individual deve ser como um valor absoluto ao que todos outros teriam que submeter-se, e o bem e o mal teriam que ser decididos pela gente mesmo, ou por consenso, ou pelo poder, ou pelas maiorias".

Entretanto, o Cardeal Cañizares afirmou que "não é possível um Estado ateu" porque "a democracia funciona se funcionar a consciência", e esta se oriente conforme a valores éticos fundamentais "que podem ser postos em prática incluso sem uma explícita profissão de fé, e no contexto de uma religião não cristã".

Os antigos gregos, recordou, "tinham descoberto que não há democracia sem a submissão de todos a uma Lei, e que não há Lei que não esteja fundada na norma do transcendente do verdadeiro e o bom"; por isso os direitos fundamentais do homem não são criados pelo legislador, mas sim existem por direito próprio "e têm que ser reconhecidos e respeitados pelo legislador, pois se antepor a ele como valores superiores".

"A vigência da dignidade humana prévia a toda ação e decisão política remete em última instância ao Criador: só Ele pode criar direitos que se apóiam na essência e verdade do ser humano e dos que ninguém pode prescindir", assinalou.

Do mesmo modo, advertiu do perigo de confundir "neutralidade e laicidade", entre "um Estado não confessional, neutro, e um Estado de confissão laicista, expressa ou tácita, mas real; ou entre ‘livre pensamento’ e secularidade; ou que se contraponham fé e razão, religiosidade e ciência; como se a fé e a religiosidade fora um pouco superado, que fica para a individualidade e a privacidade, que não é universalizável para a organização social e para o progresso".

Diga o que se diga, assinalou, o secularismo e o laicismo levam a homem à solidão. "O homem pode excluir a Deus do âmbito de sua vida pessoal e social ou pública. Mas isto não ocorre sem gravíssimas conseqüências para o homem mesmo e para sua dignidade como pessoa", alertou.

Por isso, o Cardeal defendeu a fé e a proclamação de Jesus Cristo, cuja existência é uma manifestação de Deus. "A afirmação de Deus conduz à afirmação do homem, que é raiz e fundamento da dignidade e inviolabilidade de todo ser humano e leva conseguintemente à paz e à coesão da sociedade", expressou.

Fonte: ACI

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Lembrando...

Laicismo "dá as costas a Deus", afirma Cardeal Rouco

30.11.2006 - MADRI - O Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio María Rouco Varela, chamou os católicos a responder ao laicismo do testemunho da fé, porque detrás desta corrente há "um dar as costas a Deus" e acreditar que o homem se basta a si mesmo.

"Diante de uma forte onda de laicismo, mas também frente ao perigo da reconciliação ameaçada, descobrimos que no fundo há um dar as costas a Deus, a Jesus Cristo, acreditar que o homem basta a si mesmo, desenvolver um egoísmo pessoal e coletivo que não quer chegar ao fundo nem do conhecimento próprio do homem nem do conhecimento da vida", declarou o Cardeal à rede COPE.

O Arcebispo fez esta afirmação ao explicar a Instrução Pastoral "Orientações morais diante dea situação atual na Espanha", aprovada na Assembléia Plenária da Conferência Episcopal Espanhola celebrada a passada semana.

Indicou que o objetivo do texto é tentar "extrair conseqüências práticas da fé em Jesus Cristo (...) para a vida e a situação atual da sociedade e do mundo na Espanha. Nesta a Espanha (...) que está realizando sua caminhada através da história com dificuldades e graves problemas. Mas também com muitas esperanças".

Assim, exortou aos católicos a responder ao laicismo "em primeiro lugar, com o testemunho da fé". Explicou que quem "sente em seu coração arder" o amor de Jesus Cristo, "tem que voltar seu olhar, e com seu olhar sua atuação e seu comportamento para a realidade que lhe circunda nesta vida".

"O amor de Cristo tem que chegar também a estas realidades com as que vivemos, onde o pecado, o sofrimento, a dor, continuam estando tão vivos, mas também as vontades e o desejo da esperança, de ressurgir com nova vida também está vivo e vibrante", afirmou.

O Cardeal Rouco lembrou que anunciar e viver o Evangelho "tem conseqüências para a forma de viver a democracia, para viver a relação entre moral e democracia, para ver e conhecer como se serve ao bem comum, para ver como se respeita e se promove a liberdade religiosa", e em todos os aspectos da vida humana.

Fonte: ACI digital

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Laicismo = O laicismo é uma doutrina filosófica que defende e promove a separação do Estado das igrejas e comunidades religiosas, assim como a neutralidade do Estado em matéria religiosa.


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