Seca no Lago de Furnas, em MG, revela cidade submersa em 1963


02.10.2014 - A estiagem prolongada que atinge o Sul de Minas desde 2012 trouxe prejuízos, poeira, ar seco, longas áreas de vegetação onde havia água. Mas do fundo do lago, trouxe também parte da história de uma região que viu sua paisagem mudar em 1963. Para trazer o progresso, a construção do reservatório de Furnas 'enterrou' terras, fazendas, casas e até uma cidade. Enterrou histórias.

Com a estiagem, essas histórias vêm à tona com a antiga torre da igreja de Guapé (MG) que surgiu do fundo da água. Pontes e antigas terras ‘voltam à vida’ (e até ao uso) em Três Pontas. Andar pelo cenário da seca, que ‘assombra’ os moradores da região há cerca de dois anos, é visitar o passado do Sul de Minas.

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São Francisco marca local onde antiga Igreja Matriz de Guapé ficava.

Ao adentrarmos na pequena cidade de Guapé, no Sul de Minas, alguma coisa soa estranha no ar. As largas ruas são incompatíveis com as estreitas vias de cidades sul mineiras com cerca de 100 anos, como Guapé. A Igreja Matriz, no Centro da cidade, foi elevada de um projeto moderno, e em volta da praça principal não há nem sombra de casarões antigos típicos da configuração da maioria das pequenas e antigas cidades da região. Estamos na nova Guapé, aquela construída após o reservatório de Furnas tomar dois terços da antiga. As ruas, lotes, a nova praça e igreja foram planejadas pela equipe de Furnas que evacuou a cidade que seria alagada.

Na margem da nova Guapé, um antigo bangalô marca o lugar onde as águas não alcançaram na cidade. A casa, uma das únicas não alagadas, se tornou um símbolo de resistência do antigo município e se mantém em pé com sua fachada para a nova cidade e a lateral para o Lago de Furnas. Do bangalô é possível avistar as ruínas da antiga igreja descobertas pela seca desde 2012.

Uma imagem de São Francisco de Assis, padroeiro da cidade, marca onde a Igreja Matriz de 1963 ficava. A seus pés, repousam as ruínas da antiga torre. O santo, com seus olhos virados para a nova Guapé, parece nos dizer que, enfim, Guapé flutuou, e não se

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Ruínas de antiga Igreja Matriz de Guapé, MG, aparecem com estiagem no Lago de Furnas.

No Pontalete, distrito de Três Pontas (MG), também não se acreditava que as águas tomariam as terras várzeas da região. O morador José Francisco Martins, ou apenas seu Deca, tem 77 anos e se define como o “véio mais véio” do pequeno distrito. Por seus olhos passaram o desenvolvimento da pequena vila de pescadores em uma das muitas áreas de investimento no entorno do lago. Restaurantes vendem pratos com os peixes de água doce típicos da região. No bar dele, a placa anuncia: O Rei do Lambari.

“Quando Furnas disse que ia alagar, ninguém acreditou. Só acreditaram quando um grande fazendeiro, ‘um rico demais da conta’, vendeu a fazenda que tinha em Ilicínea (MG) [uma das cidades que teve terras alagadas por Furnas]. Quando o fazendeiro vendeu as do Pontalete também, o povo acreditou. Isso foi em 1958. Muitas casas foram alagadas, só deu pra tirar o telhado e as madeiras [pra reaproveitar]”, conta seu Deca.

A estiagem fez surgir desde 2012 no Pontalete uma das antigas pontes que ligavam as margens de terra sobre o rio.

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O distrito fica na confluência dos rios Verde e Sapucaí, hoje reunidos no local pelo reservatório de Furnas. Seu Deca lembra tanto da construção como do fim da ponte, e brinca com a coincidência dos opostos.  “Ela foi construída em 1953 quando Juscelino Kubitscheck ainda era governador de Minas e foi alagada em 1963 pelo presidente JK.  Ele construiu e depois enterrou (risos).”

Com o aniversário de morte do venerável Padre Victor sendo celebrado em Três Pontas, no final de setembro, foi possível ver que a antiga travessia retomou seu uso. Um grupo de romeiros puxava os cavalos para caminharem no lago baixo até a ponte, que serve de travessia para todos chegarem até a outra margem do lago. Em tempos do nível do reservatório normal, o trajeto só seria possível de balsa, que jaz enterrada logo à frente na terra seca do distrito.

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“Em 2002, a água baixou e foi até o rio”, conta seu Deca, lembrando da estiagem acontecida há cerca de 10 anos, mas pra ele, seca pior que a deste ano não teve. “Em 2011 ficou do mesmo jeitinho [a paisagem], mas não deu essa seca braba que nós estamos passando agora não, em 2014.

Porque passou o ano inteiro e não choveu ‘né’. A chuva forte que dá é janeiro, fevereiro e março, que tem a enchente da goiaba e a enchente do anga, agora esse ano não teve enchente nenhuma porque não choveu. De vez em quando dá uma chuvinha, mas a seca continua.”

Desde que a estiagem atinge a região, seu Deca viu o movimento do seu bar cair cerca de 70%. Na calmaria do pequeno distrito, ele passa os dias esperando que a água do céu eleve novamente o ‘Mar de Minas’ que hoje não vive sem.

Fonte: G1

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Nota de www.rainhamaria.com.br

Por Dilson Kutscher

A maior seca acontece no coração dos homens e reflete nas fontes de água da Terra.

 

Diz na Sagrada Escritura:

"Muito tempo guardei o silêncio, permaneci mudo e me contive. Mas agora grito, como mulher nas dores do parto; minha respiração se precipita.
Vou devastar montanhas e colinas, secar toda a vegetação, transformar os cursos de água em terras áridas, e fazer secar os tanques". (Isaias 42)

"O quarto derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens com o fogo.  E os homens foram queimados por grande calor, e amaldiçoaram o nome de Deus, que pode desencadear esses flagelos; e não quiseram arrepender-se e dar-lhe glória". (Apocalipse 16, 8 -9)

"Quando abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro animal clamar: Vem! E vi aparecer um cavalo preto. Seu cavaleiro tinha uma balança na mão. Ouvi então como que uma voz clamar no meio dos quatro Animais: Uma medida de trigo por um denário, e três medidas de cevada por um denário; mas não danifiques o azeite e o vinho!" (Apocalipse 6, 5-6)

"Estava grávida e gritava de dores, sentindo as angústias de dar à luz". (Apocalipse 12, 2)

 

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