A Bem-Aventurança da Perseguição


03.04.2009 - Artigo Extra  -  www.rainhamaria.com.br

As perseguições à barca de Pedro não param
O ódio público contra a Igreja católica continua

Recentemente, o bispo da Basileia (Suíça), Dom Kurt Koch, em um artigo publicado na Itália pelo Giornale del Popolo, afirma que «80% das pessoas perseguidas hoje por sua fé no mundo são cristãs». Diz ainda que «A religião cristã é hoje a mais perseguida no mundo. Só em 2008, dos cerca de 2,2 bilhões de cristãos, 230 milhões sofreram discriminações, marginalizações, hostilidade permanente e inclusive perseguições por causa de sua fé». Vale lembrar os ataques recentes ao Santo Padre, as perseguições de governos laicistas, as perseguições na Índia, no Paquistão, nos países muçulmanos, a perseguição de governos socialistas na Bolívia, Venezuela, Espanha, no Brasil...mas não nos admiremos se o mundo nos odeia. “A verdade não pede favor, porque a perseguição não a intimida. Nossa religião sabe que seu destino é ser estrangeira sobre esta terra e que sempre terá adversários. É no céu que ela tem sua sede, suas esperanças e sua glória. A única coisa que aspira é não ser condenada sem ter sido ouvida.” (Tertuliano, Apologeticum). “Somos os únicos a serem odiados pelo nome de Cristo e nos tiram a vida, sem termos cometido crime algum, como se fôssemos pecadores. Os hereges não são perseguidos. Todavia, estamos certos de que não são perseguidos, nem condenados, ao menos por causa de suas doutrinas.” (São Justino). Mas nosso Senhor nos disse: "Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós". (Jo 15,18), "Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia". (Jo 15,19), "Não vos admireis, irmãos, se o mundo vos odeia". (1Jo 3,13)

Desde à época dos apóstolos, os cristãos sofriam perseguições. Os evangelhos adver os discípulos que sua escolha poderia implicar sofrimento e perseguições; poderiam ser “arrastados diante dos sinédrios e flagelados nas sinagogas” (Mt 10,17). O próprio Jesus afirmou que o sangue de sua Aliança seria derramado por muitos (Mt 14,24; Mt 26,28) e por seu Nome seria derramado também o sangue dos cristãos (Mc 10,39).

A primitiva comunidade de Jerusalém bem depressa se encontrou com a verdade destas palavras. Por volta de 31 ou 32 d.C, Estevão se tornou o primeiro mártir (At 7,60). De acordo com Victor Saxer (Pont. Inst. Arq. Cristã, Roma), Estevão foi lapidado (morto com pedradas) fora de Jerusalém num momento em que o cargo de prefeito romano estava vacante. A lapidação era conforme aos usos judaicos, mas fora do processo romano.

Em 44, o zelo de Herodes Agripa pela exata observância da Lei, durante o breve período de seu governo servil (41-44), culminou no martírio de Tiago, irmão de João (At 12, 2-3). Segundo J. Blinzer (Novum Testamentum 4, 1962, 191-206), a partir de Atos 12,13 e de documentos judaicos, a morte de Tiago foi decretada pelo sinédrio, de tendência saducéia, conivente com o rei Agripa, sob a acusação de revolta de massa. Por isso, não foi decapitado, mas passado a fio da espada (Cf. Dt 13,15). (Cf. Clemente de Alexandria, Hypotyposeis VII, em Euseb., HE 11,9; Atos e a Paixão de Pseudo-Abdias, 400dC).

Algumas fontes narram os sofrimentos e o martírio de Mateus, apedrejado, queimado e decapitado na Etiópia, de onde as relíquias do santo teriam sido transportadas, primeiro para Paestum e depois, no século X para Salermo, onde até hoje se encontram.

O Apóstolo Pedro foi crucificado de cabeça para baixo, em Roma, durante o reinado de Nero. Seu martírio é datado de 29 de junho de 57dC. (Cf. Atos de Pedro, 200dC; Dionísio de Corinto (Euseb., HE 2, 25-8, 166-174dC); o sacerdote romano Gaius (ibid. 2, 25, 6-7, 199-217dC); Orígenes (ibid 3,1, 253 dC); crucificado de cabeça para baixo (Ps.Clemente, séc III; Atos latinos de Vercelli, séc IV, redação de origem romana; Paixão de Ps. Lino (BHL 6655), séc IV; Atos de Pedro e Paulo do Ps. Marcelo (BHL 6657, cap 22-88), do séc V; Paixão de Pedro e Paulo, do Ps. Hegesipo ou Ps- Ambrósio (BHL 6648), 580 dC; Crônica Latina de 533 dC; O martírio de Pedro, do Ps- Abdias (BHL 6663), séc VI); O cânon de muratori).

Tiago Menor, filho de Alfeu foi lapidado (Apedrejamento) por Anano no ano de 62 dC, durante o interregno entre a morte do procurador Festo e as ascensão de Albino. (Flavio Josefo, Antiguidades Judaicas XX, 9,1; Eusébio (HE II, 23, 4-20).

O apóstolo André, em Patras, já bem velho foi condenado pelo governador Egeates a morrer um uma cruz em forma de X que, por causa dele, tomou o nome de cruz de santo André. Bartolomeu foi esfolado e decapitado na Armênia (Acta Apost. Apoc., Leipzig 1888, p. II/1, 128-150; Acta Phil.).

Marcos, foi arrastado pelas ruas de Alexandria e Egito, até expirar.

Lucas, foi enforcado em uma oliveira na Grécia. No ano de 92, João chega à cidade de Roma. Era do imperador Diocleciano, que se intitulava "Senhor e Deus". Ao recusar o sacrifício sacrílego, foi condenado. A sentença determinou que, em frente à Porta Latina.

João fosse mergulhado numa caldeira com azeite fervendo (Tertuliano) ou, simplesmente água fervendo (Gregório de Nissa). Antes, o juiz determinou que seus cabelos longos fossem cortados. A lei ordenava que os condenados fossem açoitados pelos litores antes de lançá-los à caldeira. Era o dia 8 de maio do ano 92 da Era Cristã. A sede do martírio foi em vão. A caldeira ardente e fumegante tornou-se, subitamente, um suave orvalho. As ordens do Pretor, a cólera do carrasco e o ódio do imperador não conseguiram acender de novo a fornalha. João saiu revigorado das chamas e foi condenado a viver exilado na ilha de Patmos, para trabalhar nas minas (São Vítor e São Primácio).

Filipe, foi enforcado de encontro a um pilar em Hierápolis (Frígia, Ásia Menor).

Tomé diz-se que foi morto pelas lanças de alguns soldados. (Acta Thomae, 164, 168). Desenvolvimentos dos episódios de Acta Thomae encontram-se em Gregório de Tours (Glor. Mart. 31-32).

Judas Tadeu teria sido martirizado em Arado, nas proximidades de Beirute.

Simão, depois de Pentecostes anunciou o Evangelho no Egito e na Pérsia, onde teria dado testemunho de Cristo pelo sangue. (Epif., Vita Andreae: PG: 120-244).

Paulo foi martirizado em Roma durante a perseguição desencadeada por Nero, entre 64 e 68 dC. (Inácio de Esmirna, In. Rm. 4,3). Pelo fim do século II, Gaius conhece o “tropaion” de Paulo., mártir na Via Ostiense (Cf. Euseb., HE, 25, 7).

Timóteo, o mais estimado discípulo e colaborador de Paulo foi martirizado em Éfeso, onde os pagãos do lugar o mataram. (Passio, BHG 1847; BHL 8294).

Simeão, filho de Cleofás, primo de Jesus foi o segundo bispo de Jerusalém, sucessor de Tiago menor. Foi martirizado em 107, sob o reinado de Trajano (Euseb., Chron. Ano 107), depois de longos tormentos foi crucificado.

Barnabé, foi morto em salamina, Chipre, pelas mãos dos judeus. (Acta et passio Barnabae in Cypro, ed. Bonnet).

No ano 107, recebeu a palma do martírio, Inácio de Antioquia. Policarpo de Esmirna, discípulo de João, morreu mártir a 23 de fevereiro de 167, na fogueira, tinha 86 anos. (Mart, 12,2; Euseb., HE IV, 14, 10; o martírio de Polycarpo está preservado em seis manuscritos gregos, todos derivando do Corpus Polycapianum que foi escrito no começo do século V. Mas Eusébio, no início do século IV, copiou quase todo o texto que chegou as suas mãos; HE 4.15.3-45). Justino, de acordo com o autêntico Martyrium SS. Justini et Sociorum VI (BAC 75, 316), foi condenado à morte sob Rústico, prefeito de Roma entre 163 e 167.

O número de mártires que conhecemos com nomes próprios é um pouco mais de duzentos. O número conhecido pelas Acta martyrum (atas dos mártires), pelo culto, ou outras fontes, se aproxima do milhar. Algumas atas e alguns mártires são famosos. Entretanto, estima que foram martirizados nos três primeiros séculos entre 120.ooo e 200.ooo cristãos. (Acta de los mártires, Daniel Ruiz Bueno, BAC)

Em 177, os mártires de Lion nas Gálias, França atual, entre eles são Blondina, escrava.

No ano de 180 Perpétua e Felicidade (esta escrava) em Cartago.

Do século III temos Cipriano, bispo de Cartago e Frutuoso, bispo de Tarragona. Finalmente, na perseguição de Diocleciano, Vicente, diácono de Zaragoza. São mártires cujas atas conhecemos. Outros, cujo martírio é conhecido pelo culto antigo como os grandes mártires romanos Inés, Sebastião, Pancrácio, dos que temos a igreja a eles dedicada, com seu sepulcro e inscrições e notícias litúrgicas.

Se o Cristianismo não estivesse fundamentado em acontecimentos históricos reais segundo a narrativa apresentada pelos Evangelhos, historicamente autênticos, tantas pessoas contemporâneas aos fatos que ocorreram em torno da figura histórica de Jesus, dariam suas próprias vidas como testemunhas de uma fraude? De uma farsa? E claro que não.

Não são os cristãos que se opõem ao mundo. É o mundo que se opõe a eles quando é proclamada a verdade sobre Deus e sobre o homem. Num mundo onde tudo tende a ser natural, a negação do pecado torna tudo permissível. O mundo revolta-se quando o pecado é chamado pelo seu próprio nome. Por isso, demonstraria desconhecer tanto a Igreja como o mundo quem pensasse que estas duas realidades podem encontrar-se sem conflitos, ou até mesmo identificar-se.

[1] Dicionário Patrístico e de antiguidades cristãs. Paulus.
[2] Actas de los mártires. Daniel Ruiz Bueno, Biblioteca de autores cristianos.
* O Papa Pio X, disse certa vez que a Igreja além de ser UNA, SANTA, CATÓLICA E APOSTÓLICA, E TAMBÉM, PERSEGUIDA.

Por Daniel  -  http://advhaereses.blogspot.com/


Rainha Maria - Todos os direitos reservados
É autorizada a divulgação de matérias desde que seja informada a fonte.
https://www.rainhamaria.com.br

PluGzOne