Num livro-entrevista, o papa Bergoglio reduz o adultério e a fornicação a pecados menores”, anuncia uma “batalha contra a moral sexual via Amoris Laetitia, tolera uniões civis para homossexuais e diz que o estado secular é uma coisa saudável


30.09.2017 -

Por Christopher A. Ferrara

Num livro-entrevista de 450 páginas, o Papa Bergoglio reduz o adultério e a fornicação a “pecados menores”, anuncia uma “batalha” contra a moral sexual via Amoris Laetitia, tolera “uniões civis” para homossexuais, declara todas as guerras injustas e diz que o estado secular é uma coisa saudável.

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Se houvesse alguma dúvida de que o tumultuoso reinado do Papa Bergoglio é uma ameaça inigualável, mesmo apocalíptica, à integridade da Fé, essa dúvida não pode sobreviver à publicação de “Papa Francisco: Encontros com Dominique Wolton: Política e Sociedade”, um compêndio de 450 páginas de conversas privadas entre Bergoglio e Wolton, um sociólogo francês, durante uma extraordinária série de audiências privadas no Vaticano.

Como tem feito habitualmente nos últimos quatro anos e meio, nesta mega-coleção de reflexões bergoglianas, o homem da Argentina diz-nos o que pensa, em oposição ao que a Igreja constantemente ensinou com base no que Deus revelou, tendo já declarado noutra das suas infames entrevistas que tudo o que ele pensa é o Magistério: “Estou constantemente a fazer declarações, a dar homilias. Isso é magistério. Isso é o que eu penso, não o que os media dizem que eu penso. Confira; é muito claro.”

Na Política e na Sociedade encontramos estas joias do pensamento bergogliano, de acordo com os trechos publicados até o momento:

A moral não envolve preceitos de certo e errado

“Como é que nós, católicos, ensinamos moral? «Não podemos ensiná-la com preceitos como: Tu não podes fazer isso, tu tens de fazer isso, tens de, não podes, tens de, não podes.»“

“A moral é uma consequência do encontro com Jesus Cristo. É uma consequência da fé, para nós católicos. E para os outros, a moral é a consequência de um encontro com um ideal, ou com Deus, ou consigo mesmo, mas com a melhor parte de si mesmo. A moral é sempre uma consequência…”

Isto aplica-se aos 10 Mandamentos mas também às advertências evangélicas sobre as consequências eternas da não obediência aos preceitos morais, inclusive aqueles relativos ao adultério, à fornicação e à sodomia, bem como a todas as catequeses da Igreja em questões morais. Bergoglio pensa o contrário e o Magistério é o que ele pensa!

A afirmação de que “a moral é uma consequência” e não um preceito é o obscurantismo modernista clássico. O próprio Deus enunciou expressamente preceitos morais específicos que compelem todos os homens a fazer o bem e abster-se do mal: “Quem recebe os meus mandamentos e os observa esse é que me tem amor (Jn 14:21).”

Os pecados da carne são “menores”:

“Os pecados mais pequenos são os pecados da carne… Os pecados mais perigosos são os da mente…”

“Mas os outros pecados são os mais sérios: ódio, inveja, orgulho, vaidade, matar outro, tira uma vida… esses não são realmente muito falados”.

Ou seja, de acordo com o Papa Bergoglio, invejar a riqueza de um vizinho é pior do que cometer adultério com a esposa de um vizinho. Mesmo que, segundo a advertência de Nosso Senhor e o ensinamento constante da Igreja, os pecados da carne possam ser cometidos precisamente como “pecados da mente”, por meio de pensamentos impuros.

Condenar a imoralidade sexual é “mediocridade”:

“Existe um grande perigo para os pregadores, o de cair na mediocridade. Condenam apenas a moral – perdoe-me a expressão – “abaixo da cintura”. Mas ninguém fala dos outros pecados como ódio, inveja, orgulho, vaidade, matar outro, tirar a vida. Entrar na máfia, fazer acordos ilegais… «Tu és um bom católico? Então passa-me a conta.»”

Um argumento típico dos espantalhos bergoglianos. Nenhum confessor condena “apenas” os pecados sexuais ignorando assassinatos e outros pecados graves. Não obstante, o contrário é quase verdade: os pecados sexuais são amplamente minimizados e desculpados no confessionário – tal como Bergoglio os minimiza e os desculpa – enquanto as ofensas incipientes contra a “justiça social” são condenadas eterna e ostensivamente pelos sacerdotes e prelados modernos rendidos à revolução sexual.

Como Nossa Senhora de Fátima advertiu os videntes de Fátima, mais almas são condenadas por causa dos pecados da carne do que por qualquer outro. Mas de acordo com Bergoglio, “fazer acordos ilegais” é pior do que o adultério e a fornicação.

As regras morais não são proibições uniformes como pensavam os fariseus:

“A tentação é sempre a uniformidade das regras… tome por exemplo a exortação apostólica Amoris Laetitia. Quando falo de famílias em dificuldade, digo: «Devemos acolher, acompanhar, discernir, integrar…» e então todos verão portas abertas. O que realmente está a acontecer é que as pessoas ouvem outros dizer: «Eles não podem receber comunhão», «Eles não podem fazê-lo:» Aí está a tentação da Igreja. Mas «não», «não», «não!» Este tipo de proibição é o mesmo que encontramos com Jesus e os fariseus…”.

A linguagem é tão infantil quanto demagógica: isso significa que a velha Igreja é sempre tentada a dizer não, não, não! Boo! Hiss! Assim como aqueles fariseus que Bergoglio parece nunca ter notado que toleravam o divórcio e que Senhor os condenava pela institucionalização do adultério. Mas Bergoglio conhece o significado da misericórdia, o qual inclui a Sagrada Comunhão para adúlteros públicos. Ele vencerá a “tentação” da Igreja de dizer não, não, não ao comportamento imoral. Hooray para Bergoglio!

Que afronta é este Papa altivo, vulgar e insultuoso à memória dos grandes pontífices romanos que defenderam as verdades da Fé perante um mundo hostil, colocando risco as suas próprias vidas. A manutenção da sua reputação de humildade representa uma das mais bem-sucedidas fantasias das relações públicas na história moderna, apenas possível graças à cooperação global do “Complexo Industrial das Notícias Falsas”.

Sacerdotes e jovens que insistem em preceitos morais uniformes sem exceções estão doentes:

“Sacerdotes rígidos, que têm medo de comunicar. É uma forma de fundamentalismo. Sempre que encontro uma pessoa rígida, particularmente se for jovem, eu digo para mim próprio que está doente “.

O que quer dizer Bergoglio com uma “pessoa rígida”? É claro, ele deixou isso bem definido com a sua corrente interminável de mesquinhos insultos: um católico perseverante que entende que os preceitos negativos da lei natural não admitem exceções.

Observe-se o repúdio particularmente pelos jovens “rígidos” que ameaçam a visão megalomaníaca bergogliana de uma Igreja “transformada”. Esses jovens insolentes – não “ouvindo os jovens” neste caso! – fazem temer uma restauração da ortodoxia e da ortopraxis após o desaparecimento de Bergoglio. Eles têm de ser marginalizados agora, declarados dementes, à boa maneira da propaganda soviética.

Com a Amoris Laetitia, Francisco está a travar uma batalha contra a rigidez moral do “não, não, não”:

“Essa mentalidade fechada e fundamentalista como a que Jesus enfrentou é “a batalha que eu hoje travo com a exortação“.

Ora aí está, como se nós ainda não soubéssemos: Francisco está a travar a guerra do ensinamento constante da Igreja sobre o adultério e outras violações do Sexto Mandamento que ele considera simples pecadilhos, em comparação com pecados como “fazer acordos ilegais”.

As “uniões civis” para homossexuais são aceitáveis:

“O «casamento» é uma palavra histórica. Na humanidade e não apenas  Igreja, é sempre entre um homem e uma mulher… não podemos mudar isso. Esta é a natureza das coisas. É assim que elas são. Vamos chamar-lhes “união civil”.

Quem pensa que Bergoglio defendeu aqui o casamento tradicional acreditará em qualquer coisa. Este comentário deliciou a fábrica de propaganda pró-homossexual pseudo-católica New Ways Ministry, condenada pela Congregação para a Doutrina da Fé em 1999. Conforme exultou a sua página web:

No entanto, o que há aqui de novo é o seu apoio às uniões civis para casais do mesmo sexo…. O Papa Francisco nunca, como pontífice, declarou o seu apoio às uniões civis com tanta força. (Ele apoiou as uniões ​​como um compromisso na sua oposição à igualdade matrimonial quando era arcebispo na Argentina. Como pontífice, ele fez uma declaração ambígua sobre as uniões civis, o que inspirou mais perguntas do que a certeza sobre sua posição.) Esta nova declaração de apoio é um gigantesco passo em frente “.

Não há como negar a realidade: Bergoglio abriu as comportas ao “casamento gay”, rotulado de “união civil”, ao qual a Igreja, seguindo o seu exemplo, deixará de se opor enquanto ele for Papa. Isto apesar do ensinamento contrário, tanto de João Paulo II quanto de Bento XVI, sobre o dever de todos os católicos de se oporem e recusarem a implementar qualquer forma de reconhecimento legal de “uniões homossexuais” porque “o Estado não pode legalizar tais uniões sem faltar ao seu dever de promover e tutelar uma instituição essencial ao bem comum, como é o matrimónio”.

Nenhuma guerra é justa:

“Não gosto de usar o termo «guerra justa». Ouvimos as pessoas dizer: «Eu faço a guerra porque não tenho outros meios para me defender.» Mas nenhuma guerra é justa. A única coisa justa é a paz. “

Como tem sido claro até agora, qualquer que seja o ensinamento da Igreja que Francisco não goste, ele simplesmente lança-o borda fora. Afinal, como ele nos assegurou, o Magistério é o que ele pensa. Isto apesar do ensinamento contrário de Santo Agostinho, dos padres e doutores da Igreja, de São Tomás de Aquino, do Magistério de 2000 anos e até mesmo do Catecismo de João Paulo II (§§ 2307-2317), que afirma a bimilenar doutrina da Guerra Justa da Igreja.

Observe-se que Bergoglio, contrariamente ao ensino bimilenar da Igreja de acordo com a verdade revelada das Escrituras, declarou que a imposição da pena capital é um “pecado mortal” que deve ser universalmente abolido e pediu, até mesmo, a abolição das sentenças vitalícias por serem uma “pena de morte escondida“. Ele nunca exigiu a abolição do aborto, mesmo que, nesta entrevista, ele admita que é o assassinato de inocentes, contrariamente ao que se passa com os criminosos condenados.

O estado secular é uma coisa boa:

“O estado laico é uma coisa saudável. Há um laicismo saudável. Jesus disse: Devemos dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus “.

Que César deva também dar a Deus as coisas que são de Deus parece não ter ocorrido a Bergoglio. Dado que o ensinamento tradicional da Igreja sobre o Reinado Social de Cristo não é decididamente o que Bergoglio pensa, ele excluiu-o do seu falso “magistério” de entrevistas e conferências de imprensa aeronáuticas. No entanto, permite que:

“em certos países como a França, esse laicismo carrega demais o legado da iluminação, o que cria a crença comum onde as religiões são consideradas uma subcultura. Eu acredito que a França – esta é a minha opinião pessoal, e não a oficial da Igreja – deveria «elevar» um pouco o nível do laicismo, no sentido de que deve dizer que as religiões também fazem parte da cultura. Como expressar isso em termos laicos? Através de uma abertura à transcendência. Todos podem encontrar sua forma de abertura”.

Note-se que, apenas quando expressa uma crítica suave ao estado secular, Bergoglio tem de frisar que esta é apenas a sua opinião e não o ensinamento da Igreja – evidentemente sob o pressuposto de que o ensino oficial da Igreja aceita o estado secular sem a menor reserva! Quanto à “abertura à transcendência”, esta significa meramente que o estado secular deve admitir que todas e quaisquer religiões, independentemente do que ensinam, são “parte da cultura”.

Como os leitores certamente se questionam: o que é que um católico tem a ver com o infinito delírio deste homem, que admite, na mesma entrevista, que nos seus quarentas se submeteu a psicanálise “com uma psicanalista judia. Durante meses, fui a casa dela uma vez por semana para esclarecer algumas coisas”?

Em primeiro lugar, obviamente, devemos manter a Fé apesar dos implacáveis ​​ataques que Bergoglio lança sobre ela.

Em segundo lugar, nunca devemos aceitar, por um momento que seja, através do nosso silêncio, o falso ensinamento do homem, mas sim, de acordo com a nossa condição, expô-lo e condená-lo a cada oportunidade, como soldados de Cristo e membros da Igreja militante, para que ninguém – especialmente entre a nossa família e amigos – sejam embalados a aceitar os erros de Bergoglio. Ele deve ser confrontado, dia após dia, pelos católicos ortodoxos que ele despreza tão claramente e procura ostracizar através da sua demagogia barata, até ao ponto de ajudar efetivamente o estado secular que ele considera absurdamente “saudável” na, cada vez mais intensa, caça às bruxas do “discurso de ódio” e dos “grupos de ódio”.

Em terceiro lugar, devemos considerar a possibilidade real de, com este Papa, termos entrado em território inexplorado na história do papado: a Cadeira de Pedro é ocupada por um homem que parece ter sido validamente eleito para o Papado, é universalmente reconhecido como um sucessor de Pedro e, de fato, é uma espécie de Antipapa nas suas palavras e atos. Pior ainda, nem mesmo os antipapas de facto, do passado, proferiram as falsidades e disparates que fluem de Bergoglio como um rio da sua nascente.

Este espantoso espetáculo deve encher-nos de pavor pela ameaça que representa para a Igreja, para os nossos filhos, para inúmeras outras almas e para o mundo em geral. Isto deve impelir-nos a rezar pela libertação da Igreja deste pontificado, mas também a rezar pelo próprio Francisco, apesar da legítima indignação que ele ocasiona e da reação emocional que sentimos com as suas excentricidades. Não deve ser, contudo, um momento para um alegre regozijo ao modo dos comentaristas sedevacantistas, que se deleitam com o que veem como se fosse a última confirmação da sua tese de que não tivemos Papa legítimo desde Pio XII.

O que agora estamos a testemunhar é algo mais do que mero sedevacantismo. O que é exatamente, apenas a história o dirá. Mas é certamente algo que a Igreja nunca viu antes. Sabendo isso, estaríamos adequadamente avisados sobre aquilo que pareceria, neste momento, ser uma dramática resolução celestial para o absolutamente inédito desastre bergogliano.

A edição original deste texto foi publicada no The Remnant Newspaper no dia 6 de setembro de 2017. Tradução: odogmadafe.wordpress.com

Fonte: odogmadafe.wordpress.com

 

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