Uzbequistão: campos férteis viram desertos de sal


17.06.2008 - O sal estala sob os pés como se fosse neve, em um campo estéril da região oeste do Uzbequistão. "Há 30 anos, aqui se plantava algodão", diz um agricultor de 61 anos que viveu perto da cidade de Khujayli por toda a vida. "Agora, é uma planície salgada".

O Uzbequistão, um país sem saída para o mar que no passado fez parte da União Soviética, representa uma das grandes áreas de desastre artificial da História. Por décadas, seus rios foram desviados para permitir o cultivo de algodão em terras áridas, o que fez com que o Mar de Aral, um grande lago salgado, perdesse mais de metade de sua área, em 40 anos.

Mas velhos hábitos são difíceis de abandonar, e 17 anos depois que a União Soviética desabou, o algodão continua a ser rei , e a destruição ambiental prossegue, sem trégua, o que reduz o rendimento das plantações.

O Uzbequistão é o segundo maior exportador de algodão do mundo, depois dos Estados Unidos, e um terço da sua receita em moedas fortes depende do produto, mas essa situação parece cada vez mais ameaçada pela corrupção, pelo mau planejamento e pela degradação das terras aráveis.

Hoje, muito menos dinheiro é gasto na manutenção das vastas redes de drenagem de água e de irrigação que cruzam o território do que costumava ser o caso na era do comunismo. As autoridades uzbeques investem em média US$ 12 por hectare em manutenção, aproximadamente R$ 19, ante os US$ 120 (cerca de R$ 193) por hectare da era soviética, de acordo com o Instituto Internacional de Administração da Água. Canos de drenagem entupidos elevam o nível do sal na terra, prejudicando as plantações e reduzindo ainda mais o rendimento.

Um relatório da ONU, em 2001, estimava que 46% das terras irrigadas do Uzbequistão sofreram danos devido à salinidade, naquele ano, ante 38% em 1982 e 42% em 1995.

"O sistema de distribuição está dilapidado, o sistema de drenagem está despencando", disse um especialista estrangeiro, que pediu que seu nome não fosse mencionado porque ele trabalha com funcionários do governo uzbeque. "O problema é sério".

Determinar de que maneira isso afetou a produção de algodão é uma questão difícil. O algodão e seu nível de produção se tornaram uma questão política tão disputada que não existem estatísticas nacionais facilmente disponíveis. Mas um padrão de declínio para o setor estava evidente em três regiões, de acordo com números locais obtidos pelo New York Times.

Em Karakalpakstan, a região que abriga o que resta do Mar de Aral, a área total de terra sob cultivo caiu em 14% desde 1991, de acordo com estatísticas locais. Na região de Bukhara, no sul, as terras cultivadas com algodão se reduziram em 15% nos últimos oito anos, e na região de Jizzax, no centro do país, 15% das terras aráveis são hoje salgadas demais para cultivo.

Em Manghit, uma pequena cidade perto de Khujayli, um dos primeiros sinais da presença excessiva de sol surgiu nos anos 80, quando começaram a desaparecer os cogumelos que cresciam nas margens do rio Amu Darya, relembra um agricultor local.

Terras que costumavam produzir 4,5 toneladas de algodão bruto por hectare, agora produzem apenas 2,5 toneladas e, em certas áreas, apenas 1,3 tonelada, disse o agricultor, que pediu que seu nome não fosse mencionado porque as autoridades uzbeques desaprovam que cidadãos do país falem com jornalistas estrangeiros.

"Quando você vê todo esse sal, logo se deixa tomar por pensamentos sombrios e escuros", ele afirmou, explicando que o sal é o que resta quando a água evapora devido à irrigação intensa. "Nada cresce em terras salgadas. É como estar em pé sobre uma sepultura".

Os problemas ambientais do Uzbequistão remontam aos anos 50, quando o líder soviético da era, Nikita Khrushchev, decidiu reforçar a industrialização da agricultura, desviando as águas dos rios para uma complexa rede de canais. A terra começou a lentamente mudar.

O agricultor de Khujayli ainda recorda de uma viagem de carro com seu pai, no inverno de 1954. Eles partiram da cidade de Muynoq, e tiveram de cruzar a superfície gelada do Mar de Aral, cujas águas chegavam à cidade. Agora, a costa do Mar de Aral fica a mais de 80 quilômetros de Muynoq. Nos anos 70, ás árvores de damascos de seu avô morreram. O sal corrói os sapatos, aqui, e embranquece os tijolos. "Nós violentamos a terra por muitos anos", ele diz. "Esse é o resultado".

Fonte: Terra notícias

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Lembrando...

Capa da revista Època pergunta: O Mundo vai acabar?

Parte da reportagem da revista Època, edição 455, em 03.02.2007

Apocalipse:

Os principais especialistas em clima anunciam catástrofes bíblicas trazidas pelo efeito estufa. O mundo vai acabar?

O maior encontro de cientistas sobre mudanças climáticas chegou a uma conclusão: o planeta ficará irreconhecível nas próximas décadas.

Não foram exatamente as trombetas do apocalipse previstas por alguns fanáticos religiosos. Mas o mundo recebeu, na semana passada, uma mensagem de teor bem semelhante. Só que, desta vez, amparada por evidências científicas. Um painel formado pelos mais respeitados especialistas em clima, conclamados pelas Nações Unidas, declarou que não há mais dúvidas: nosso planeta está esquentando. E por nossa culpa. Os cientistas adiantaram algumas conseqüências desse aquecimento. Trata-se de uma lista de catástrofes com proporções bíblicas. Haverá fome, seca, miséria, furacões e enchentes. Até os mares já estão subindo - 3,3 milímetros por ano, duas vezes mais rápido que no século passado. O relatório final dos cientistas deverá agora guiar uma ação global para salvar o mundo como o conhecemos.

O futuro do planeta foi traçado pelo IPCC, um painel que reúne uma elite de 2.500 dos principais pesquisadores de mudanças climáticas. Esse comitê, formado em 1988, se reúne regularmente para atualizar as informações sobre o clima. Nos últimos quatro anos, os cientistas avaliaram os resultados dos milhares de pesquisas realizadas pelos principais centros e universidades do mundo. O objetivo do painel é extrair as maiores certezas desses estudos. É por isso que o relatório final, anunciado em Paris, na sexta-feira 2, é tão relevante. E, ao contrário dos relatórios anteriores, este é recebido por um mundo em estado de alerta. Fenômenos naturais atípicos recentes, como a onda de calor na Europa e o fim da neve em estações de esqui, mudaram a percepção mundial sobre ecologia. O alarme tem um aspecto positivo. Governos, empresas e boa parte da população passaram a tomar medidas para combater o efeito estufa (leia a reportagem "Como vamos viver"). A preocupação dos ambientalistas, antes vista como alarmista, tornou-se questão prioritária.

Para ler a reportagem completa você deve ser assinante.

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Nota do Portal Anjo: www.portalanjo.com

Diz na Sagrada Escritura:
(ou "eles" vão alegar, que a Bíblia também é coisa de alguns fanáticos religiosos, conforme disse a reportagem acima)

"Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas". (Lc 21,25)

"O quarto derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com o fogo". (Ap 16,8)

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