Quase metade dos universitários brasileiros já consumiu drogas, diz pesquisa


23.06.2010 - Quase metade dos universitários brasileiros já fez uso de alguma substância ilícita. É o que mostra o 1o. Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas, que entrevistou cerca de 18.000 universitários nas 27 capitais. Cerca de 8% dos universitários estão sob risco de desenvolver dependência de maconha.

De acordo com a pesquisa, aproximadamente 40% dos universitários usaram duas ou mais drogas nos últimos 12 meses. Além disso, 43% afirmaram já ter feito uso múltiplo e simultâneo de drogas na vida. Desses estudantes, quase metade respondeu que o motivo para isso foi "simplesmente porque gostavam ou porque lhes possibilitava esquecer os problemas da vida".

O levantamento constatou que o uso de substâncias ilícitas é maior entre os universitários das regiões Sul e Sudeste, de instituições privadas, da área de Humanas, do período noturno e por universitários com idade acima dos 35 anos.

"Os estudantes universitários apresentam um consumo de drogas mais intenso e frequente do que outras parcelas da população em geral", diz o médico Arthur Guerra, um dos responsáveis pelo levantamento.

Álcool

Em relação ao álcool, a maioria dos universitários (86%) afirmou já ter bebido e 36% dos entrevistados beberam, nos últimos 12 meses, em binge (cinco ou mais doses alcoólicas para homens ou de quatro ou mais doses para mulheres dentro do período de duas horas).

De acordo com a pesquisa, 22% dos estudantes do ensino superior estão sob risco de desenvolver dependência de álcool.

O estudo foi realizado pela Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), em parceria com o Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Foram entrevistados cerca de 18.000 universitários, matriculados no ano de 2009, de 100 instituições de ensino superior públicas e privadas.

Fonte: UOL noticias

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Lembrando...

Drogas: Ecstasy chega a nova classe de usuários jovens no Brasil

15.02.2009 - As armadilhas da vida adolescente da classe alta pareciam chegar facilmente a Sander Mecca: namoradas, bandas de rock, entradas para boates da moda - e um sério consumo de ecstasy. Sem a droga, raves que duravam o fim de semana todo não eram as mesmas para Mecca, que disse que às vezes consumia seis pílulas em um período de 12 horas. Então, aos 21 anos, Mecca foi preso em um bar, acusado pela polícia de ser traficante de drogas, e cumpriu quase dois anos de prisão, onde viu criminosos endurecidos e outros "playboys" que entraram na vida do crime organizado.

Sua história está se tornando mais comum no Brasil, onde o uso crescente de ecstasy está colocando uma nova classe de jovens com boa educação na mira do combate às drogas no maior país da América do Sul. Essa nova classe de distribuidores de drogas é muito diferente dos grandes traficantes fortemente armados e seus jovens soldados empobrecidos das favelas, onde a polícia brasileira envia pequenos exércitos para travar batalhas mortais.

Pelo contrário, aqueles acusados de traficar ecstasy são universitários que freqüentam a explosiva cena de música eletrônica, importada da Europa e dos Estados Unidos e que conquistou a América do Sul. Diferenças à parte, o tráfico de drogas no Brasil é cada vez mais demonizado pelos olhos da lei - a ponto de financiadores de drogas poderem receber sentenças de prisão mais severas que assassinos - e a elite do País não está saindo isenta disso.

Na semana passada, policiais federais prenderam 55 pessoas, muitas no Rio de Janeiro, em uma investigação nacional focada em jovens de classe média alta que, segundo a polícia, contrabandeavam ecstasy, LSD e outras drogas sintéticas da Europa para o Brasil. Em São Paulo, a polícia investigou raves e boates, bem como renomadas universidades, em uma extensa operação secreta com nomes de manchete como Operação Playboy e Operação Dança. Só a polícia de São Paulo prendeu centenas de universitários em emboscadas relacionadas ao ecstasy nos últimos anos.

Mesmo assim, as pílulas continuam chegando do exterior, abastecendo shows a céu aberto e raves que chegam a atrair milhares de pessoas e podem durar vários dias. A polícia federal disse que apreendeu 211 mil pílulas em 2007, 17 vezes mais do que no ano anterior, e mais 132.621 pílulas no ano passado.

A ascensão do ecstasy como uma droga dos ricos brasileiros abriu ainda mais as portas para policiais corruptos ganharem vantagem com usuários e suas famílias. Agora que o Brasil eliminou sentenças de prisão para usuários de drogas, enviando-os a tratamentos ou serviços comunitários, a polícia chega a ganhar centenas de milhares de dólares em propinas para não acusar aqueles pegos com ecstasy de serem traficantes, segundo advogados de defesa e três traficantes condenados que já saíram da prisão.

"Consumidores e traficantes de ecstasy vêm de uma esfera sócio-econômica mais alta," disse Cristiano Maronna, advogado criminal de São Paulo. "Na perspectiva da polícia, ir atrás desses indivíduos se torna mais interessante porque abre portas para a corrupção policial." O ecstasy, conhecido quimicamente como MDMA, chegou ao Brasil de Amsterdã no início dos anos 1990, muito depois de ter se tornado uma popular droga recreativa na Europa nos anos 1980, disse Murilo Battisti, psicólogo de São Paulo que estudou o uso da droga no Brasil.

Agora, é comum ver adolescentes de classe média e alta vendendo ecstasy para sustentar seus gostos extravagantes na vida noturna de festas grandes e caras de São Paulo, disse Luiz Carlos Magno, chefe do Departamento de Narcóticos da polícia estadual de São Paulo. O estilo de vida festeiro se ampliou com a economia ascendente do Brasil nos últimos anos, que criou centenas de novos milionários e boates caras que ainda têm sucesso apesar da crise financeira mundial.

Organizadores de boates e festivais eletrônicos geralmente negam as sugestões de uma ligação necessária entre a droga e a música, dizendo que o ecstasy é consumido em todos os lugares, inclusive em partidas de futebol. Mecca, no entanto, disse que a ligação era inegável. "Ecstasy e raves andam de mãos dadas e isso não vai parar," disse Mecca, hoje com 26 anos. "Você vai a uma rave aqui e ninguém está sóbrio. Todo mundo toma ecstasy ou ácido e fica doido."

Traficante de classe alta
A maioria dos vendedores de ecstasy compra a droga no exterior, especialmente nos Países Baixos, disse Magno. "Seus pais têm dinheiro, mas não têm idéia do que seus filhos fazem," ele disse. Além disso, a imagem de bandidos com metralhadoras está muito distante da mente dos usuários que acabam algemados por venderem ecstasy, ou às vezes por dividir algumas pílulas com amigos. "Eles se referem aos traficantes como 'eles,' os caras das favelas," Magno disse.

As leis sobre drogas no Brasil protegem aqueles que possuem um diploma universitário, colocando-os em prisões especiais. Mas se faltar apenas um crédito para se formar, isso já significa ser jogado na prisão comum. Lucas, 24, natural do Rio de Janeiro, estava no segundo ano da faculdade quando foi pego pela polícia em um aeroporto de São Paulo com skunk, uma variação mais potente da maconha, trazida de Amsterdã. A polícia o acusou de possuir ecstasy e revistou suas malas atrás de pílulas, sem encontrar nada.

Após uma negociação fracassada entre seu advogado e a polícia - ele disse que ofereceu R$ 30 mil ou cerca de US$ 13 mil para evitar ser processado como traficante - ele foi condenado e sentenciado a cinco anos e meio de prisão. Acabou cumprindo dois anos e meio. "Fui tratado como um criminoso da pesada e colocado na prisão com assassinos, seqüestradores e tudo mais," disse Lucas, que concordou em ser entrevistado contanto que seu sobrenome não fosse divulgado, por medo de retaliação da polícia.

Na prisão, ele disse que passava por duas revistas mensais, nas quais guardas entravam nas celas e batiam nos presos enquanto procuravam por drogas, celulares e armas. Lucas, que cresceu em uma família de classe média alta no bairro do Leblon no Rio, reconheceu que vendeu ecstasy por anos, fazendo viagens a Amsterdã onde, segundo ele, cada pílula de ecstasy podia ser comprada por 30 centavos de euro em 2005; nas festas de São Paulo, as pílulas podiam ser vendidas por até 50 vezes mais.

Em 2006, o Brasil aumentou a pena mínima para o tráfico de drogas e instituiu uma sentença de oito a 20 anos de prisão para aqueles que financiavam o tráfico. Isso é mais severo que a sentença de seis a 20 anos para a maioria dos homicídios no Brasil, segundo Magno.

Como não há uma quantidade mínima de drogas que constitua o tráfico, policiais corruptos freqüentemente pedem propina após prenderem um suspeito e antes de registrarem a ocorrência, disse Maurides Ribeiro, outro advogado criminal. Como resultado, ele disse, "centenas de pessoas estão na cadeia cumprindo sentença por tráfico de drogas quando não são traficantes."

Magno reconheceu que "é possível" que essa corrupção aconteça em seu departamento de 35 mil policiais, mas disse que a Ouvidoria nunca havia prendido qualquer policial por corrupção relacionada ao ecstasy. Pais estão geralmente dispostos a pagar as propinas para evitar que seu filho seja acusado de tráfico. Como Lucas, Mecca disse que também tentou subornar a polícia, mas não conseguiu, porque jornalistas que ficaram sabendo do ocorrido estavam esperando na prisão.

Ter sido preso foi um choque. Durante seus dias de playboy, ele vivia em uma casa com cozinheira e motorista. Na prisão, ele chegou a dividir uma cela para três pessoas com até 11 prisioneiros. Quando as placas de pedra da parede que serviam como beliches ficavam cheias, os prisioneiros penduravam redes. A violência dominava tanto quanto resíduos de nicotina nas paredes. Ele disse que assistiu a presos baterem em outros até que borrassem as calças.

Mecca disse que usou seu tempo na prisão para eliminar os hábitos da droga, antes de um juiz posteriormente mudar a acusação contra ele de tráfico para uso de drogas. Outros seguiram caminho diferente. Um playboy conhecido de Mecca da cena de boates, também preso pelo tráfico de ecstasy, se juntou a uma gangue na prisão, gostou da vida criminosa e deixou o local como criminoso, Mecca disse. "Os playboys acham que como têm dinheiro, estão acima da lei e que nada os atingirá," ele disse. "Por isso continuam brincando até algo sério acontecer. A prisão mudou minha vida."

Fonte: Terra notícias

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Lembrando...

208 milhões de pessoas no mundo são usuárias de drogas, aponta relatório da ONU

26.06.2008 - Aproximadamente 208 milhões de pessoas -- 4,8% da população adulta do mundo -- usaram drogas ilícitas ao menos uma vez em 2007. Metade delas usou pelo menos uma vez ao mês e, em média, cerca de 200 mil usuários morreram no ano passado em conseqüência do consumo de drogas. Os dependentes químicos correspondem a 0,6% da população e somam 26 milhões. Os dados foram revelados pelo Relatório Mundial Sobre Drogas 2008 divulgado pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) nesta quinta-feira (26), Dia Internacional de Combate ao Abuso e ao Tráfico Ilícito de Drogas.

O documento, publicado anualmente desde 2003, traz um balanço sobre o consumo de substâncias ilícitas no mundo e ressalta que a situação, apesar de preocupante, é estável e pode ser considerada um avanço das políticas de controle de drogas.

O aumento no número absoluto de usuários de 2006 para 2007 foi de aproximadamente 8 milhões de pessoas (na comparação com dados do relatório apresentado em 2006, que indicava cerca de 200 milhões usuários) e é considerado proporcional ao crescimento da população mundial no período. Com o índice de consumidores oscilando em torno de 4,7% a 5% nos últimos anos, o cenário registrado é de estabilidade pelo quarto ano consecutivo.

O UNODC compara os dados do relatório ao consumo de drogas lícitas, como álcool e tabaco, para mostrar que os resultados do controle de drogas são positivos. Segundo o texto, o cigarro afeta até 25% da população adulta e provoca cerca de 5 milhões de mortes ao ano, enquanto o álcool mata 2,5 milhões de pessoas no mesmo período.

"Embora o abuso de heroína, de cocaína e de drogas sintéticas seja devastador para os indivíduos, essas drogas não tiveram, comparativamente, um impacto tão grave sobre a saúde pública mundial como o álcool e o tabaco", disse o diretor-executivo do UNODC, Antonio Maria Costa.

O documento, ao mesmo tempo, traz perspectivas sombrias. O aumento repentino no plantio de ópio no Afeganistão e de coca na Colômbia coloca em risco a estabilidade constatada pela ONU e atrapalha o verdadeiro avanço, que é a diminuição significativa da oferta e da demanda por drogas.

Por isso, Costa aponta três caminhos a serem traçados a partir de 2008 pelas políticas de controle de substâncias ilícitas: investir em saúde pública tanto quanto em segurança pública e aplicação das leis; atuar nos países produtores (especialmente Afeganistão, Colômbia e Mianmar), fortalecendo governos capazes de combater o tráfico de drogas, o crime organizado, a corrupção e o terrorismo; e garantir os direitos humanos em países que ainda adotam penas severas para usuários, como China e Indonésia. "A dependência de drogas é uma questão de saúde e que deve ser tratada dessa maneira, com prevenção e tratamento", ressalta.

Produção crescente

A produção de ópio no Afeganistão atingiu um nível sem precedentes e dobrou entre 2005 e 2007, alcançando 8,87 mil toneladas no ano passado. Também houve aumento de 22% no cultivo de papoula no sudeste da Ásia, depois de seis anos consecutivos de queda, e de 29% em Mianmar.

A Colômbia, maior produtora de cocaína do mundo, viu sua plantação de coca aumentar 27%, chegando a 99 mil hectares. Peru e Bolívia também registraram aumento no cultivo -- 4% e 5%, respectivamente. A colheita, no entanto, não rendeu o esperado e a produção dos três países subiu apenas 1%, somando 992 toneladas da droga.

Outro dado assustador é o tamanho do mercado consumidor de maconha e haxixe, o maior entre as drogas. O UNODC estima que cerca de 166 milhões de pessoas usaram esses tipo de droga em 2006 - 3,9% da população mundial adulta. A Oceania lidera com 14,5% da população usuária, seguida da América do Norte (10,5%) e da África (8%). A produção foi 8% mais baixa em 2007 que em 2004, somando 41,4 toneladas, mas o Afeganistão passou a ser um grande produtor de haxixe e nos países desenvolvidos o cultivo em lugares fechados tem gerado tipos mais potentes de maconha.

Já a produção mundial de estimulantes tem permanecido ente 450 e 500 toneladas desde 2000. Cerca de 0,6% da população (24,7 milhões de pessoas) consome anfetaminas e 0,2% (9 milhões de pessoas) consomem ecstasy no mundo. Mais da metade dos usuários de anfetaminas está na Ásia.

Consumo de maconha no Brasil cresce 160% em 4 anos e é o maior da AL, diz ONU

O Brasil é o país da América Latina que registrou maior aumento no consumo de maconha até 2005, passando de 1% da população adulta em 2001 para 2,6% em 2005. Também tem o maior mercado consumidor de cocaína e no continente fica atrás apenas dos Estados Unidos. Na América do Sul, o país é líder no uso de ópio (0,5% da população) e de anfetaminas (0,7%). Já são 870 mil os usuários de cocaína, 600 mil os usuários de ópio e cerca de três milhões os usuários de maconha no Brasil.

Segundo o Relatório Mundial Sobre Drogas 2008, divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC-Brasil), o território brasileiro tem sido explorado pelo crime organizado internacional como rota para carregamentos que vêm da Colômbia, da Bolívia e do Peru e seguem para a Europa. "É provável que isso tenha aumentado a oferta de cocaína para o mercado doméstico", ressalta o documento.

A droga também parece estar mais disponível nos Estados do Sul e do Sudeste do país -- áreas mais afetadas pelo tráfico com os vizinhos -- que têm respectivamente 3,1% e 3,7% da população usuária de cocaína. No Nordeste, a porcentagem cai para 1,2% e no Norte para 1,3%.

O aumento de quase 160% no consumo de maconha também está relacionado à disponibilidade dos derivados de cannabis (maconha e haxixe) vindos do Paraguai, maior produtor na América Latina (5,9 mil toneladas). No Brasil, a produção é em menor escala, para uso doméstico somente.

O documento ressalta ainda que o consumo de anfetaminas não deve ser negligenciado. Estimativas do UNODC indicam que uso da droga está diminuindo lentamente no mundo, mas nas Américas ele aumentou. Em 2006, Argentina, Brasil e Estados Unidos lideraram o consumo de estimulantes, com 17, 12 e 10 doses diárias para cada mil habitantes, sendo que no Brasil, o consumo de anfetaminas se equipara ao consumo de cocaína.

No Brasil, muitas das substâncias dos grupos dos estimulantes podem ser compradas licitamente de forma controlada. Elas são usadas como inibidores de apetite, os famosos remédios para emagrecer.

Fonte: UOL notícias
 


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