Artigo do Padre José do Vale: DEUS, o Grande Esquecido


24.06.2013 - “A história demonstra que, quando o homem arranca Deus de sua consciência, também arrancam do coração as fibras do bem que o ajudam a não cometer monstruosidades. Perdendo Deus, o homem perde também a humanidade”.  Cardeal Angelo Amato  = Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos.

Ao receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1970, Alexander Soljenítsin, famoso historiador e escritor russo, pronunciou essas palavras: “consagrei-me durante 50 anos ao estudo. Li centenas de livros, reuni muitos testemunhos pessoais, publiquei oito obras. Hoje se tivesse de resumir o mais brevemente possível a verdadeira causa de nosso problema, só teria uma explicação: o homem se esqueceu de Deus... E se me pedissem que dissesse claramente qual a maior ameaça, ainda assim não acharia outra coisa a dizer, senão que o homem se esqueceu de Deus”.

Os jornalistas não deram muita atenção a este chamado para voltarmos a Deus... Contudo, reconheçamos que a conclusão do escritor é oportuna. A Sagrada Escritura apresenta a história da humanidade, que optou por viver sem Deus, como um drama renovado constantemente. Os progressos que o homem faz só mostram de maneira mais evidente as limitações e o abismo que o separa da satisfação plena. De fato, os progressos não beneficiam a todos, e não preenchem o vazio do coração.
A constatação de Soljenítsin nos lembra de que sempre Deus amorosamente nos convida a voltarmos para ele. Primeiro, é necessário reconhecer diante dEle que o temos desprezado. De muitas maneiras o temos desprezado. Peça perdão a Ele e volte para o Pai, que é bom e misericordioso em perdoar, “e pronto a renovar sua vida, e abundante em benignidade para todos os que te invocam” (Salmos 86,5) “Vinde, e tornemos ao Senhor” (Oséias 6,1). Só no bom Deus se encontra o verdadeiro sentido para vida.
“A tentação de pôr Deus de lado, para nos colocarmos nós mesmos no centro está sempre á espreita.” “Deus é paciente com os homens porque os ama: e quem ama compreende, espera, dá confiança, não abandona, não corta as pontes, sabe perdoar. O estilo de Deus é a paciência. Deus nunca se cansa de perdoar. Somos nós que nos cansamos de lhe pedir perdão. Voltemos ao Senhor: ele espera-nos, espera-te para te perdoar”, assim declara como pastor amoroso o Papa Francisco (L’osservatore Romano, 14/04/2013, pp.1 e 3).
O bom Deus vive em amor nas profundezas do nosso ser. O grande gênio, bispo e doutor da Igreja Santo Agostinha exclamava: “Deus me é mais íntimo que meu íntimo, mais íntimo que eu a mim mesmo”.

UM DEUS QUE FALA

“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus” (Hebreus 1, 1-2; 12,25).

  Em uma época na qual a comunicação ocupa um lugar tão essencial, é importante saber que o Deus dos cristãos é um Deus que fala, que se comunica. Criou o mundo pela sua palavra e, desde o primeiro dia de existência do homem, conversou com ele no jardim do Éden (Gênesis 1 e 2). Mas Adão não quis escutar a voz de seu Criador e, depois de transgredir, se escondeu para não ouvi-lo.
Então Deus continuou falando pelo intermédio de numerosos profetas durante muitos séculos. Porém, como a maioria permanecia surda ao seu chamado, Deus falou de maneira mais direta por meio de Jesus Cristo, seu filho, o qual veio a este mundo se fazendo humano como nós – mas sem pecado. Durante sua vida inteira, não somente através de suas palavras, mas também de seus menores gestos, Jesus foi a revelação máxima do amor de Deus para conosco.

Ainda hoje Deus nos fala de muitas maneiras, em particular por meio da Sagrada Escritura. Portanto, leia a palavra de Deus e escute sua voz. Nela perceberá que Deus lhe ama profundamente e deseja ter um relacionamento intenso com você. Reconheça que você o ofendeu e que necessita de sua graça. Creia em seu Filho Jesus Cristo, que sofreu em nosso lugar para conceder a todos nós vida e vida com abundância. Assim, você poderá se comunicar com Ele e descobrir o quanto Deus gosta de falar com seus filhos!
Nosso Senhor Jesus Cristo é a palavra de Deus (cf. Ap 19,13). Ler, escutar e viver a Palavra do Senhor é ser um verdadeiro discípulo de Cristo.
Escreve o São Tiago Apóstolo: “Sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes” (Tg 1,22).
Deus tem várias formas para falar com seus filhos, o mais íntimo é pelo doce silêncio.

POR QUE DEUS?

Porque Deus é onipotente, onisciente e onipresente, o cristão não precisa ficar agitado nem ansioso.
Porque Deus ama, enxuga a lágrima e ouve as orações, o cristão não precisa ficar desesperado.
Porque Deus perdoa, redime e salva, o cristão não precisa relembrar o passado.
Porque Deus veste a erva do campo, que hoje dá flor e amanhã desaparece, o cristão não precisa se preocupar com coisa alguma.
Porque Deus não deixou de entregar seu próprio filho, mas o ofereceu por ele, o Cristão não precisava vacilar.
Porque Deus está ao seu lado, o cristão não deve se apavorar por qualquer coisa.
Porque Deus o abençoou com “todo tipo de bênçãos espirituais do céu” (Ef 1.3), o cristão não deve ter complexo de inferioridade algum.
Porque todas as coisas juntamente contribuem para o seu bem, o cristão não precisava se sentir miserável, infeliz, pobre, cego e nu.
Porque tem o penhor do Espírito, o cristão não precisa ter dúvida de sua salvação ou medo de perdê-la.
Porque Jesus ressuscitou dentre os mortos, o cristão não deve pensar que a sua fé é inútil.
Porque olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para ele, o cristão não tem o direito de duvidar da glória vindoura. (Ultimato, maio – junho de 2013, p.26).

Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Instituto de Teologia Bento XVI
Sociólogo em Ciência da Religião
E-mail: [email protected]

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