Não compreendo como homens da Igreja contemporâneos, inclusive dos mais cultos, doutores ou ilustres, mitisfiquem a figura de Lutero, o herege, no empenho de favorecer uma aproximação ecumênica


22.10.2016 - Hora desta Atualização - 12h20

n/d

Por Plinio Corrêa de Oliveira

Não compreendo como homens da Igreja contemporâneos, inclusive dos mais cultos, doutos ou ilustres, mistifiquem a figura de Lutero, o herege, no empenho de favorecer uma aproximação ecumênica, de imediato com o protestantismo, e indiretamente com todas as religiões, escolas filosóficas, etc. Não discernem eles o perigo que a todos nos espreita, no fim deste caminho, ou seja, a formação, em escala mundial, de um sinistro supermercado de religiões, filosofias e sistemas de todas as ordens, em que a verdade e o erro se apresentarão fracionados, misturados e postos em balbúrdia? Ausente do mundo só estaria – se até lá se pudesse chegar – a verdade total; isto é, a fé católica apostólica romana, sem nódoa nem jaça.

n/d

Sobre Lutero – a quem caberia, sob certo aspecto, o papel de ponto de partida nessa caminhada para a balbúrdia total – publico hoje mais alguns tópicos que bem mostram o odor que sua figura revoltada espargiria nesse supermercado, ou melhor, nesse necrotério de religiões, de filosofias, e do próprio pensamento humano.

Segundo em anterior artigo prometi, tiro-os da magnífica obra do padre Leonel Franca S. J., “A Igreja, a Reforma e a Civilização” (Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 3ª ed., 1934, 558 pp.).

Elemento absolutamente característico do ensinamento de Lutero é a doutrina da justificação independente das obras. Em termos mais chãos, que os méritos superabundantes de Nosso Senhor Jesus Cristo só por si asseguram ao homem a salvação eterna. De sorte que se pode levar nesta terra uma vida de pecado, sem remorsos de consciência, nem temor da justiça de Deus.

A voz da consciência era, para ele, não a da graça, mas a do demônio!

Por isso escreveu a um amigo que o homem vexado pelo demônio, de quando em quando “deve beber com mais abundância, jogar, divertir-se e mesmo fazer algum pecado em ódio e acinte ao diabo, para lhe não darmos azo de perturbar a consciência com ninharias (…) Todo o decálogo se nos deve apagar dos olhos e da alma, a nós tão perseguidos e molestados pelo diabo” (M. Luther, “Briefe, Sends breiben und Bedenken”, e. De Wette, Berlim, 1825-1828 – cfr. op. cit., pp. 199-200).

Neste sentido, escreveu ele também: “Deus só te obriga a crer e a confessar. Em todas as outras coisas te deixa livre e senhor de fazeres o que quiseres, sem perigo algum de consciência; antes é certo que, de si, Ele não se importa, ainda mesmo se deixasses tua mulher, fugisses do teu senhor e não fosses fiel a vínculo algum. E que se lhe dá (a Deus), se fazes ou deixas de fazer semelhantes coisas?” (“Werke”, ed. de Weimar, 12, pp. 131 ss. – cfr. op. cit., p. 446).

Talvez ainda mais taxativo é este incitamento ao pecado, em carta a Melanchton, de 1º de agosto de 1521: “Sê pecador, e peca a valer (esto peccator et pecca fortiter), mas com mais firmeza ainda crê e alegra-te em Cristo, vencedor do pecado, da morte e do mundo. Durante a vida presente devemos pecar. Basta que pela misericórdia de Deus conheçamos o Cordeiro que tira os pecados do mundo. Dele não nos há de separar o pecado, ainda que cometêssemos por dia mil homicídios e mil adultérios” (Briefe, Sendschreiben und Bedenken”, ed. De Wette, 2, p. 37 – cfr. op. cit. p. 439).

n/d

Tão descabelada é esta doutrina, que o próprio Lutero a duras custas nela conseguia acreditar: “Nenhuma religião há, em toda a terra, que ensine esta doutrina da justificação; eu mesmo, ainda que a ensine publicamente, com grande dificuldade a creio em particular” (Werke”, ed. de Weimar, 25, p. 330 – cfr. op. cit., p. 158).

Mas os efeitos devastadores da pregação assim confessadamente insincera de Lutero, ele mesmo os reconhecia: “O Evangelho hoje em dia encontra aderentes que se persuadem não ser ele senão uma doutrina que serve para encher o ventre e dar larga a todos os caprichos” (“Wekw”, ed. de Weimar, 33, p. 2 – cfr. po. cit., p. 212).

E Lutero acrescentava, acerca de seus sequazes evangélicos, que “são sete vezes piores que outrora. Depois da pregação da nossa doutrina, os homens entregaram-se ao roubo, à mentira, à impostura, à crápula, à embriaguez e a toda espécie de vícios. Expulsamos um demônio (o papado) e vieram sete piores” (“Werke”, ed. de Weimar, 28, p. 763 – cfr. op. cit., p. 440).

“Depois que compreendemos não serem as boas obras necessárias para a justificação, ficamos muito mais remissos e frios na prática do bem (…) E se hoje se pudesse voltar ao antigo estado de coisas, se de novo revivesse a doutrina que afirma a necessidade do bem fazer para ser santo, outra seria a nossa alacridade e prontidão no exercício do bem”(“Werke”, ed. de Weimar, 27, p. 443 – cfr. op. cit., p. 441).

Todas essas insânias explicam que Lutero chegasse ao frenesi do orgulho satânico, dizendo de si mesmo: “Este Lutero não vos parece um homem extravagante? Quanto a mim, penso que ele é Deus. Senão, como teriam os seus escritos e o seu nome a potência de transformar mendigos em senhores, asnos em doutores, falsários em santos, lodo em pérolas!” (Ed. Wittemberg, 1551, t. 4, p. 378 – cfr. op. cit., p. 190).

Em outros momentos, a opinião que Lutero tinha de si mesmo era muito mais objetiva: “Sou um homem exposto e implicado na sociedade, na crápula, nos movimentos carnais, na negligência e em outras moléstias, a que se vêm ajuntar as do meu próprio ofício” (“Briefe, Sendschreiben und Bedenken”, ed. De Wette, 1, p. 232 – cfr. op. cit., p. 198). Excomungado em Worms em 1521, Lutero entregou-se ao ócio e à moleza. E a 13 de julho escreveu a outro prócer protestante, Melanchton: “Eu aqui me acho, insensato e endurecido, estabelecido no ócio, oh dor!, rezando pouco, e deixando de gemer pela Igreja de Deus, porque nas minhas carnes indômitas ardo em grandes labaredas. Em suma, eu que devo ter o fervor do espírito, tenho o fervor da carne, da libidinagem, da preguiça, do ócio e da sonolência”(Briefe, Sendscheiben und Bedenken”, ed. De Wette, 2, p. 22 – cfr. op. cit. p. 198).

Num sermão pregado em 1532: “quanto a mim confesso – e muitos outros poderiam sem dúvida fazer igual confissão – que sou desleixado assim na disciplina como no zelo, sou muito mais negligente agora que sob o papado; ninguém tem agora pelo Evangelho o ardor que se via outrora” (“Saemtliche Werke”, ed. de Plochman-Irmischer, 28 (2), p. 353 – cfr. op. cit. p. 441).

* * *

O que de comum se pode encontrar, pois, entre esta moral, e a da Santa Igreja Católica Apostólica Romana?

Fonte: http://ipco.org.br

============================

Nota de www.rainhamaria.com.br

O católico Plinio Corrêa de Oliveira (1908-1995) foi um advogado e professor universitário paulistano qualificado por um grande intelectual italiano como “O Cruzado do Século XX”. Dirigiu o Legionário, órgão oficioso da Arquidiocese de S. Paulo e o maior semanário católico do Brasil naquele tempo. Em 1960, fundou a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP. Nela e com ela atuou até seu falecimento em 1995. Sua obra continua e cresce a cada dia! É a obra de todos os que lutam, sob a proteção da Santíssima Virgem, em prol da preservação dos princípios perenes da Civilização Cristã em nossa Pátria e no mundo.

 

Veja também...

Mas a que Igreja, afinal, pertence o papa Francisco? Lutero não seria um herege, mas um reformador injustamente perseguido, e que a Igreja deve recuperar os dons da reforma protestante. É isto papa Francisco?

Artigo do jornalista católico Antonio Socci: No dia da Senhora de Fátima (esquecida), Bergoglio fez com que entrasse triunfalmente no Vaticano a estátua de Lutero, o mais famoso herege, como se fosse um santo

Padre Marcelo Tenório: A estátua de Lutero dentro do Vaticano e ao lado do próprio papa. Um grande escândalo e exige das almas fieis um ato de reparação. Lutero foi um herege, maldito e desobediente

Padre Juan Manuel Rodriguez: Não quero que Lutero entre no Vaticano. Fora do Calvário só se encontra escuridão, a mesma em que viveu e morreu o ímpio Lutero

Homilia do Padre Dornelles: Francisco quer nivelar as falsas religiões ao mesmo nivel da Única Verdadeira Religião, a Católica. Francisco através da sua contra igreja é aliado do demônio junto com seu anticristo

Homilia do Padre Dornelles: Advirto os fiéis e os Sacerdotes, se seguirdes prestando obediência a esta contra igreja, a Bergolio o antipapa, eles vos levarão aos pés do anticristo

 


Rainha Maria - Todos os direitos reservados
É autorizada a divulgação de matérias desde que seja informada a fonte.
https://www.rainhamaria.com.br

PluGzOne