Cardeal José Saraiva Martins: O sofrimento e o santo Rosário


Adicionado ao  www.rainhamaria.com.br  em 25.09.2010

No final do corrente ano de 2003, que o Santo Padre dedicou à recitação Rosário, tão caro a Maria, não podemos deixar de recordar que o Rosário constitui o instrumento indefectível de quem quer aprender “o sentido do sofrimento salvífico” [11] Em Oristano, no dia 18 de Outubro de 1985, o Papa afirmava:
“Exorto-vos profundamente, doentes... a rezar todos os dias a Nossa Senhora com o santo Rosário. Dado que a saúde é um bem que faz parte do projecto primitivo da criação, recitar o Rosário pelos doentes, a fim de que possam ser curados ou pelo menos obter alívio para os seus males, é obra singularmente humana e cristã... E quando a enfermidade perdura e o sofrimento persiste, o Rosário recorda-nos também que a redenção da humanidade tem lugar por meio da cruz... Vale mais o sofrimento silencioso e escondido de um enfermo, do que muitos debates e contestações... Esta é também a mensagem que Nossa Senhora deixou aos pequenos videntes: o sofrimento e o Rosário pela Igreja e pelos pecadores”. [12] Os simples, até mesmo as crianças, [13] nas pessoas dos Beatos Francisco e Jacinta Marto, [14] forma convidados “a oferecer as terríveis dores que os afligia no espírito de penitência pela conversão dos pecadores.” [15]
Através do Rosário, o cristão coloca-se na escola de Maria, a grande Mestra na cátedra da cruz: “... A Virgem das Dores, em pé ao lado da cruz, fala-nos do significado do sofrimento no plano divino da redenção. Ela foi a primeira que soube e quis participar no mistério salvífico, “associando-se com ânimo materno ao sacrifício de Cristo, amorosamente consciente à imolação da vítima que Ela gerou”. [16] Intimamente enriquecida por esta experiência inefável, Ela aproxima-se de quem sofre, toma-o pela mão, convida-o a subir com Ela o Calvário e a deter-se diante do Crucificado...” [17]
Por conseguinte, o Rosário, o sofrimento e a inocência tornam-se termos constantemente solidários nas biografias dos apaixonados de Deus e nas atenções pastorais do Papa João Paulo II. O próprio São Pio de Pietrelcina – que o Santo Padre pessoalmente desejou canonizar no dia 16 de Junho de 2002 – amou em profundidade o Rosário, tão caro a Maria. A um jornalista de “Irmã Rádio” – uma famosa transmissão radiofônica de há algum tempo – ele prometeu recitar todos os dias um terço do santo Rosário por todos os enfermos do mundo. Em continuidade com a mensagem de Fátima, São Pio ofereceu-se inteiramente ao Senhor e tudo aquilo que ele possuía pela salvação de numerosos pecadores, vivendo em plenitude uma missão que parece conter muitos elementos de contacto com as aparições aos três pastorinhos portugueses.


Notas:

11) João Paulo II, Rosarium Virginis Mariae, 25.

12) João Paulo II, O Evangelho do Sofrimento (sob os cuidados de L. Sapienza), Roma 1983, pp. 136-137.

13) Nas vicissitudes da morte prematura da Serva de Deus Maria Pilar Cimadevilla y López-Dória, falecida com apenas dez anos de vida – e recentemente debatida durante um Congresso teológico junto da sede da Congregação para as Causas dos Santos – é possível vislumbrar a mesma união: “rosário, sofrimento e inocência” (cf. Congregatio de Causis Santctorum, Matriten. Beatificationis et Canonizationis Servae Dei Marie a Columna Cimadevilla et Lóperz-Dóriga, Relatio et Vota Congressus Peculiaris Super Virtutibus die 28 octobris na. 2003 habit, Roma 2003, pág. 66).

14) De absoluta relevância são as palavras do Santo Padre, proferidas por ocasião do 80º aniversário das aparições da Virgem Santa em Fátima, quando teve modo de frisar que as aparições marianas de 1917 representam um dos sinais dos tempos, capazes de expressar “um renovado e intenso sentido de solidariedade e de interdependência recíproca no Corpo Místico de Jesus Cristo, que se vai consolidando junto dos baptizados” (cf. Síntese do discurso pontifício mencionada em: Antônio dos Santos, “Fátima e a modernidade: Profecia ed Escatologia”, em Veritas in Caritates. Colectânea de estudos em honra do Cardeal José Saraiva Martins, Cidade do Vaticano 2003, pág. 98).

15) Saraiva Martins, Card. José, “Conclusão da Assembléia sobre “Eucaristia, Santidade e Santificação”, em: Congregação para as Causas dos Santos, Cidade do Vaticano 2000, pág. 364.

16) Concílio Ecumênico Vaticano II, Lumen gentium, 58.

17) Cf. Síntese do discurso pontifício mencionada em: Greco, A. Sofferenza ed evangelizzazione nel Magistero di Giobanni Paolo II, Tarento 1998, pp. 34-35.

L’Osservatore Romano, n. 4, 24 de Janeiro de 2004, pp. 12-13.

Enviado por Alex Borges
 


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