Obstetra cita o nazismo ao criticar interrupção de gravidez de feto anencéfalo


04.09.2008 - O obstetra Dernival da Silva Brandão fez um discurso entusiasmado na terceira audiência pública no STF (Supremo Tribunal Federal) para discutir a interrupção da gravidez em casos de fetos anencéfalo. O médico excedeu o tempo de quinze minutos determinado pelo relator do processo, ministro Marco Aurélio de Mello e citou o nazismo ao dizer que a interrupção da gravidez nesses casos é uma atitude de eugenia (teoria que defende o controle social como forma de melhorar as raças).

Brandão usou argumentos que já haviam sido utilizados nas outras audiências, chamando de "aborto" a interrupção da gravidez. Ele também questionou o fato de as crianças anencéfalas respirarem e terem um coração que bate, dizendo que a morte não devia ser determinada apenas pelo eletroencefalograma, que considera somente a atividade cerebral. Atualmente, a morte de um indivíduo é constatada legalmente pela morte cerebral.

O ministro tentou interromper o médico diversas vezes, pedindo para que ele concluísse seu pronunciamento. Ao final, Mello perguntou se o sofrimento purificava o ser humano, como o médico havia dito durante seu pronunciamento. O médico confirmou sua afirmação, dizendo que o sofrimento podia, inclusive, unir as pessoas. Mello ainda voltou ao assunto no encerramento da audiência, dizendo que gostaria de perguntar a mesma questão a cada um dos que foram ao plenáro antes, mas iria poupar os presentes.

A endocrinologista Ieda Therezinha Verreschi também foi ouvida e defendeu a proibição da interrupção de parto. Ela afirmou que a abordagem da medicina no STF até agora vinha de uma única perspectiva e mostrou que anencéfalos podem ter até a hipófise, glândula que regula o funcionamento hormonal do corpo. Para ela, retirar o bebê do útero antes do momento do parto seria "um retorno da sociedade à barbárie".

A médica pediatra Cinthia Specian também discordou do argumento de que bebês anencéfalos não têm vida por não terem cérebro. Ela aprensentou um estudo feito nos Estados Unidos com doze bebês nascidos vivos com diagnóstico de anencefalia e que persistiam com sinais clínicos de atividade cerebral por um período maior do que sete dias. Esses sinais seriam movimento dos olhos, resposta a reflexos, audição e respiração espontânea. Cinthia afirmou ainda que o protocolo para diagnóstico de morte encefálica indicado pelo Conselho Federal de Medicina só pode ser aplicado a um paciente que tenha mais de sete dias de vida extra-uterina.

A favor
A última especialista a falar na audiência pública desta quinta-feira foi a socióloga e cientista política Jacqueline Pitanguy, que representou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Ela apóia a interrupção voluntária da gravidez em gestações de fetos anencéfalos.

Ela usou a lei que rege os transplantes no país para fundamentar seu argumento. Para a doação de órgãos, é necessário o reconhecimento da morte cerebral do doado. "Isto significa que o conceito de vida está intimamente ligado às funções cerebrais", disse. A ausência de funções cerebrais seria equivalente à ausência de vida, disse Jacqueline. "Creio que não caberia, nessa circunstância, um debate filosófico sobre a vida", afirmou.

A sessão de hoje ainda não será a última, como havia anunciado anteriormente o STF. Uma nova sessão, no dia 16 de setembro, deve trazer ao plenário o Advogado Geral da União e o Procurador Geral da República.

Fonte: UOL notícias

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Lembrando...

Por que não fiz um aborto: O relato de uma mãe.
(relato da mãe de um anencéfalo da cidade de Jales, SP)

Artigo publicado em 01/08/2004 no Jornal de Jales (p. 1-10) edição n.º 2062. Tel: (17)3632-1330

Depois de duas gestações perfeitamente normais fiquei grávida pela terceira vez. Um bebe que não foi planejado, mas sua vinda inesperada foi imensamente comemorada. Porém, em novembro de 2003, então com 22 semanas de gestação, tivemos o diagnóstico: nosso filho sofria de anencefalia, isto significava que ele não sobreviveria após o nascimento. Aquela notícia caiu como uma bomba em nossas vidas. Mas ao invés de questionar e suas intenções e simplesmente ignorar aquela vida que crescia em meu útero, agarramos esta grande oportunidade que Deus estava nos dando e resolvemos continuar a gestação.

Acima de tudo amávamos nosso filho. Mas por que ? Porque não se joga fora um presente que é dado com imenso amor. Um presente que veio embrulhado em uma linda caixa, porém imperfeito, mas apesar de suas imperfeições, foi escolhido com cuidado, com amor que só um Pai que ama seus filhos pode dar. Eu aceitei essa bênção. Nosso filho foi e ainda é um presente. Um anjo enviado dos céus que apesar de sua breve estada nos deixou uma imensa lição. Foram sete meses e meio de gestação. Durante esse tempo que era praticamente o único que teria ao lado dele, procurei viver de forma intensa. Lembro-me de cada chute, de cada vez que ele se mexia dentro de mim. E não me arrependo disso. Foram sete meses e meio apenas, mas me serviram como uma vida toda ao lado dele. Sinto-me grata e feliz por ter optado pela vida, por ter amado meu filho com todo o amor que uma mãe pode dar.

Meu filho nasceu em 22 de dezembro de 2003, de cesariana. Nosso amado filho Luis Eduardo permaneceu vivo por uma hora e meia ainda. Seu pai ficou ao lado dele, pois eu estava sedada. Então mais uma vez ele foi acolhido e amado.

Hoje, após sete meses de sua chegada e partida, temos uma imensa saudade. Ele nos deixou o ensinamento do amor, da doação, da aceitação, da Fé e da absoluta confiança em Deus. Sou uma pessoa feliz, apesar da imensa falta que ele me faz. Sou feliz por não ter negado ao meu filho a breve vida à qual ele foi destinado. Sou feliz por Deus ter me escolhido para carregar em meu ventre um lindo anjo de sua seara.

Acredito que o aborto seja escolha de cada um e não cabe a mim ou a ninguém julgar essas escolhas, porém, qual o direito que temos de tirar uma vida que está ativa dentro do útero?

Desde o parto, eu participo de um grupo chamado "Mourning Mommies", de ajuda mútua a mães que perderam seus filhos por anencefalia. A grande maioria delas levou a gestação a termo e até onde sei, todas se sentem gratificadas por isso, apesar da dor da perda... Todas se sentem gratificadas por terem compartilhado dos poucos instantes de vida de seus filho ...
Agradeço a você, meu filho Luis Eduardo, por tudo de bom que você nos deixou como lembrança.

Agradeço senhor Deus, por ter nos carregado em seus braços e nos dado forças para superar toda essa dor.

Milene Falcão

Fonte: Pró-Vida de Anápolis
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"Coração Imaculado de Maria, livrai-nos da maldição do aborto


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